domingo, 7 de outubro de 2018

O buraco em forma de deus



Alguns religiosos consolam-se com a ideia de que todos os seres humanos têm um "buraco em forma de deus" no seu coração / alma / vida / cérebro.

A ideia é que deus criou-nos e projectou-nos com um buraco em forma de deus, na esperança de que sentiríamos a necessidade dele nas nossas vidas e o buscaríamos.

Essa ideia remonta pelo menos a Pascal, mas foi alimentada recentemente pela disciplina da neuroteologia. Esta é uma disciplina científica relativamente nova, que estuda o que realmente está a acontecer no cérebro durante as experiências religiosas. Com certeza, a neuroteologia descobre que nossos cérebros são capazes de experiências numinosas, sejamos nós religiosos ou não. Quer acreditemos num deus ou não.

Se olharmos para fora da neuroteologia, encontramos evidências do buraco em forma de deus da antropologia. Com certeza, onde quer que vás no mundo, encontrarás pessoas com convicções religiosas. Isso vale para as nações mais avançadas tecnologicamente e para as pequenas comunidades que vivem na selva brasileira. Na verdade, existem algumas excepções, mas é verdade que as crenças religiosas são quase omnipresentes.

Os religiosos, frequentemente, vêem esses factos como evidência de que deus existe, e que nós fomos feitos para buscar deus.

Mas será essa uma conclusão razoável?

Vamos começar com neuroteologia. É justo dizer que a neuroteologia conclui que todos nós, ou quase todos nós, somos capazes de ter experiências religiosas. Essas experiências são profundamente emocionais. Elas podem provocar mudanças na vida. As pessoas, frequentemente, descrevem sentimentos de união com o universo ou com deus - elas perdem o sentido do "eu" e sentem que se tornam parte de algo maior - talvez até algo infinito ou eterno.

Mas aqui está o interessante - há muitas maneiras de desencadear essas experiências. Meditação, campos magnéticos, drogas ou pensar num deus. Até a epilepsia pode fazê-lo. Os cristãos podem fazer isso, pensando em Jesus; Os muçulmanos podem fazer isso, pensando em Allah; Os hindus podem fazê-lo, pensando em Vishnu ou em muitos outros deuses. Isso exclui a possibilidade de que um deus, agindo de fora de ti, esteja a fazer com que tu tenhas esses sentimentos. Isso mostra que algo dentro de ti - o teu cérebro, esteja a causá-los.

Então, o buraco em forma de deus revela-se maleável. Ele pode mudar de forma: de um buraco onde Jesus se encaixa perfeitamente, para um que se ajusta confortavelmente a Vishnu, Allah ou Odin. De facto, o buraco é perfeitamente ajustável a qualquer deus em que acredites - tu até podes inventar um deus, que ele vai-se encaixar!

Será que deus fez intencionalmente este buraco que muda de forma, para se ajustar a si mesmo e a outros deuses, também? Será que ele decidiu fazê-lo de modo a se encaixar em quaisquer deuses inexistentes que os humanos possam sonhar? Ou será que estamos, simplesmente, a olhar para uma aptidão que os cérebros humanos desenvolveram por algum motivo?

É verdade, ainda não sabemos exactamente por que essa aptidão evoluiu, ou se é apenas um subproduto acidental de outras aptidões que realmente precisamos.

Mas uma coisa é evidente, o buraco em forma de deus, certamente não é indício da obra de deus, a menos que deus tenha um senso de humor verdadeiramente diabólico!


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

domingo, 30 de setembro de 2018

Como a nossa imaginação veio nos dominar




A evolução de uma imaginação sofisticada nos proto-humanos, mudou tudo. A capacidade de imaginar o que poderia acontecer nos próximos segundos ou minutos, juntava-se à capacidade de imaginar o que poderia acontecer ao longo de anos ou mesmo de décadas. Desde imagens passageiras dum futuro próximo até a capacidade de construir modelos mentais estáveis ​​dum futuro distante, e incorporar tudo o que fora aprendido anteriormente. 

Sem essa capacidade, não teríamos desenvolvido um planeamento de médio e longo prazos, soluções de problemas complexos, matemáticas e ciências. A linguagem, a arte, a poesia e a narração de histórias podem ter existido, mas teriam ficado empobrecidas ou raquíticas. A imaginação é um dos três pilares da civilização humana moderna, juntamente com inteligência abstrata e inteligência emocional.

Como sabemos, a evolução não trata de procurar a perfeição - trata-se de adaptação. É sobre a seleção de variações que melhoram o sucesso reprodutivo e, às vezes, as variações não são ao acaso, mas intencionais. Pensa na evolução bem sucedida da busca de luz pelas mariposas, que resultou em incontáveis ​​milhões de mariposas auto-imolando-se em chamas bruxuleantes.

Tal e qual como com uma imaginação sofisticada. Permitiu-nos saber que as nossas vidas terminariam e nos permitiu imaginar seres poderosos para nos ajudar a explicar o mundo e nos defender dos seus perigos - em última análise, da própria morte. Acontece que nossa imaginação era tão boa e a nossa necessidade de compreensão e proteção tão grande, que nos convencemos de que os nossos protetores imaginários eram reais.

Os deuses tornaram-se para os humanos o que são as chamas das velas - elas nos atraem, mas trazem-nos perigos e a morte. Nós matamos-nos em disputas sobre os nossos deuses, matamos e torturamos pessoas que os negam, sacrificamos crianças para eles e sacrificamos-nos a eles.

É verdade que os deuses inspiraram grandeza em tempos como nos das pirâmides ou no das grandes catedrais, mas a que preço pagámos em vidas humanas.

A simples verdade é que os deuses imaginários não alimentarão nem pagarão pela educação dos teus filhos. Eles não te ajudarão a tomar boas decisões e não permitirão que tu vivas para sempre. Mesmo que os teus deuses não te inspirem a odiar ou matar pessoas, eles ainda podem marcar-te como alvo de uma outra pessoa. E eles provavelmente custam o teu precioso tempo em igrejas ou em mesquitas, além de dinheiro em dízimos e ofertas.

A linha base é esta: no momento em que os humanos estão procurando por mais estrelas e descobrindo os segredos mais profundos da natureza, os deuses imaginários são um investimento terrível. Investe na tua família, na tua comunidade e na humanidade.

Usa a tua fantástica imaginação para nos erguermos, não para nos arrastar para baixo.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

sábado, 29 de setembro de 2018

A moral



A moral é a resposta para as questões e reflexões que se baseiam em duas coisas: o ato e a consequência. Moral é o conjunto de regras usadas como diretrizes para se tomar decisões em contextos de conflito entre a minha vontade e a dos outros.

Ela só existe quando há uma sociedade, quando há outra pessoa se relacionando comigo: um ermitão não tem necessidade alguma de qualquer conjunto de regras, porque não há conflito nenhum entre ele e os outros.

A moral varia de uma sociedade para outra, porque o vetor de problemas que cada uma tem que resolver, é distinto entre si.

Esta pluralidade, claro, não é dizer que não possa existir intersecções entre diversas morais: o problema do assassinato, por exemplo, é constante em todas as sociedades e, por isso, faz-se necessário uma moral sobre ele (comumente, negativa).

Ademais, outro ponto para se afirmar que a moral é social é o fato que nenhum indivíduo define a moral da sua sociedade. Esta é criada por forças históricas e culturais muito além de qualquer ser humano. Considere os papéis de gênero, uma moral importantíssima que regula as relações entre os dois sexos: não se pode apontar nenhum homem ou mulher que os tenha instituído, embora, claramente, seja algo socialmente criado.

Não, a moral nao provém dos entes sobrenaturais das religiões.

Texto de Asor Otsenre, adaptado de Bruno Sales, Gabriel Pires e Johnny Jonathan via Quora.pt

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Servindo a deus ou a um padrão comportamental?



Um livro sagrado original, um deus original, vários “grupos escolhidos” e uma eterna briga pelo direito de registro da “patente sagrada” e filiação original!

Bíblia debaixo do braço para ir à igreja ou empoeirada em cima de uma estante sem quase nunca ter lido? 
Ok, confere! 
Véu na cabeça antes de orar ou usando dentro da igreja para que não se mostre desnuda diante de deus? 
Ok, confere! 
Sábado guardado de um pôr do sol a outro entre sexta e sábado? Ok, confere! Panfletos com versículos da bíblia entregues nos fins de semana para arrependimento dos “pecadores”? 
Ok, confere! 
Aquisições de bugigangas ungidas pra dar sorte? Ok, confere! Penitencias pagas à rainha dos céus e a todos os santos? 
Ok, confere! 
Orações nos montes, jejuns, ofertas e dízimos tudo em dias para se prevenir do migrador e devorador? 
Ok, confere! 
Abstenção de bebidas alcoólicas, carne de porco, mariscos e uma infinidade de outras comidas proibidas por deus? 
Ok, confere! 
Checando...Pronto! 
Seu kit de santidade estar atualizado! Só permanecer assim a vida toda esperar um pouco mais para ir morar nos céus...

Seria cômico se não fosse trágico! Cada igreja vende o seu kit próprio de salvação ou pacotes no que diz respeito ao quesito “servir a deus” por preços e condições variadas e todas elas entre si, lutarão até os últimos recursos para transformar a você e a todos quantos sejam possíveis em clientes fiéis, consumidores desses kits e defensores dessas ideias, atraindo assim mais seguidores para esse ou aquele nível de conduta ou pensamento, tentando padronizar e domesticar o homem, que por natureza foi feito para estar em constante evolução em todos os sentidos.

Toda agremiação religiosa diz ter recebido de deus a missão de espalhar a “verdade” ao mundo e combater as “mentiras” que as outras agremiações ou pessoas propagam e a desmascarar as artimanhas do diabo que luta para tragar a alma do homem do “caminho verdadeiro” apontado por tal igreja. Todas elas dizem aos seus membros que estes são escolhidos por deus para determinado propósito, enquanto as outras não, e que terão de comprar delas o mesmo kit de padronização se quiser ir para os céus.

Uma batalha infinita tem início todos os dias dentro e fora desses grupos com o instituto de te padronizar, te rotular e ter o controle de sua vida entre esses que dizem ser os mensageiros de deus, e os mais variados efeitos dessa luta poderão ser vistos diariamente na vida de cada um desses que são domesticados por esse ou aquele sistema de crenças. Somente castigos severos e ameaças em nome do sagrado e do profano para anestesiar o homem, esse ser em evolução constante com sede da verdade e do conhecimento. A igreja sabe muito bem como fazer.

“Quando as perguntas começarem a surgir e os questionamentos começarem a florescer, use de sua “autoridade religiosa” meu filho! Humilhe o questionado em público, ameace o herege com pragas, crie boicotes individuais ou em massas para os “filhos do diabo”, enquadre aquela pessoa que resiste ao que você diz, isole-a, e a faça parecer ridícula e demoníaca pois só assim poderá manter funcionando esse grupo que você criou ou que te dei para você dirigir, filho meu!” Essa parece ser a mensagem secreta e individual que a maioria dos líderes religiosos parecem receber de “deus” quando são “chamados para sua obra”, para abrir uma nova igreja ou um novo ministério.

Assim, muitos por esse “chamado divino”, tem conduzido o “rebanho do senhor” e cada um fazendo do seu próprio jeito, criando suas próprias normas, seus próprios conjuntos de regras e dizendo:” estamos servindo a deus... E todos dizem ter razão!

Todos os que entram nesses seguimentos, não percebem que estão apenas seguindo padrões comportamentais do grupo já estabelecidos previamente e não vontade de deus algum, pois entre as linhas que dizem servir a determinado deus, quase todas elas são antagônicas, contraditórias e auto anulatórias entre si, concordando apenas no fato de que os súditos sejam ovelhas mudas, proibidas de questionar, imbuídas apenas de obedecer ao líder e fazer o rebanho crescer. Fora isso, todas elas travarão batalhas terríveis para dizer que estão servindo a deus e que se você não estiver do lado desse ou daquele seguimento, estará lutando contra o próprio deus! Que loucura...

Por intuição ou por orientação, muito desses líderes sabem que desde os mais remotos tempos, uma preocupação colossal e angustiante paira sobre a maioria dos homens em praticamente todas as culturas que tem nos seres metafísicos uma das “pernas” que sustenta tal sociedade. Essa preocupação na maioria dos casos é sobre estar ou não servindo e agradando aquela divindade enraizada na cultura popular.

Nos povos alcançados pela crença no deus mesopotâmico denominado como é o caso do deus de Abrãao por exemplo, essa preocupação tem sido mais latente, pois quem não estiver servindo a deus corretamente sofrerá severas penas, incluindo a pena de morte. Em toda história bíblica do passado esses fatos estão registrados pra quem quiser ver, bem como na história secular, onde o islamismo, judaísmo e cristianismo tem sido apresentado por imposição ou por opção tem sido de igual modo implantado quase que totalmente pela força tal sistema de crenças.

Há uma crença demonstrada de modo explícito entre os seguidores dessas três crenças e de praticamente todas as milhares de ramificações que dessas derivaram, que entre milhares de pessoas servindo a esse deus, se tiver alguém entre o povo servindo-o de modo errado, a ira desse deus todo poderoso e furioso (e ao mesmo tempo piedoso e justo) virá não apenas sobre o infame “herege”, mas sobre toda uma cidade, estado ou nação onde ele estiver inserido.

Eles assumem desse modo ainda que sem perceber que apenas 1 pessoa servindo a deus de modo “errado” invalida as ações de mais 1 milhão de pessoas que estão fazendo as coisas de modo certo diante de deus.

Não te é estranho isso? Uma gota de leite em um balde de café não é capaz de alterar o sabor do balde inteiro, mas apenas uma única pessoa “errada” em um “oceano” de tantas outras pessoas santas e que não esteja dentro dos padrões estabelecidos de como servir a deus por determinado agrupamento, será capaz de trazer os mais variados tipos de agouros divinos para esse grupo.

O velho testamento estar recheado de histórias assim. Então mata-se, apedreja-se, persegue-se, exclui ou faz boicotes àqueles que estão trazendo tais consequências desastrosas. Na idade média, a igreja católica costumava atribuir qualquer surto de doença, calamidades ou fenômenos da natureza a uma pessoas ou grupos “pagãos” que estavam desagradando a deus e de acordo com esta mesma igreja eram eles que estavam deixando deus irado e trazendo consequências terríveis.

A peste negra? Culpa dos infiéis! 
A gripe espanhola? Culpa dos hereges! 
Varíola, rubéola, carbúnculo, sarampo? Maldições por que servimos a deus de forma errada! 
Terremotos, furacões e maremotos? Sinais da ira divina e da volta de jesus que virá julgar esses esse povo pecador! 
A nós não! Nós somos as pessoas certas, no grupo certo, servindo a deus de modo certo e por isso estamos salvos, aleluia!

Então...Morte aos infiéis! Morte aos ciganos! Morte aos judeus! Morte aos mulçumanos! Morte as bruxas! Morte as rezadeiras! Morte aos celtas, aos vândalos, aos bárbaros, a todos os que não comem do corpo e do sangue de cristo! Morte, morte, morte...Morte aos incircuncisos (ah não, isso foi no velho testamento)! Em nome do deus da vida vamos matar a todos e conquistar essa terra para o nosso deus!

Não te é estranho esse fato? Por que um único pecador é capaz de desvirtuar toda uma congregação de justos? Que tipo de deus justo é esse que pune toda uma população por causa de uma simples pessoa que estar “fora da caixinha”? Que tipo de justiça é essa? Nem no mundo dos mortais encontramos juízes que hajam assim o tempo inteiro sem amadurecer e sem viver eternamente e ter tempo para se arrepender de feitos tão maldosos! A grande verdade como dito logo acima é que tudo isso não passa de padrões de comportamento! Nenhum religioso dentro de uma comunidade religiosa, sob a égide de uma bandeira ou símbolo sagrado segue a deus nenhum! TODOS eles seguem apenas padrões de comportamentos pré estabelecidos e para não serem perturbados por questionamentos que possam surgir, querem converter a todos a esse mesmo ponto de vista! Praticamente TODOS eles querem padronizar os outros ao seu próprio entendimento de servir a deus e assim começam as guerras desnecessárias e seus derivados que afetam todo o globo.

Judeus versus mulçumanos! Protestantes versus católicos! Congregação A versus congregação B...Todos preparando missionários para converter “pecadores” e a ensinar o modo correto de servir a deus. Todos matando e morrendo pela mesma causa. Todos condenando ou invalidando os ritos litúrgicos uns dos outros. Todos tem um inferno preparado para os “não salvos” e para todos da religião alheia!

Do alto de sua inércia, aquele dizem ser o pai de todos nada faz para mudar isso....

Se realmente existe uma possibilidade de alguém servir a ideia do sagrado, essa possibilidade estaria fora dos currais religiosos, livres dos interesses espúrios e egoístas dos criadores e mantenedores de tais agremiações, e estaria bem distante da padronização oficial que todos recebem ao nascer em um lar religioso ou quando se associam a tais agremiações depois de um certo tempo.

Se existe alguma divindade justa e bondosa realmente, a única maneira de agradá-la seria servindo-nos uns aos outros, ajudando-nos uns aos outros para um estado maior de ser, e não reduzindo aos homens a um estado vegetativo de “dependência divina” quando na verdade estão formatando pessoas para serem dependentes de sistemas de crenças dizendo a essas que estarão servindo a determinado deus. Esse comportamento é tão prejudicial quanto os que criam e sustentam os mercados de entorpecentes.

Não é feio e nem vergonhoso deixar de pertencer a um “grupo de fé”! Feio e vergonhoso é tornar o mundo diariamente um lugar pior de se viver em nome de um deus imaginário, enquanto enriquecem e mantem no poder opressor, aqueles que vivem da ignorância das massas. Isso sim é feio, vergonhoso e ridículo.

A maior independência que alguém pode adquirir não é a independência financeira, dos pais, dos conjugues ou dos filhos. É a independência de nossa consciência escravizada a maior de todas as conquistas pela qual devemos lutar.

Não é da aceitação da crença pela crença ou da ausência da crença pela crença que encontraremos essa liberdade de consciência. Ela será um processo contínuo e duradouro, capaz de construir e reconstruir as próprias verdades quantas vezes for necessária. Capaz de analisar a verdade do outro e reter o que é bom, se realmente houver algo de bom. A nossa capacidade manter a sanidade por uma maior tempo possível será nossa “baliza” nessa prazerosa jornada.

Abaixo as verdades inquestionáveis! Não aos abusos cometidos em nome da fé! Um salve aos que por meio de sua “heresia” tem combatido os efeitos nefastos das padronizações oficiais que todo homem estar destinado a ter.


Texto de Antônio F. Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O Medo e a Coragem



O medo do desconhecido é para o homem a emoção mais antiga e mais opressora desde que é homem. 
O medo deu origens a todos os deuses e a todas as religiões e crenças. 
O homem criou ajudas para se apoiar na vida e na morte, e o maior apoio, foi a criação da ALMA. 
Deuses, santos, Ícones, talismãs, tudo serve para o homem se defender. 
O homem tem o MEDO MAIOR, que é não conseguir pensar e realizar que depois da morte não há mais nada, que ACABOU. 
Por isso aparecem os céus, o integrar numa nova vida, os paraísos, as reencarnações. 
O ponto comum a todas as religiões, é oferecerem ao homem a continuação da vida, ou da alma, em moldes muito melhores do que teve até à sua morte. 
A grande diferença dos ATEUS, para os religiosos no sentido lato, é a CORAGEM de pensar e estar convicto de que não existe mais nada depois da morte. 
Para os ATEUS, com a morte acaba definitivamente o SER em questão, e restam apenas os minerais e gazes que compunham esse corpo, que por sua vez se integram novamente no meio ambiente. 


Texto de Diogo Ferreira

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O meu tipo de apologista




Eu tenho que ser honesto, eu tenho um problema com os apologistas religiosos.

Os apologistas acreditam em todo um panteão de seres invisíveis benevolentes e malévolos. Eles acreditam que os seres invisíveis e malévolos devotam as suas vidas inteiras ao uso de seus consideráveis ​​poderes mágicos para infligir calamidades a milhares de milhões de seres humanos desafortunados, que são impotentes para fazer o que quer que seja, para além de suplicar aos seres benevolentes que os protejam dos malévolos.

Eles acreditam em tudo isso, e muito mais, sem o mínimo de evidências de que qualquer um desses seres realmente existe.

Isso certamente já seria suficiente mau, mas os apologistas têm o atrevimento de criticar duramente as pessoas que reclamam por evidências sólidas, antes de acreditarem em alegações extraordinárias. Ou seja, são doidos que condenam os sensatos, por estes não serem tão doidos quanto os doidos gostariam que eles fossem.

Os apologistas receberão o meu respeito no dia em que verdadeiramente se tornarem apologistas(*). Este será o dia em que eles realmente dizem "Desculpa". Desculpa, não consigo tirar essas ideias da minha cabeça. Desculpa, eu adoro acreditar nessas coisas, apesar de não haver razão racional e razoável para acreditar nelas. Desculpa, eu não deveria tentar encontrar maneiras desonestas de fazer as minhas crenças parecerem menos ridículas. Desculpa, eu não te deveria atacar por seres sensato. Lamento profundamente.

Este seria o tipo de apologista(*) que eu poderia suportar.


(*) Jogo de palavras na língua inglesa em que cruza as definições de "apologist", como defensor de algo controverso como uma crença religiosa e "apologist", aquele que pede desculpas.

Traduzido e adaptado de Bill Flavell

domingo, 23 de setembro de 2018

Por que a história mais importante do cristianismo é 100% errada




A história mais importante do cristianismo, arranjada no Jardim do Éden, diz-nos que deus deixou humanos inocentes, sem qualquer conhecimento do bem e do mal, na companhia de uma serpente astuta. Deus disse aos humanos para não comerem fruta de uma determinada árvore. Quando os humanos foram enganados por essa serpente astuta e provaram o fruto, deus ficou muito, muito zangado.

Pergunta a ti mesmo quem é que Deus deveria punir por essa situação? Se deus fosse justo, ele puniria:

1) Ele mesmo por deixar os humanos inocentes vulneráveis ​​à serpente astuta e,
2) A serpente por enganar os humanos.

E ele, humildemente, pediria desculpas aos humanos por este seu erro.

E o que é que deus fez? Ele puniu severamente os humanos TAL COMO puniu todos os seus descendentes (que nem sequer estavam envolvidos) para sempre. Ele puniu a serpente amaldiçoando-a a rastejar de barriga para o resto da sua vida (não é lá um grande castigo para uma cobra). Mas ele não se puniu a si próprio em nada. Deus entendeu tudo errado, o que não favorece muito a sua omnisciência.

Aqui está uma analogia que pode tornar tudo isto ainda mais claro. Imagina que ias deixar a tua filha de 3 anos aos cuidados de um tio que tu sabes ser desonesto e perverso. Tu dizes  para ela para não tocar nos biscoitos deixados em cima da mesa. E enquanto tu estás fora, o tio diz para ela comer os biscoitos e ela assim vai fazer.

Irias considerar a tua filha tão pecadora que deverias amaldiçoá-la pelo resto da sua vida TAL COMO todos os seus filhos, netos, bisnetos e assim por diante, para sempre? E tu amaldiçoarias esse tio a andar de pé pelo resto da sua vida? 
Bom, eu acho que não ias agir assim porque tu sabes que isso seria totalmente errado.

Mas isso é exatamente o que deus fez (segundo a bíblia), aparentemente.


Traduzido de Bill Flavell, Atheistalliance

sábado, 22 de setembro de 2018

Penetrando a armadura dos auto-iludidos




Os humanos parecem ter uma capacidade ilimitada de racionalizar as suas crenças, não importa o quão ridículas elas sejam. Por exemplo, eles podem querer acreditar no relato da criação em Génesis, mesmo que compreendam de ciência o suficiente para reconhecerem que a história de Génesis não pode ser verdade. Assim, eles podem especular que um dia na história não é um dia literal, mas um dia de duração indeterminada, talvez um período de milhares ou milhões de anos.

Outro exemplo vem em Mateus 24, que explica que as estrelas cairão do céu após a tribulação. Aqui está o verso:

"29 Imediatamente após a tribulação daqueles dias, o sol será escurecido, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados"

Não precisas de ter grandes conhecimentos de cosmologia, para saberes que essa história é ridícula. Mas como uma pessoa determinada em acreditar nessa história, a torna digerível para uma mente moderna? Geralmente, eles argumentam com coisas que não correspondem ao que está escrito. Por exemplo, eles podem especular que esta história não está a falar de estrelas caírem na Terra - é sobre meteoros a cairem na Terra, e todos nós sabemos que isso é plausível.

Tu podes discutir por horas com um determinado auto-iludido sobre isso. Tu podes perguntar onde o texto menciona meteoros, ou verificar o grego original. Tu podes até explicar que a frase "poderes dos céus serão abalados" faz sentido se as estrelas caírem na terra, mas não se for apenas uma chuva de meteoros.

Mas será em vão. A mente do auto-iludido é formatada, mas há outra maneira de abordar o assunto. Em vez de tentares mostrar que o auto-iludido está a mudar injustificadamente o significado do texto, tu podes concordar que sua especulação é possivelmente verdadeira. Então ele deve concordar que a tua interpretação literal também é possivelmente verdadeira. Isso leva a uma pergunta: como podemos decidir qual opção está correta?

Naturalmente, nenhuma exegese mostrará que a especulação tem que ser verdadeira, então teremos que concordar que não podemos extrair um significado claro do texto. Acabamos com dois possíveis significados, o que significa que não podemos acreditar em nenhum deles e devemos permanecer com a mente aberta.

Se tu achas que é uma conclusão insatisfatória, não o é inteiramente. O auto-iludido não pode mais ter a certeza de que a Bíblia é perfeita - ele foi forçado a admitir a possibilidade de que ela possa ser falível.

Este é um pequeno passo para o homem, mas um passo gigantesco para os auto-iludidos.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Em que é que tu acreditas?




Eu não acredito em:

  • Ascensão
  • Vida após a morte
  • Deus
  • Demónios
  • Fadas
  • Homem de gengibre
  • Deus ou deuses
  • Céu
  • Inferno
  • Karma
  • Monstro do lago Ness
  • Magia
  • Milagres
  • Arrebatamento
  • Reencarnação 
  • Satanás
  • Almas
  • Espíritos
  • Reino sobrenatural
  • Formigas, cobras e burros falantes
  • Bruxas
  • Feiticeiros

Todas essas coisas são de "outro-mundo", não sabemos como elas PODERIAM EXISTIR. Eles contradizem tudo o que sabemos sobre como o mundo funciona. Mas não é por isso que eu não acredito que elas sejam reais. Eu não acredito nessas coisas por uma razão muito mais simples: NÃO HÁ PROVAS de que elas existem.

Se me trouxeres provas concretas de que qualquer uma dessas coisas existe realmente, eu mudo de ideia. 

Calma!

Então, por que é que milhões e milhões de pessoas acreditam que muitas dessas coisas existem? 
A resposta a essa pergunta é fácil também. Ou é porque são crianças e ainda não aprenderam a questionar essas coisas que são contadas por adultos, ou são adultos e ainda não aprenderam a questionar as coisas que lhes foram contadas como se fossem crianças.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Por um mundo sem *religião*




De fato, estamos convencidos de que o mundo sem religião seria melhor, mas não dizemos que a religião é a causa da violência no mundo e sim, que ela não evita essa violência e às vezes é também a causadora dessa violência. 

Se países existem onde apenas 10% das pessoas são religiosas e nesses países impera a paz, a felicidade, a melhor qualidade de vida e o grande progresso econômico, é porque fica evidenciado que não é a religião que torna as pessoas mais felizes e melhores. 


Autor: Asor Otsenre, adaptado de Ivo S. G. Reis, Irreligiosos

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Por que preocupar-se com a vida após a morte?



Quando eu rejeito a noção de uma vida após a morte, às vezes até os descrentes me repreendem e dizem que eu não posso saber, ninguém sabe, o que acontece depois da morte. Rigorosamente, eles até estão certos, mas uma vida após a morte é uma ideia tão extraordinária e com zero evidências que a suportem, que me pergunto por que as pessoas estão tão relutantes em descartá-la.


Praticamente sem excepção, essas mesmas pessoas rejeitariam a noção de que reencarnamos após a morte como um rei, ou um pedinte, ou um cão, ou uma lesma. Por que será que eles recusam essa noção? Usando a sua própria lógica, eles não sabem o que acontece depois da morte - ninguém sabe.

As pessoas recusam descartar a ideia de vida após a morte, desconfio, porque está profundamente enraizada na cultura ocidental. A ideia é realmente antiga. É anterior ao cristianismo por muitos milhares de anos. Há até algumas evidências arqueológicas de que os humanos preparavam os mortos para a vida após a morte, desde o Paleolítico Médio, há mais de 50 000 anos.

Da mesma forma, as pessoas prontamente descartam a reencarnação porque NÃO faz parte da cultura ocidental.

A reencarnação é uma ideia extraordinária. A vida após a morte é uma ideia igualmente extraordinária e não tem nenhum pedaço de evidência. Não deves perder um segundo de sono preocupando-te com qualquer uma delas.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Religião e personificação




Segundo o dicionário “personificação” se refere a “indivíduo que representa, simboliza ou faz lembrar alguma coisa abstrata”.

Em outras palavras, podemos dizer que o processo de personificação, que associa uma pessoa a um conceito abstrato ou a algo que não é humano, é a chave para o entendimento das crenças religiosas.

Uma pessoa tende a ser mais religiosa na medida exata em que vê o mundo por uma ótica personificada. Quando associa aspectos humanos a praticamente qualquer coisa.

Os deuses e espíritos nada mais são do que a atribuição de característica humanas a fenômenos da natureza, objetos, animais e principalmente conceitos abstratos.

Um deus nasce sempre que algo “se faz pessoa”.

Por que as pessoas fazem isso? Por que precisam tornar o rio, a montanha, o mar, o céu, a chuva, os animais, a morte, a alegria, a esperança ou a bondade um ser humano?

Isso é relativamente simples de explicar. Não suportamos a indiferença do mundo e por isso preferimos que coisas e conceitos sejam “gente” como nós.

Quando um conceito “se faz gente”, podemos conversar, negociar, implorar e até pretender dar ordens para ele.

Um mundo povoado por mentes humanas é infinitamente mais aceitável do que um mundo povoado por leis impessoais e por fenômenos indiferentes a nossa sorte.

Não há nenhuma crença religiosa que não possa ser traduzida em termos de personificação de algo abstrato ou não humano. 


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Em nome duma divindade qualquer...



A teocracia como forma disfarçada de usurpar o poder valendo-se das crendices populares.

O que se passa pela cabeça de um indivíduo quando diz que seu maior desejo é que seu povo seja governado por uma divindade metafísica? Será que alguém que faz um enunciado desses estar realmente falando sério ou será que é uma piada de mau gosto? Ou será que tal pessoa estar querendo apenas se promover, aproveitando-se da cultura popular e da ingenuidade alheia para tirar proveito?

E o que dizer quando esse desejo (insano) vem exatamente de um político em função de exercício, candidato a um cargo ainda maior? Difícil levar a sério atitudes como essas. Deve ser mesmo brincadeira...

“Deus vai governar essa nação”! “Deus deseja governar esse pais”! “O governo dos justos irá se estabelecer... Será que alguém pode definir isso por favor? Como isso se sucederá? De que forma isso será feito? Que palhaçada é essa?

Governo de justos feito por religiosos...Me parece que alguém que diz isso nunca leu a bíblia que diz ser sua fonte de regra e prática, não estudou sobre a história da igreja ou é muito cara de pau para negar os fatos ocorridos, não mora em um país onde existe uma bancada evangélica, ou vive em algum tipo de planeta onde líderes do cristianismo e de outras religiões baseado em seres metafísicos ainda não propagaram suas crendices. Justamente no meio religioso onde cada um quer puxar brasa pra própria sardinha o sujeito vem falar de governo do justos...Isso não pode ser real. É piada de mau gosto mesmo!

O sujeito faz parte de um agrupamento religioso que precisar ameaçar as pessoas com pragas e inferno, ou vender bugigangas ungidas para conseguir arrecadar dinheiro e se manter funcionando e conseguir fortuna; uma igreja que concorda que a subserviência incondicional dos fieis as lideranças religiosas faze parte dos mandamentos do senhor; uma comunidade que persegue, humilha ou tortura os que pensam diferentes ou grupos de minoria e que teve na escravidão humana sua concordância, omissão ou participação em toda história mundial e depois vem falar de governo dos justo...Como pode isso?

Como pode haver um governo de justos se a base para tal governo é justamente a utopia (negando ou demonizando a natureza humana), a ganancia, mentiras e a distorção dos fatos para manter um povo alienado?

Verifiquem nas condutas pessoais daqueles que em nome de sua própria crença religiosa defendem um “governo dos justos” e provavelmente encontrarás o oposto do conceito de justiça e retidão. Apenas interesses pessoais ou grupais serão notados.

Enquanto estudiosos, legisladores e pessoas de diferentes classes sociais tem dedicado suas vidas em todos os cantos do mundo e até vieram a serem assassinadas nos últimos milhares de anos com o objetivo de aperfeiçoar as relações sociais entre os povos e tornar o mundo um lugar melhor para se viver, tem tantos outros que estão o tempo inteiro querendo levar nações inteiras para um abismo profundo, onde em estado vegetativo e operando no modo zumbi as pessoas viveriam eternamente adorando a um ser surreal, matando e morrendo em nome dela e ainda ousam chamar isso de “governo dos justos” ou sociedade perfeita!

Que absurdo! Parece que estamos regredindo 2 mil anos atrás na história cada vez que um congressista atual deseja um governos de modo. Parece filme de ficção cientifica! Algumas pessoas parecem estar em estado eterno de transe, tendo dificuldade em diferenciar o mundo em que se vive e o mundo das fantasias de sua fé. Um sujeito desejar um governo em que o deus de sua crença sente em um trono e governe somente para si e para o seu grupo e castigue as demais crenças e etnias, é quem sabe a pior atitude infantil que um adulto crescido possa vir demonstrar.

Alguma vez, em qualquer época ou lugar da história alguém já viu deus algum, de religião alguma sentado no trono governando um povo em favor do povo? Claro que não! Quem senta no trono para julgar e oprimir o povo (e sentir-se como um deus) é justamente aqueles que criaram e mantém ainda hoje a ideia desse mesmo deus em atividade. São os que tiram sua fonte de renda e poder em cima de uma ideia enraizada no inconsciente coletivo que defendem fortemente essa ideia de teocracia, ou aqueles que tendo suas consciências cauterizadas pela repetição cotidiana do absurdo deixaram de fazer uso de suas faculdades mentais.

Será que se que se houvesse um deus poderoso, justo e soberano com todas as características surreais a ele atribuída por seus súditos, acham que ele iria pedir licença para governar ou dar jeito nesse pais? Claro que não! Iria fazer sem nossa permissão por que sua sede de justiça o impeliria a isso!

Acham que seria necessário da sete voltas no congresso e tocar 7 vezes o chifre de um carneiro para ele atender a um clamor de um povo injustiçado e sofrido? Claro que não! Nem seria necessário pedir nada nem fazer papel de trouxa. Ele saberia o que fazer.

Acham que se houvesse mesmo um “deus de responsa” ele iria deixar que acontecesse toda essa “cachorrada” que vemos bem embaixo dos seus narizes todos os dias utilizando-se do seu nome? Claro que não! Até um deus de mármore frio, nos confins gelado universo já teria se “derretido” com o fervor incessante daqueles que clamam por eles todos os dias enquanto servem de massa de manobra e fonte de riqueza e poder para os que vendem a ideia de um deus irado.

E se por acaso se deus realmente sentasse num trono para governar, acha que seria em seu favor ou em favor de seu grupo? Claro que não seu bobo! Vai crescer bebezinho! O que te faz pensar que um deus adotado pelo seu povo mas que fora plagiado de outras culturas e subdividido em várias oligarquias ao longo dos séculos iria servir de marionete justamente pra você e os desejos medíocres do seu grupo? Antes de propagar a ideia de um deus justo, veja no dicionário primeiramente o sentido da palavra justiça e verás que atitudes egocêntricas e infantis não combinam com esse termo.

Não esqueça que se houvesse a materialização de um ser realmente justo e poderoso, o primeiro ato dele seria o de por uns pingos nos “is”, em todas as religiões, inclusive na sua. Ele sendo justo não teria favoritismo a ninguém, cortando pelas raízes os desejos infantis e egoístas que cada um apresenta em particular em suas orações.

Se houvesse um deus justo, você que defende seu grupinho de fé ideal seria o primeiro a levar um “pé na bunda” ou um “sacode pra vida”. Seus dízimos e suas ofertas seriam vomitados diante dele e suas bajulações diárias nas orações e louvores com o intuito de receber favores preferenciais ou de se esquivar de suas responsabilidades pessoais e sociais seria uma ofensa imperdoável a sua santidade. Você iria tomar uma bronca tão grande por essa ideia besta de se achar escolhido...ira ficar no “cantinho da disciplina” por um bom tempo!

Nos mundo dos humanos “pecadores”, quem tenta subornar um juiz justo leva cadeia na hora! No mundo de fantasia dos “santos” as pessoas acham que com 10% de seus rendimentos e com falsas bajulações podem corromper aquele que dizem ser santos dos santos, reis dos reis e senhor dos senhores. É muita loucura pra uma mesma fé! Quem mais profana a ideia dos sagrados são os próprios “servos de deus”!

Numa hora dessas, se um deus justo sentasse no trono para governar, uma das medidas emergenciais seria a de desfazer as ilusões e mentiras que a própria crença religiosa criou e se isso fosse mesmo possível, se realmente um deus qualquer chegasse para despertasse um povo, esse deus já não iria mais prestar, pois só presta aquele deus que diante de toda nossa insanidade não diz nada e deixa seus súditos fugirem da realidade o tempo inteiro como adultos que serão para sempre pessoas infantis.

Nesse estado de eterna criancice, qualquer deus para ser realmente bom, tem de ser cego, mudo e surdo, por que se falar e dizer o que realmente deseja já deixará de ser bom...

No desejo de um governo teocrático, as mais obscuras e profanas intenções podem estar escondidas. As piores crueldades já cometidas pelo homem para com o homem e para com a natureza em geral aconteceram justamente no período em que “deus” governava e ditava a “leis” aos seus servos. Existem várias formas de governo, e a teocracia foi quem sabe a pior de todas elas.

Numa monarquia por exemplo, um rei senta num trono e governa. Na dinastia uma sucessão de pessoas da mesma família ocupam as funções de poder. Na república temos um presidente que assume o país. E na teocracia teríamos o que? Um trono vazio onde as pessoas irão apresentar seus problemas e obterem o silencio como resposta? Será que irão pagar 10% de seu faturamento mensal para não serem amaldiçoadas ou mortas de forma cruel por esse governante fantástico? Será que irão resolver todos os problemas sociais na base de ritos litúrgicos, línguas estranhas e profecias?

QUE PALHAÇADA! 
Isso não existe! Em nação algum ou em povo algum que adotou a teocracia como forma de governo nunca foi visto deus algum governando, antes sim na maioria dos casos um montão de crápulas se escondendo atrás das “leis divinas” para se manterem no poder em nome da fé. E afinal, o que exatamente é essa tal da lei divina? Alguém já viu pessoalmente deus algum ditando ou escrevendo essas leis? Claro que não! Isso também não existe! Cada religião tem seu conceito de lei divina. Dentro das religiões cada denominação religiosa que surge também tem seu conceito próprio de lei divina e todas elas se atacam, se aniquilam, se odeiam e se destroem entre si...

Qualquer um pode criar a lei ou doutrina que quiser e dizer que isso é uma lei divina e a depender de quem disse e em que lugar do globo a pessoa esteja inserido, essa “lei” será mantida, sacralizada, seguida e tornada como patrimônio cultural ou religioso de um povo. Ou poderá também ser eliminada e esquecida se não for proveitosa para a classe dominante. Praticamente, quase que toda “lei divina radical” tem como função principal imbecilizar um povo, tornando-os vítimas de um próprio conceito doentio onde conceitos mentais servirão de guardas para policiar cada movimento do indivíduo, prendendo-os, julgando-os e condenando-os automaticamente. Sistema que software eficiente, não acham?

Outro fato interessante sobre essa tal de lei divina é que apesar de afirmarem categoricamente que deus não muda nunca, que ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente, podemos encontrar por exemplo em algumas das leis levíticas que dizem ter sido ditadas por ele, incitações ao estupro, a violência sexual, a escravidão, a torturas, ao genocídios e tantas outros atos desumanos. E quando perguntamos aos fiéis adoradores desse deus por que isso estar escrito como sendo uma lei divina eles logo respondem: “mas isso era no passado...era assim que eles entendiam a vontade de deus antes...”

Como assim? pra um deus que não muda nunca, ele parece mudar de acordo com o local época em que ele foi introduzido em certas culturas, provando assim que “as leis divinas” não passam de uma invenção local para atender a determinados anseios e carências populares, ou para tornar mais fácil a domesticação de um povo conquistado.

Mantem os infiéis! Essa é uma das principais leis divinas desde os tempos bíblicos, passando depois para o cristianismo e agora adotada como bandeira por alguns grupos mulçumanos. Lembrando que infiel é sempre aquele que desconhece ou discorda do deus que estar sendo apresentado no momento.

Até quando viveremos assim? Até quando teremos na infantilidade nossa base de reino ideal? Até quando iremos nos apegar a seres do imaginário coletivo esperando soluções reais para as relações humanas? Até quando desejarmos...

Cada um pode em si mesmo encontrar essa resposta, “resetar” seu sistema operacional e sair da ficção e buscar soluções reais para problemas reais. Ou pode também passar a vida inteira terceirizando responsabilidades.

É normal que até os 12 anos de idade uma criança comum acredite em certas fantasias, e se passar dessa fase acreditando nas mesmas coisas de crianças irão chama-las de retardadas. Agora um adulto passar a vida inteira tentando trazer pra vida real algo que só acontece em contos de fadas, isso ninguém acha anormal e quem questiona é duramente penalizado. A realidade é tão dura de ser encara por alguns, que jogar uma ancora no reino das fantasias é a melhor solução que encontram para nunca mais acordarem desse sono.

Um brinde aos que conseguiram emergir do oceano da ignorância mesmo estando.


Texto de Antônio F. Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

domingo, 16 de setembro de 2018

Guerras das ciências



E AGORA AS NOTÍCIAS!

Trinta cientistas foram feridos ontem por um homem-bomba na Royal Society, em Londres. 
O bombista correu para o palco durante um simpósio de física, na famosa Biblioteca Wolfson. Antes que a equipa de segurança adormecida pudesse reagir, o homem-bomba gritou: "A Supersimetria é verdade!" e acionou um dispositivo escondido sob o paletó.

Isso aconteceu em menos de uma semana após o físico rebelde, o Dr. Ogun Dirkie ter sido executado por injeção letal. o Dr Ogun Dirkie argumentou repetidamente que a matéria escura é composta de bariões que interagem fracamente. Dirkie recusou retratar-se da sua alegação que contradiz diretamente a política da Academia Nacional de Ciências de que a composição da matéria escura é desconhecida e inerentemente incognoscível. 

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Claro, nunca verás notícias como estas. E por quê? Porque a ciência resolve os conflitos com evidências e lógica, não com violência. A ciência está preocupada em descobrir o que é verdade - não para impor dogmas.

Mas a violência é endêmica num dos ramos do esforço humano. A violência e a intimidação têm sido usadas há milhares de anos para impor as visões religiosas.

O processo começa quando crianças ainda pequenas são doutrinadas numa religião sem o seu consentimento. Então, a coerção, incluindo a violência, é usada nelas para impedir que em adultos abandonem essa religião ou expressem opiniões contrárias.

Em alguns casos, desentendimentos entre grupos religiosos resultam em derramamento de sangue indiscriminado. Podemos ver isso hoje a acontecer em várias partes do mundo.

Por que os religiosos não podem comportar-se como os cientistas se comportam? Por que eles não podem discutir as suas divergências e confiar na lógica e nas evidências para resolverem as suas diferenças e chegarem a um consenso?

A resposta para isso é simples. Eles não podem fazer isso porque NÃO TÊM PROVAS. Assim, os conflitos entre religiões podem irromper em violência.

Isto é verdade para desacordos entre religiões e é igualmente verdade para divergências dentro de uma religião. O que acontece quando um membro de uma religião não acredita mais nela? As religiões têm uma escolha: dar às pessoas a liberdade de sair ou intimidá-las a permanecer.
As religiões fizeram essas escolhas e, embora todas continuem a doutrinar as crianças, a maioria, no século XXI, optou por permitir a liberdade de expressão e a liberdade de consciência.

Apenas uma grande religião hoje procura proibir essas liberdades com violência judicial, e essa religião é o islamismo.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell