domingo, 26 de fevereiro de 2017

Quais são as hipóteses?



Pouco mais de metade dos seres humanos na Terra acreditam no Deus abraâmico, cerca de 3,7 mil milhões de pessoas. Estas pessoas acreditam que o seu Deus é real e muitos deles fazem o seu melhor para ganhar os seus favores. Eles acreditam que isso é importante porque a sua VIDA ETERNA irá depender de como Deus os julgará.

Esses crentes pertencem às três religiões abraâmicas principais, são Judeus, cristãos e muçulmanos, cada um com crenças muito diferentes (os judeus são menos de 0,4% do total, por isso vou ignorá-los por agora).

Imaginemos que Deus existe, e vamos começar assumindo que os cristãos têm razão, que Deus enviou o seu filho para ser sacrificado pelos nossos pecados e temos que aceitar Jesus como o Senhor para ser salvo.

Neste caso, não há nada que Deus possa fazer para ajudar aqueles 1,6 mil milhões de muçulmanos que não aceitam Jesus como o seu Senhor. Essas pessoas nem sequer aceitam que Jesus era o filho de Deus. Claro, isso significa que eles vão passar a eternidade no inferno.

Se assumirmos que os muçulmanos estão certos, as pessoas precisarão seguir os ensinamentos do Alcorão para evitar passarem a eternidade no inferno. Assim, todos os cristãos serão devidamente condenados.

Na verdade, é muito pior do que isso. Existem duas denominações principais no Islão e várias outras menores com diferenças teológicas que levaram a disputas e ao derramamento de sangue durante séculos. Não é de todo claro que o Céu estará disponível para aqueles que escolheram a denominação errada, não importa quão bons sejam como muçulmanos.

É ainda pior para os cristãos. Existem milhares de denominações cristãs e muitas delas diferem exatamente de como alguém se qualifica para o Céu. No cenário mais optimista, apenas uma pequena proporção de cristãos chegará ao céu.

Mesmo se tiveres a sorte de ter escolhido a denominação correta, tu ainda serás julgado na tua fé (e, talvez, obras) e muitos acabarão sendo condenados. No entanto, se calculares os números, apenas uma pequena proporção de pessoas irão viajar para o Céu, mas o resto irá sofrer para sempre.

E, é claro, é possível que Abraão tenha inventado tudo isso e o seu Deus é apenas uma personagem fictícia. Se é, como tu podes ter a certeza que não há outro Deus com o seu próprio inferno terrível esperando por todos os cristãos, muçulmanos e judeus?

O verdadeiro problema é que não há absolutamente nenhuma maneira de descobrir qual religião e denominação e comportamento que te irá levar para o Céu. É uma lotaria. Tuas chances de ganhar são certamente menos de 10% ou, mais provavelmente, uma fração bem mais pequena que isso.

Então, eu pergunto-me como é que os crentes podem ser tão confiantes de que sua eternidade é assegurada quando as probabilidades são tão horrivelmente baixas?
Expliquem-me.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Quatro argumentos contra a existência da alma



1 – A existência de uma alma imaterial cria o problema de explicar como algo imaterial pode interagir com algo material. Se a Alma interage com a matéria é material também. Isso porque tudo o que interage pode ser alterado ou destruído.

2 – O princípio da conservação da energia teria de ser “burlado” nessas interações. Uma ação material gera energia, mas se algo material age sobre algo imaterial, a energia tem de simplesmente desaparecer. Se algo imaterial age sobre algo material, uma porção de energia tem de surgir do nada!

3 – A existência de uma Alma é incompatível com a Teoria da Evolução. Primeiro que não há como explicar como e porque surgiu a Alma humana a partir de um dado ponto da evolução dos primatas e não há uma explicação para a enorme evolução física do cérebro se as características humanas mais decisivas são imateriais.

4 – Não há nenhuma forma de se comprovar a existência da Alma de forma independente de nossas especulações. Ou seja, não é uma hipótese demonstrável e nem “falseável”.


Autor: 
Lauro Augusto Monteclaro César Jr

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A poderosa pulga invisível



É possível que uma pulga invisível sobrenatural tenha criado o Universo. Bom, não sabemos ao certo, mas tu poderias fazer quatro importantes perguntas sobre isso:

P1: Quantas coisas sabemos com toda a certeza que têm explicações naturais?
R1: Milhões e milhões delas.
P2: Quantas coisas, que antes se pensava que apenas tinham explicações sobrenaturais, são agora conhecidas como tendo explicações naturais?
R2: Milhares e milhares.
P3: Quantas coisas sabemos agora com toda a certeza que têm explicações sobrenaturais?
R3: Precisamente nenhuma.
P4: Quantas coisas sobrenaturais sabemos com toda a certeza que existem?
R4: Ver R3.

Esses fatos não descartam completamente a "pulga invisível", mas eles sugerem explicações naturais para coisas que ainda não entendemos mas que são muito mais prováveis do que explicações sobrenaturais. Tu podes encontrar a explicação da "pulga invisível" como sendo muito atraente, mas não deves apostar as tuas economias de toda a tua vida ou mesmo a tua vida na hipótese da "pulga invisível" como sendo a verdadeira. 

E, é claro, a mesma lógica se aplica a todas as outras explicações sobrenaturais.



Traduzido e adaptado de Bill Flavell

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Por que sou ateu...



Sou ateu porque não há a mais leve suspeita nem o menor indício de que Deus exista ou tenha feito alguma vez prova de vida.

Sou ateu porque duvido das afirmações sem provas e das palavras criadas e decifradas pelos que vivem à custa de um ser imaginário e fanatizam crianças desde o nascimento; porque confio na igualdade dos géneros e repudio a herança misógina herdada das tribos patriarcais que criaram Deus como explicação por defeito de todas as dúvidas e medos que os habitavam; porque repudio a explicação contraditória de um ser inventado que, sendo omnipotente não consegue, sequer, parar o sangue derramado em seu nome.

Ser ateu é a opção filosófica de quem se assume responsável pelos seus atos e forma de viver, de quem respeita a vida – a sua e a dos outros –, de quem cultiva a razão e confia na ciência para elaborar modelos de racionalidade, sem necessidade de recorrer a um ser hipotético ou à esperança de outra vida para além da morte.

Ser ateu é descrer de verdades únicas e transcendentes, de um deus violento e vingativo, de uma casta que vive à custa das mentiras que os constrangimentos sociais e os hábitos de séculos transformaram em verdades.

Ser ateu é repudiar os manuais terroristas que os funcionários de Deus lhe atribuem e substituir as superstições tribais da Idade do Bronze pela herança do Iluminismo; é preferir os trinta artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos a quaisquer versículos dos livros sagrados e repudiar os sacrifícios exigidos pela perversão do clero.

Ser ateu é confiar na ciência e na sua capacidade para compreender o que não se sabe e eliminar os medos que oprimem os simples e aterrorizam os crédulos. É entender que há uma vida, única e irrepetível, que vale a pena viver sem angústias inúteis pela esperança de outro mundo, criado na infância do conhecimento e no apogeu da violência.

Ser ateu é rejeitar o júbilo divino com o sofrimento humano e evitar que a alegada fúria de um ser imaginário se converta no ódio irracional que dilacera os que acreditam em mentiras diferentes a seu respeito.

Ser ateu é, finalmente, respeitar todos os crentes, descrentes e anti crentes, enjeitar o proselitismo e combater as superstições e as crenças detonadoras do ódio e das guerras.



sábado, 18 de fevereiro de 2017

Por que é que tu acreditas em deus?



Tu és um crente, eu não sou. Vamos concentrar-nos um pouco para uma reflexão honesta.

Tu sabes que o teu deus é o deus com que cresceste a acreditar. Tu sabes que os povos acreditam igualmente e fortemente noutros deuses e noutras religiões. Mas estás convencido que tens razão pois a tua crença parece funcionar. Às vezes as tuas orações são respondidas e às vezes sentes-te perto de deus, tu até podes sentir deus falando contigo e sentires-te incrível.

Tu achas que deve haver um deus, pois de que outra forma tudo pode ser explicado, seja o universo, a vida, as leis da natureza? Então, com deus tudo faz sentido. Tu vês que com deus tudo se explica. É perfeito.

Mas há outras coisas que tu sabes que tu nem sempre pensas...

Tu sabes que outros deuses e outras religiões também funcionam. Os crentes desses deuses acham que as suas orações também são respondidas e também se sentem perto dos seus deuses e se sentem felizes. O que tu ignoras é o que isso significa. 

A menos que tu aceites que há um monte de deuses, sabes que no fundo que os outros deuses apesar de serem inexistentes, podem aparecer para responder a orações e fazer com que outros crentes se sintam incrivelmente bem. Mas tu sabes que isso significa que os humanos são capazes de criar esses sentimentos nos seus próprios cérebros.

Além disso, se o teu deus pode explicar o universo, a vida e tudo mais, então também poderiam os outros deuses explicar à sua maneira. E tu sabes, tu realmente sabes, que coisas inexplicáveis ​​PODEM vir a ter explicações perfeitamente naturais que estão apenas esperando para serem descobertas, assim como descobrimos as causas dos terremotos e raios.

Tu sabes que os seres humanos adoraram deuses por milhares de anos, e foram muitos, muitos deuses diferentes. Então sabes que muitos deuses foram INVENTADOS por seres humanos. A pergunta que tu deves fazer a ti mesmo é esta: 

É possível que TODOS os deuses foram inventados pelos humanos? 

Tu sabes a resposta a esta pergunta também. E a resposta é: SIM.

Isso não significa necessariamente que não existem deuses alguns. Mas significa que as razões pelas quais tu acreditas que o teu deus é real, não são razões válidas. São apenas desculpas para acreditares.

Será que realmente faz sentido ter crenças fortes quando tudo o que tu tens são desculpas?



Traduzido e adaptado de Bill Flavell




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A Razão é importante para um crente?



É preciso entender que para um crente fervoroso, a razão só é útil quando reforça sua fé.

Caso contrário, a razão é por ele vista apenas como um empecilho a ser ignorado para glória maior da fé.

É por isso que tentar convencer um crente de que sua fé é falsa, é completamente inútil. Só leva a sério um argumento racional quem é por sua vez racional.

O crente tem com a sua fé um compromisso superior àquele que ele tem com a sua razão.




quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Por que é que as religiões são cada vez mais idiotas?



As religiões costumavam ser bastante simples. Por muito tempo, as pessoas adoravam coisas reais com valor. Por exemplo: a adoração ao Sol era comum até à morte do Império Romano.

Há um sentido real no qual o Sol contribuiu para a criação e sustento da vida na Terra. Rapidamente estaríamos mortos sem ele. Se tu queres dizer "obrigado" pela vida na Terra, o Sol é algo de excelente para agradecer como muitas outras coisas.

Mas há alguns milhares de anos atrás, as religiões começaram a ficar idiotas. Começámos a adorar deuses invisíveis e indetectáveis, e de modo tão indetectável que, de fato, jurarias que eles não existem. Nós podemos somente interagir com esta nova raça de deuses nas nossas imaginações. Mas a idiotice não parou por aí.

No cristianismo, por exemplo, temos de crer que Deus queria perdoar o pecado humano e decidiu que ele poderia fazer isso apenas com um sacrifício humano. Então, ele inventou um jeito de nascer como um humano (de uma virgem, é claro) e então também arranjou uma maneira de ser morto como um sacrifício para si mesmo. Completamente idiota e absurdo!

As religiões mais modernas levaram a idiotice a um novo nível. Por exemplo, a Cientologia. Esta religião incorpora velhos clichés como humanos que tem um espírito imortal e com reencarnação, e ainda acrescenta uma nova dimensão. Ela ensina sobre Xenu, o ditador da "Confederação Galáctica", que há 75 milhões de anos trouxe mil mil milhões de pessoas para a Terra numa nave do tipo DC-8, empilhou-os em torno de vulcões e os matou com bombas de hidrogénio. Admito que até se torna difícil comentar tal absurdo monumental...

Por que não podemos apenas voltar a ser gratos ao sol que mantém o nosso planeta numa trajectória ordenada, mantém-nos aquentes e alimenta as nossas colheitas? Afinal, isso é factual e tu não precisarias intensivamente de doutrinar as crianças para garantir que as pessoas iriam acreditar nisso.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ciência e religião



Por mais que os religiosos desejem, a Ciência é (foi e sempre será) incompatível com a Religião.

- Na Religião não se admite que se ponha em dúvida as suas crenças.
- Na Ciência exige-se que se ponha em dúvida as suas Teorias.
- A Religião não prova nada do que afirma.
- A Ciência exige provas antes de afirmar o que quer que seja. E mesmo assim adopta um novo modelo, caso algum cientista descubra um outro modelo que se adeqúe ainda mais à interpretação da realidade.
- A Religião chama de falta de respeito a quem desafie os seus dogmas.
- A Ciência agradece a todos o que desafiam as suas Teorias, e porventura até as melhorem.

Um bom indicador de uma sociedade evoluída são as taxas elevadas de escolaridade (não religiosa) e baixas taxas de religiosidade.


Manuel Rodrigues

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Bye bye deus



Os crentes muitas vezes argumentam que algo fora do nosso universo deve ter feito o nosso universo e que esse algo é Deus. Este argumento é flagrantemente perverso por razões que eu menciono com frequência, mas há algo mais a pensar sobre isto.

Os crentes também dizem que Deus sempre existiu. OK, mas ONDE Deus sempre existiu? Para existir e funcionar, ele deve ocupar seu próprio espaço/tempo. Nada pode existir em espaço nenhum e nada pode funcionar em tempo zero.

O que é que então criou o espaço/tempo que Deus ocupa? Não pode ter sido Deus, pois Deus não pode existir sem o espaço/tempo. Mas Deus tem existido sempre como nos é dito, então o espaço/tempo que ele ocupa também deve ter existido sempre.

Portanto, os crentes têm que aceitar que o tempo e o espaço podem serem eternos. O que significa que nós não precisamos de um deus para criar o nosso espaço/tempo!

Bye bye deus


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Qual o sentido de criar o Homem??



Aqui está algo que eu não entendo. Se Deus quis criar criaturas para amar e que iriam amá-lo, por que é que ele criou criaturas tão emocionalmente e fisicamente fracas como são os seres humanos?

Por que não criar seres mais parecidos com ele, seres com um nível semelhante de conhecimento e inteligência para que ele pudesse ter discussões interessantes com eles? Por que não até jogar jogos de habilidade com eles e não ganhar sempre?

Deus criando os seres humanos é como eu criar uma bactéria como um companheiro de brincadeira.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

Dilema para um crente



Se você é religioso, tem fé, e é racional, isso significa que diante de alguma evidência racional que contraria a sua fé, você então a negaria?
Ou colocaria a sua fé acima da razão e assim permaneceria na sua crença?

Esse é um dilema porque se você admite ser racional, então tem que admitir que sua fé depende de você não se deparar com nenhuma evidencia racional que a contrarie.
Se você admite que colocaria sua fé acima da razão, isso implica que a razão não tem nenhuma importância para você, já que você se negaria a seguir a sua razão para preservar a sua fé.



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Pior do que tu imaginavas



O cristianismo pode ser pior do que tu imaginavas. Diz-se que Deus deu o seu filho unigénito para que ele pudesse conceder à humanidade a vida eterna. Mas ele não deu seu filho. De acordo com os cristãos, ambos estão juntos agora e assim estão desde há quase dois mil anos.

Como Deus não perdeu seu filho, o que ele pretendia alcançar? Há apenas uma resposta razoável: ele queria que seu filho experimentasse o medo e a agonia de ser espancado, humilhado e crucificado. Em troca dessa brutalidade medonha, ele perdoaria os pecados que os humanos pudessem cometer para que assim pudessem ter uma eternidade de felicidade em vez de tortura.

Só que nenhuma parte disso era remotamente necessária, torturar um homem inocente era simplesmente o preço que Deus exigia para seu perdão. Este não é o pensamento de um pai amoroso. Nem sequer é o pensamento de um pai terrível. 
É o pensamento dum psicopata profundamente perturbado.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Parasitas



No meio de uma feira, uns poucos de palhaços
andavam a mostrar em cima dum jumento
um aborto infeliz sem mãos, sem pés, sem braços
aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros istriões, hipócritas, devassos
exploravam assim a flor do sentimento
e o monstro arregalava os grandes olhos baços
uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos
deram esmola até mendigos quase nus
e eu, ao ver êste quadro, apóstolos romanos
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz
que andais pelo universo há mil e tantos anos
exibindo, explorando o corpo de Jesus.

Guerra Junqueiro, PARASITAS

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Religião e futebol, tudo a ver.



A religião é um fenómeno que só faz sentido se vivido em uma comunidade de pessoas que aceitem a mesma crença. Não importa muito ao fiel se Deus é definido de um modo ou de outro ou quais outros aspectos da religião ele deve considerar. O mais importante sempre é o sentido de COMUNIDADE.

Isso lembra muito o fenómeno do futebol. Nela as pessoas se reúnem em torno de uma ideia completamente abstracta a que denominam o seu CLUBE. Não se trata de um edifício, um estádio ou outras instalações desportivas e nem mesmo dos jogadores, técnicos e dirigentes. O CLUBE tem uma “personalidade” própria independente.

As claques se entregam a todo tipo de irracionalidades. Quando se reúnem elogiam de forma exacerbada a sua equipe, denigrem a imagem de outras e parecem dispostos a tudo para defender o seu clube, até mesmo a violência e a morte.

Durante um jogo, a irracionalidade se torna ainda mais evidente. Se o juiz marca uma falta contra o clube, ele é imediatamente taxado de “ladrão”, “desonesto” e “filho da puta”. Se marca uma falta a favor do clube, é “equilibrado”, “tem autoridade” e assim por diante.

No fundo cada participante de uma claque busca apenas a aprovação dos outros e não tem nenhuma preocupação com qualquer detalhe racional. Uma crítica ao clube é uma “traição” que pode ser punida pelos demais. O clube está sempre certo e é o melhor, não importa se a realidade desmente isso.


Adaptado para o português europeu dum texto original de Lauro Augusto Monteclaro Cesar Jr

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Cegueira cristã



Eu pergunto-me se os cristãos, por acaso, pensam na sua teologia?

O cristianismo conta a história de que deus decidiu matar seu filho para perdoar o pecado dos humanos. Mas conspirar para matar o seu filho, é uma conspiração para assassinato. Isso é até um crime capital em muitos países do mundo.

Além disso, é profundamente imoral matar uma pessoa inocente para beneficiar outras pessoas. Até um psicopata ambicioso ficaria horrorizado ao pensar em matar o seu próprio filho inocente para beneficiar seus vizinhos.

Mas esses horrores nem são os piores. Segundo a essa história, deus engravidou uma jovem mulher mas não para ter um filho para amar, mas sim para ter um filho para matar.

Este é um mal indescritível que deixa todos os cristãos cegos. Por quê?


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

Será que tens de ser estúpido para acreditar em deus?



Quando eu ouço os ateus a dizerem que as pessoas têm que serem estúpidas para acreditarem em Deus, eu lembro-me dos cristãos que dizem que tu não podes ter moral sem Deus.

Ambas as declarações são idiotas e a evidência disso é abundante. Há uma quantidade enorme de ateus com altos valores morais e muita gente inteligente que acredita em Deus.

Mas não há nenhuma evidência de que Deus exista e quase todas as versões de Deus mantém a crença nele num domínio mágico, caótico e num sobrenatural indetectável. Para aqueles que tomam a escritura como sendo literalmente verdadeira, a crença em Deus rapidamente se torna num absurdo. Então, como é que as pessoas inteligentes podem acreditar em coisas assim?

É mais fácil explicar isso por uma analogia. Não há dúvida de que fumar é prejudicial à nossa saúde. Há uma abundância de evidências validadas de que fumar aumenta significativamente o risco de enfisema, bronquite crónica, doenças cardíacas e muitas formas de cancro. No entanto, provavelmente todos conhecemos pessoas inteligentes que fumam.

As pessoas fumam porque as satisfaz e racionalizam a evidência dos riscos. As pessoas acreditam em Deus porque as satisfaz e racionalizam a ausência de provas e evidências contrárias.

Assim, a crença em Deus é uma preferência, assim como preferir ruivas a morenas e ninguém é obrigado a justificar suas preferências.

Na verdade, é um pouco mais subtil do que isso. O fumador inteligente está implicitamente dizendo: eu gosto de fumar e estou preparado para aceitar o risco para a minha saúde. 
E o crente inteligente está implicitamente dizendo: eu gosto de acreditar em Deus e eu aceito o risco de que minha crença não seja verdadeira.

Podes pensar que estou argumentando que as nossas preferências inconscientes impulsionam nosso comportamento e somos pouco mais do que espectadores. Há mais verdade nisso do que a maioria de nós gosta de admitir, mas há muitas evidências de que as nossas preferências podem mudar e podemos influenciar o processo.

É um fato que as pessoas inteligentes são menos propensas a acreditar em Deus (e menos propensos a fumar). Assim sendo, ser inteligente pode ajudar a assumir o controle das suas preferências e compreender o processo pode ajudar todos a assumir o controle de suas preferências

E tu não tens que ser um espectador.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Os Teofísicos



Nós todos os conhecemos e provavelmente há milhões deles no mundo. Eles acreditam em Deus, mas não são teólogos. Eles acreditam na ciência, mas não são cientistas. 

Eu os chamo de Teofísicos.

Dizem que a Física, em particular a Cosmologia do Big Bang, é a prova de que Deus existe. De alguma forma eles esquecem o facto de que apenas 7% dos 2 000 (estranhos) membros da Academia Nacional de Cientistas (os mais ilustres cientistas dos EUA), acreditam em Deus. †

Eles também esquecem o facto de que os Físicos e Astrónomos são aqueles que têm os níveis mais baixos de crença de todas as disciplinas científicas. Se a Física realmente mostrou que Deus existe, então essas são as pessoas que o deveriam saber. E elas rejeitam firmemente essa ideia.

Por que é que os Teofísicos estão tão errados?

Eles baseiam os seus argumentos na especulação, não em fatos, e assumem que as leis que governam a matéria no mundo quotidiano em que habitamos, também devem ter governado o pré-universo infinitesimal em que ainda não existia nenhuma matéria. Eles dizem isso apesar de saberem que o mundo quântico funciona de maneiras inesperadas, bizarras e contra-intuitivas.

Eles vão insistir que não havia nada, e de repente houve o Big Bang e logo de seguida havia tudo. E como algo não pode vir do nada, eles concluem que Deus deve ter criado tudo.

Mas não havia mesmo nada? Bom, nós não sabemos. Os físicos agora duvidam que exista algo como "nada". Pois parece que há sempre algo, mesmo num vácuo aparentemente vazio. Parece que a natureza do "nada", afinal... é algo.

Há outros paradoxos que devem fazer pensar os nossos ... Teofísicos. Aqui estão mais dois:

 » Em Julho de 2012, os cientistas do CERN no Large Hadron Collider, confirmaram a existência do Boson de Higgs. O campo de Higgs e sua partícula associada, o bóson, são agora conhecidos por darem massa a partículas elementares. Os modelos atuais mostram que o universo quando muito cedo, era extremamente quente, em torno de 10^32 graus Kelvin. A essa temperatura, o campo de Higgs não teria sido capaz de dar massa aos primeiros elétrons e quarks. Assim, parece que a massa do universo nos seus primeiros momentos, era exatamente ZERO.

» O universo atual contém energia negativa e positiva. Medições recentes mostraram que a quantidade energética do universo é ZERO. Lembre-se que a energia e a massa são intercambiáveis, são as duas faces da mesma moeda, então temos zero massa transformando-se num universo de energia zero.

Evidentemente que o universo é muito estranho, talvez mais estranho ainda do que podemos imaginar. Estamos agora no início de o entender, mas há uma coisa que já se pode ter certeza: se tu aplicares o mesmo pensamento que funciona para carros, futebol e churrascos, tu NUNCA o irás entender. Os homens e mulheres que se dedicam afincadamente a este problema, provavelmente irão conseguir entender, jogando fora todos os nossos preconceitos do quotidiano.

E isso nos leva de volta aos nossos Teofísicos. Essas pessoas estão aplicando a lógica de jardim de infância, aos problemas mais intratáveis e difíceis ​​da humanidade. A verdade é que eles não fazem isso para resolver esses problemas, eles fazem-no para encontrar lacunas de modo a fazer uma ligação ao seu deus de estimação. Eles são ignorantes ou desonestos. Ou as duas coisas juntas.



Edward J. Larson e Larry Witham, Nature 394, 313 (23 de Julho de 1998) ‡ Religião e Ciência nos Estados Unidos, Pew Research Center, novembro de 2009


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

Cristianismo é uma religião grega



Um estudo mais aprofundado da filosofia do período patrístico não deixa dúvidas de que o cristianismo tem pouca relação como Antigo Testamento e tudo a ver com a mitologia e as ideias gregas.

 Jesus, o Cristo, é uma figura profundamente ESTRANHA ao Antigo Testamento, que não tem nenhum profeta se intitulando “Filho de Deus”, nenhum personagem “nascido de virgem”, e nenhum que tenha morrido e ressuscitado. 

Já a mitologia grega está coalhada de figuras assim. Perseu e Hércules eram filhos de Zeus, nasceram de virgens, estiveram no Hades e voltaram. 

O Antigo Testamento não faz referência nenhuma a Deus ser uma “trindade”. Essa, porém, era uma ideia recorrente a neoplatônicos, pitagóricos, epicuristas e estóicos. 


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O teu homem das cavernas interior



Por pelo menos 94% do tempo da existência da nossa espécie, nós fomos coletores e caçadores da Idade da Pedra. Por mais de 99,5% do nosso tempo aqui, não tínhamos nenhum método confiável para entender nosso mundo e confiávamos em deuses, magia e superstições.

Não devemos esquecer que não estamos apenas relacionados com aqueles homens e mulheres da Idade da Pedra de há 200.000 anos, nós somos ainda essas pessoas. Somos da mesma espécie, feitos do mesmo material e com o mesmo desenho. Evoluímos ligeiramente ao longo de todos esses anos, e apenas mudanças insignificantes ocorreram nos últimos 1.000 anos. Poderíamos ainda acasalar com um dos nossos antepassados da Idade da Pedra e produzir proles viáveis.

Esta perspectiva pode explicar por que, após a abordagem científica ter provado completamente a evolução, e que os deuses, magia e superstições terem sido completamente desacreditados, que 85% de nós ainda continuam a acreditar que deuses, magia e superstições são reais e valiosos. 

Mas não são.

Isso não é mais que o nosso homem das cavernas interior falando. É hora de deixá-lo ir.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell