segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Deus e a Física



Vivemos num enorme calhau gigante e instável, calhau esse que se lança em torno de um imenso forno a energia nuclear, a 11000 Km/hora. O calhau está a girar simultaneamente no seu próprio eixo, de modo que todos estamos sujeitos a velocidades de rotação de até 1600 Km/hora. O próprio calhau possui uma fina crosta de matéria sólida repousando sobre um núcleo fundido de rocha, ferro e outros metais que estão sempre em movimento e a temperaturas de até 6000°C (mais quente que a superfície do Sol).

O calhau é rodeado por uma camada de 480 Km de altura de gases, constantemente sendo aquecidos pelo forno nuclear e resfriados ao se afastarem dele. Isso faz com que os gases se movam continuamente. A evaporação de grandes massas de água significa que os gases contêm cerca de 1,8 x 10^17 litros de água.

O surpreendente é o quão tranquilo este sistema dinâmico e enfurecido nos parece a maior parte do tempo. Mas a tranquilidade é pontuada, em intervalos, por uma enorme violência. Essa violência vem na forma de inundações, furacões, terremotos, tsunamis, vulcões e muito mais. Quando esses eventos ocorrem, alguns de nós podem perecer, às vezes milhares de nós sucumbem mesmo.

Essas mortes não são determinadas por Deus, mas pela física. Não podemos parar esses eventos mantendo nossas mãos unidas e orando: não há deuses capazes de causar esses desastres e ninguém capaz de os evitar. A Terra mata cristãos, muçulmanos, judeus, hindus e ateus com igual indiferença.

O que podemos fazer é aprender a prever quando esses horrores irão ocorrer e encontrar uma maneira de escapar deles. Com a ajuda de supercomputadores, já somos muito bons em prever o curso dos furacões e, muitas vezes, podemos dar um aviso antecipado de tsunamis. Mas há muito mais a aprender.

Enquanto vivermos neste planeta, estaremos à sua mercê. O melhor que podemos fazer é aprender o suficiente para nos mantermos seguros. Estamos por nossa conta. É muito melhor aceitar isso e trabalhar no problema do que imaginar que temos um amigo invisível que pode magicamente nos manter seguros.

O histórico deste calhau fala por si.

Texto de Bill Flavell

Sem comentários:

Enviar um comentário