quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Crentes, apresentem um deus!



Os crentes afirmam que deus faz isto, faz aquilo, diz isto, diz aquilo, pensa isto, pensa aquilo, foi o responsável por A ou B.

E influenciam o mundo, e agem perante o mundo com base nessa crença de que deus existe, é consciente, é intencional e é interventivo.

E essas pessoas ensinam aos filhos a acreditar no mesmo... SEM PROVAS!!!

E ensinam aos filhos que acreditar é melhor que saber.

E ensinam aos filhos que se não acreditarem terão um castigo póstumo.

E ensinam aos filhos que há uma vida melhor depois de morrerem.

E mata-se em nome da religião.

E colocam em causa avanços científicos em nome da religião.

E mutilam genitalmente crianças em nome da religião.

E negam tratamentos médicos (remédios, transfusões de sangue, cirurgias, etc) em nome da religião.

E marginalizam minorias em nome da religião.

E maltratam pessoas pelas suas características sexuais em nome da religião.

E morrem pessoas a aguardar por uma cura pela fé por causa da religião.

Persegue-se a liberdade de expressão em nome da religião.

Há tratamentos de excepção, incluindo benefícios fiscais, por causa da religião.

Há tentativas de alterar currículos escolares em nome da religião.

E mais podia ser dito, principalmente se eu enunciasse casos específicos, em vez de me limitar a generalizar.

Acho que perante tudo isto, seria de bom tom dos crentes, ao menos conseguirem demonstrar que o ponto central de todas as religiões - UM DEUS - ao menos existe mesmo.

Porque, se não existe, então todas estas coisas estão a acontecer por pura maldade humana.

Fazem isto tudo em nome de deus? Então apresentem um deus.

Parem de usar desculpas e argumentos armadilhados e APRESENTEM UM DEUS.

Enquanto não o fizerem, não passarão de crianças adultas a brincar com um amigo imaginário que lhes foi ensinado acreditarem quando eram crianças e não sabiam distinguir a fantasia da realidade, tornando-se depois adultos que continuam a não saber distinguir a fantasia da realidade.

Só que, em adultos, têm uma maior capacidade para inventar desculpas para justificar aquilo que não conseguem justificar de forma racional... porque não existe.


Por Rui Batista

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Sim, há mais crentes que ateus. Mas a minoria é mais inteligente.



Os crentes gostam muito de referir que existem muitos mais crentes do que ateus, recorrendo assim à falácia do "ad populum".

Há de facto mais crentes do que ateus, mas o que se passa é que a esmagadora maioria das pessoas que existem no mundo são particularmente estúpidas.

Pode-se fazer uma experiência simples. Escolhendo qualquer grupo de pessoas (os habitantes de uma cidade, os habitantes de um país, os hóspedes de um hotel, os alunos de uma turma, uma equipa de futebol, etc) e avaliando o QI de todos, há sempre menos pessoas com um QI particularmente algo, sendo que a maioria terá um QI médio ou abaixo da média.

Ou seja, os inteligentes são sempre a minoria.

Por isso é que estudos efectuados ao longo de décadas demonstram que as pessoas mais inteligentes demonstram uma maior tendência para o ateísmo.

Por isso também há tantos crentes, comparado com o número de ateus.


Por Rui Batista

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Erros e besteiras sobre o Big Bang




Introdução:

Há entre o público em geral um profundo desconhecimento sobre o que de fato significa a Teoria do Big Bang.

O principal problema está logo na leitura do enunciado da Teoria. As pessoas em geral leem que a Teoria se baseia na observação objetiva e clara de que o universo está em expansão em todas as direções.

As galáxias se afastam umas das outras em velocidades alucinantes.

Logo, tem que ter havido um tempo em que todo o universo estava concentrado no espaço de uma única galáxia.

Como não há NADA que impeça imaginarmos o processo continuando, temos de concluir que houve um tempo em que todo o universo estava concentrado no espaço de uma única estrela.

E assim por diante, temos de concluir que houve um tempo em que o universo inteiro estava concentrado num único PONTO.

A esse PONTO, o astrônomo e sacerdote católico Georges Lemaître deu o nome de “átomo primordial”. Nele estaria concentrada TODO o universo. Ponto final.

Isso em nenhum momento implica que o “átomo primordial” tenha “vindo do nada”, “sido criado por Deus” ou “vindo de outro universo”. A Teoria não pode prever nada disso. Será que isso ficou claro?

Então por que será que após ler essa descrição tão objetiva, as pessoas passam logo a fazer afirmações das mais estranhas e sem nexo? Isso é realmente um mistério para mim.

1 – O conceito filosófico de “Nada”.

O que é o “Nada”? Parece uma pergunta simples, mas na verdade não é.

Há várias definições filosóficas para o que seja o Nada, quase todas confusas.

Vamos tentar uma abordagem mais simples:

Imagine um lugar no espaço em algum tempo determinado. Imaginou?

Agora vá tirando TUDO o que tem lá. Tire os elementos sólidos, os líquidos, os gases, as radiações de todo tipo e no final retire até mesmo o tempo e o espaço. Isso seria o NADA.

Então o Nada existe? Na verdade, a resposta é NÃO. Simplesmente não existe uma forma de fazer o que eu descrevi. Não se pode tirar TUDO de algum lugar ou tempo. SEMPRE irá sobrar alguma coisa.

É o mesmo que o “número infinito”. O que é esse número?

Imagine um número MUITO grande. Imaginou? Ele é o “número infinito”?

NÃO. E por que não? Porque dado qualquer número, por maior que seja, sempre posso acrescentar a ele +1. E a esse +1 e assim eternamente.

Com o Nada é a mesma coisa. Sempre que você imagina o Nada, poderá pensar em lhe TIRAR mais alguma coisa. Daí não haver de fato um Nada de forma objetiva.

2 – A confusão de Krauss.

Lawrence M. Krauss é um físico e cosmólogo brilhante. Seu livro ““Um Universo que veio do nada: porque há criação sem Criador” foi um grande sucesso. Mas contem uma enorme “barbeiragem” em termos de filosofia.

O Krauss identificou o “Nada” dos filósofos como sendo algo parecido com o “Design Inteligente” dos criacionistas. De fato, ele diz no seu livro:

“O “design inteligente” é simplesmente um guarda chuva unificador para fazer oposição à evolução. Do mesmo modo, alguns filósofos e muitos religiosos definem e redefinem o “nada” como nenhuma das versões que cientistas descrevem atualmente” [1].

Como vimos anteriormente, essa não é a definição filosófica do “Nada”. Além disso, ele não se deu conta de que o conceito de “Creatio Ex Nihilo” (criação do nada) não está na Bíblia. É uma invenção de teólogos gregos para explicar o paradoxo de a matéria ser eterna juntamente com Deus. Se a matéria é eterna (como acreditavam os filósofos gregos) então não precisou ser criada. Não deve sua existência a Deus. Isso não parecia aceitável para aqueles piedosos doutores da Igreja.

Então o Krauss decidiu provar que o “Nada é alguma coisa” e “O nada é instável” respectivamente os títulos dos capítulos 9 e 10 do seu livro.

Isso se deve a uma forma de pensar um tanto estranha, ele escreveu:

“Claramente, o “nada” é tão físico quanto o “algo”, principalmente se for definido como a “ausência de algo”. Então cabe a nós entender exatamente a natureza física de ambos, E, sem a ciência, qualquer definição são apenas palavras” [2].

Esse é um erro em termos de filosofia. É como dizer que o número infinito de fato existe e pode ser definido de alguma forma como sendo um número inteiro e racional.

Em outras palavras, ele acabou por abrir uma enorme brecha para as críticas dos religiosos de que ele e outros “cientistas ateus” defendiam que o “universo veio do nada”. A inconsistência dessa abstração dos teólogos acabou se virando contra ele!

Não podemos dizer que o “Nada” é “físico”, lhe dar vários atributos e esperar que ele continue a ser nada...

3 – O que é afinal o BIG BANG?

A Teoria do Big Bang se baseia em algumas ideias relativamente simples e objetivas. Todas elas fruto de observações e matemática e não de especulação ou devaneios.

Há séculos se discutia se o universo era estático, ou seja, sempre foi do jeito que é, ou não.

Toda a Teoria da Gravitação de Isaac Newton se baseia em um conceito de universo estático. Esse universo seria assim desde sempre e o seria para sempre.

Como surgiu? Como Newton e seus amigos não queria “pagar de ateus”, desenvolveram o que se chamou de “deísmo”. O universo é uma espécie de relógio mecânico muito preciso e que surgiu a partir de um “Criador” que só o pôs para funcionar, mas depois se afastou e ninguém mais soube dele. “Se subiu, ninguém sabe, ninguém viu...”

Essa visão de mundo se manteve até Albert Einstein desenvolver a Teoria da Relatividade e escrever certas equações que lhe dão uma bela sustentação matemática.

Mas foi aí que surgiram dois caras muito chatos. Um era o russo Alexander Friedmann e o outro o padre católico Georges Lemaître. E o que foi que eles fizeram?

Bom. Eles pegaram as equações de Einstein e lhe colocaram ‘valores extremos” para ver se elas lhes podiam dizer sobre o passado do universo. E o resultado foi surpreendente:

Segundo as equações, o universo não era estável, mas tinha surgido de algum ponto inicial e se expandia constantemente. O padre até inventou um nome legal para o começo do universo: O “átomo primordial”.

A ideia parecia doida? Para Albert Einstein parecia. Ele disse aos dois que esquecessem o assunto porque estava desenvolvendo uma nova teoria que “explicaria” que o universo de fato era estável.

Depois ele publicou seu trabalho sobre a “Constante Universal” que resultaria que certas forças que equilibrariam a força da gravidade e manteriam o universo, belo e formoso, sempre estático.

Mas aí surgiu um cara mais chato ainda. Ele se chamava Edwin Hubble e, mesmo sem saber nada sobre o russo e o padre chatos, descobriu que todas as galáxias estavam se afastando umas das outras.

Como ele fez isso? Você já teve ter percebido que se uma ambulância ou carro de polícia passa por você, o som da sirene parece mais agudo quando ele vem e depois vai ficando mais grave quando ele se afasta.

Isso acontece porque quando ela se aproxima, as ondas sonoras se somam a velocidade do carro e quando se afastam se subtraem. Isso é chamado de “Efeito Doppler” e você já aprendeu isso com a Tia no ensino fundamental.

O efeito também acontece com a luz. E no caso, o que está se aproximando vai ficando mais azul e o que se afasta mais vermelho. É o “desvio para o vermelho”. E o nosso amigo Hubble descobriu que isso acontecia com todas as estrelas de todas as galáxias. Só podia haver uma conclusão: As galáxias estavam todas se afastando umas das outras.

E se é assim agora, então no passado tinham de estar todas juntas, na verdade muito juntas, exagerando, tinham de estar tão juntas que toda a massa e toda a energia do universo tinham de estar num único ponto “infinitamente denso e quente”.

Isso provou que o russo e o padre estavam certos e o bom professor Einstein estava errado. Isso é a Teoria do Big Bang.


4 – Um filme passado de trás para diante.

Outra forma de explicar o Big Bang é imaginar que estamos vendo a expansão do universo “de fora” dele. E não só isso, estamos vendo o processo todo acontecer ao contrário, de trás para diante, como num filme rodando do fim para o começo.

O que veríamos? Bem, as galáxias agora estão se aproximando umas das outras.

Num dado instante elas acabam por se entrelaçar e as estrelas começam a colidir umas com as outras formando objetos cada vez mais massivos.

Uma coisa interessante e muito importante é que a MASSA e a ENERGIA do universo permanecem a mesma. Embora a massa e a energia de vários corpos celestes se fundam e se transformem, a quantidade total de massa e energia permanece sempre a mesma.

Nosso filme ao inverso será um espetáculo espantoso de compressão de tudo o que existe em objetos cada vez menores e cada vez mais massivos. O volume do universo se reduz de forma dramática, mas sua densidade vai aumentado. A energia se condensa, mas a temperatura geral também vai aumentando.

Num dado momento mesmo os átomos se fundem em aglomerados de partículas subatômicas (qharks, elétrons, neutrinos e suas partículas) de onde nem os fótons mais conseguem escapar. Daí em diante não poderíamos ver mais nada.

Isso não significa que o universo tenha “virado nada”. Não. Ele estaria todo concentrado em algo que o Georges Lemaître chamou de “Átomo primordial”. Trata-se de “uma única partícula maciça de densidade infinita”. [3].

“Uma extrapolação da expansão do universo no passado, usando a relatividade geral, produz uma densidade e uma temperatura infinitas em um tempo finito.” [4].

Ou seja, em nenhuma das narrativas sobre a Teoria do Big Bang se diz que o universo “veio do nada”. Até porque como vimos no nosso “filme ao contrário”, é a própria MATÉRIA do universo que se junta de forma a formar o tal “átomo primordial”.

E é essa mesma MATÉRIA que se expande numa grande “explosão” ou, segundo teorias mais recentes, “inflaciona” de forma espetacular.

Visto isso, vamos deixar de uma vez por todas com essas afirmações descabidas de que o Big Bang é uma teoria que prevê que o universo “veio do nada”. E pior ainda que foi “criado” por algum “ser superior”. A Teoria, como vimos, não tem nada a ver com isso.




_______________

[1] “Um Universo que veio do nada: porque há criação sem Criador” / Lawrence M. Krauss – São Paulo: Paz e Terra, 2013. Página 12.
[2] Idem, inclusive a página.
[3] “Teoria do Big Bang” – Toda Matéria.
[4] “Big Bang” – Wikipédia.

sábado, 25 de novembro de 2017

Ateísmo e a descrença




"Teísmo" significa "crença em Deus". Então, "ateísmo" significa "não crença em Deus". Um ateu é alguém que não acredita que existam seres mágicos poderosos ("deuses"). Você provavelmente é um a-unicórniano e um a-duendista, porque você não acredita que os unicórnios ou duendes existam. Você também pode ser ateu em relação a milhares de deuses, exceto talves apenas em (Jeova, Ala ou Vishnu).

Como o teísmo, o ateísmo não é uma visão de mundo ou uma religião. Se você é um teísta, isso pode significar que você é um cristão tradicional, um cientologista cristão, um muçulmano, um hindu, um budista, um sikh, um animista primitivo, um panteísta, um satanista teísta ou muitas outras. coisas. Saber que alguém é teista não lhe diz nada mais sobre eles - sua política, sua moral, suas crenças metafísicas - apenas que eles acreditam em algum tipo de deus ou deuses.

Do mesmo modo, um ateu pode ser um humanista, um naturalista, um budista, um cristão não-realista, um niilista ou qualquer número de coisas. Não há nada que une os ateus, exceto que, por definição, eles não acreditam em deuses.

Existem duas definições diferentes para o teísmo. Uma definição, que podemos chamar de teologia ampla, simplesmente significa crença em algum tipo de deus ou deuses. Outra definição, que podemos chamar de teísmo estreito, refere-se à crença em um único Deus pessoal.

O ateísmo nega ambos os tipos de teísmo, embora os ateus geralmente estejam mais certos de sua negação do teísmo estreito do que o teísmo amplo. Por exemplo, eles podem ter 99% de certeza de que Zeus e Jeova e Thor não existem, mas apenas 85% certos de que nenhum deus de qualquer tipo existe. Quanto mais especificamente você define "Deus", mais argumentos e evidências podem ter contra tal Deus.




Tradução livre do artigo "Ateísmo de Senso Comum", por Asor

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Mas então QUEM criou o Universo?




Os crentes, com uma frequência quase enjoativa, costumam perguntar: "Mas então QUEM criou o universo?" 

QUEM?!?! Mas porquê um QUEM?

Demonstra já a formatação a que foram sujeitos, ao assumirem uma entidade.

No que respeita à origem do universo, a ciência não afirma o que deu origem ao universo.
Nem afirma que o universo teve origem.
Afirma apenas que o evento mais antigo de que há registo (e sim, HÁ PROVAS de que aconteceu) é o Big Bang.
Não afirma o que houve antes ou sequer se houve antes. 

Quem afirma que o universo teve uma origem são os crentes. E afirmam que essa origem foi deus. 

Usualmente, até se apoiam na ideia, que repetem como um mantra, de que "Nada pode vir do nada." 

Nenhum ateu ou cientista afirmar que algo veio no nada.
São os crentes que afirmam que um deus que surgiu do NADA, criou um universo a partir do NADA, criou o planeta Terra a partir do NADA, criou os animais que povoam o planeta, a partir do NADA, etc. 

Primeiro precisam de PROVAR que deus existe.
Depois, PROVAR que ele é capaz de criar coisas a partir do nada.
E depois PROVAR que o universo surgiu do nada, produzido por deus. 

Mas quer-me parecer que vão falhar logo na primeira, que é PROVAR QUE DEUS EXISTE.


Por Rui Batista

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A analogia do relógio



A analogia do relógio é mais uma daquelas totalmente forjada para parecer que estabelece uma relação biunívoca entre um relógio e um ser vivo.

Mas apenas o consegue no que respeita à aparente complexidade.

De resto, falha miseravelmente ao descartar elementos chave que anulam completamente qualquer relação que se possa tentar estabelecer entre um relógio e um ser vivo.

Os seres vivos são compostos de bases orgânicas com a capacidade de fazerem cópias de si próprias através de processos químicos básicos. 
O relógio não.

Os processos químicos dos seres vivos são baseados em bases de aminoácidos que podem perfeitamente surgir em condições naturais como já foi demonstrado desde os anos 50 do século passado. 
Os relógios não.

Os seres vivos são unidades de carbono que têm uma dinâmica orgânica e que se ajusta e reage ao ambiente. 
O relógio não.

Os seres vivos podem sofrer alterações por mutação, seja através de alterações ambientais, erros no processo de cópia, radiação, etc. 
O relógio não.

Alterações fortuitas que façam com que, naturalmente, exista uma maior probabilidade de sucesso reprodutor, são transmitidas e tornadas dominantes e as que piores a probabilidade de sucesso reprodutor tornam-se recessivas. 
Nos relógios isso não acontece.

Os seres vivos, ao longo dos tempos, têm vindo a sofrer alterações graduais (e há um registo disso). Os relógios (mecânicos, pois era esse o exemplo), funcionam todos fundamentalmente da mesma maneira, desde que foram inventados até hoje.

O exemplo do Boeing 747 é ainda mais ridículo porque descarta tudo o que disse acima acerca dos processos naturais e considera que os seres vivos resultariam apenas de uma roleta russa de elementos químicos, sem considerar o modo como eles reagem e se combinam, de acordo com as suas características químicas.

Portanto, como sempre, analogias idiotas, apesar de apresentadas de uma forma aparentemente erudita, ignorando pontos chaves fulcrais ou deliberadamente escamoteando-os, de modo a forçar apenas a ideia que se pretende passar.


Por Rui Batista

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Tu tens a palavra de deus




Às vezes, os cristãos olham para ti nos olhos e dizem-te com uma seriedade mortal: "Deus deu-te a Sua Palavra. Tu acreditas ou não acreditas. Depende de ti".

Deixem-me ignorar este tom passivo-agressivo porque existe um problema muito mais importante com isto.

Deus não me deu a sua palavra. Nem deu a sua palavra a milhar de milhões de pessoas. Homens apenas disseram o que eles afirmam que Deus lhes disse a eles - homens que estão mortos há muito e são anónimos. Não tenho como questionar esses homens, e eles não ofereceram provas de que as suas palavras são verdadeiras.

Não tenho ideia se esses homens eram honestos, se eram mentirosos, ou se foram enganados, ou estavam confusos ou tinham um motivo qualquer que eles não divulgaram. Eu sei que as estórias que esses homens contaram incluem muita magia e superstição e eventos fantásticos que não podem ser verificados e são difíceis de acreditar. E eu sei que cometiam sérios erros ao descrever o mundo e o universo.

Honestamente, mesmo que esses homens estivessem hoje vivos e eu pudesse conversar com eles, eu ficaria relutante em acreditar nas suas estórias sem provas convincentes. Mas eles não ofereceram nenhuma evidência.

Para mim, isso coloca esses homens no mesmo patamar que aquele homem vestido elegantemente, usando um Rolex de ouro sólido e que conheces num bar. Tu sabes quem. É aquele que quer vender-te a ponte de Londres a um preço de arrasar.

Obrigado, mas não, obrigado.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A aparente complexidade do cosmos



A aparente complexidade do cosmos em geral e da natureza em particular (na realidade são ambas e a mesma coisa, ou seja, tudo o que é natural), não é prova da existência de um deus.

O cosmos não é complexo a ponto de só poder ser explicado por uma suposta entidade consciente e intencional.

A aparente complexidade do cosmos deve-se à quantidade abismal de variáveis e processos em acção que são difíceis de sistematizar de uma forma descritiva que permita uma previsão e compreensão globalizante.

É como a previsão meteorológica.

Não é possível criar um modelo perfeito de previsão de movimentos das massas de ar porque é um modelo probabilístico orgânico que depende de tantas variáveis que a única maneira de haver um sistema de previsão seria ter um que contabilizaria TODAS AS VARIÁVEIS que condicionam os movimentos dos ventos.

Basta que um avião caia e haja uma explosão para que se alterem as condições de temperatura num local e que se alterem variáveis suficientes do sistema para que qualquer previsão fosse alterada.

Basta que haja um acidente que provoca uma fila de trânsito que aumente as emissões de CO2 e isso vai alterar o equilíbrio de todo o sistema.

Basta que haja um fogo florestal ou o rebentamento de uma conduta para que se alterem factores de temperatura e humidade relativas suficientes para alterar as variáveis que condicionam o funcionamento do sistema climatérico.

Por isso é que é IMPOSSÍVEL criar um sistema de previsão climatérico perfeito. Porque seria necessário um sistema que simulasse TODOS os factores que contribuem para esse sistema organicista e muitos dos factores são imprevisíveis.

É como costumam dizer: "O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque."

Portanto, a aparente complexidade do cosmos é apenas devido à imensidade do cosmos e à quantidade de variáveis que estão em acção.

O mesmo se aplica ao "micro-cosmos" terrestre, ou seja à "natureza".

A atitude correcta perante a aparente complexidade é a de a analisar e tentar arranjar modelos descritivos correctos o suficiente para poder sistematizar e prever fenómenos naturais. É o que os cientistas, nos últimos 200 anos têm feito. Nunca serão modelos perfeitos pois têm sempre que ignorar as variáveis mais subtis. Mas são perfeitos o suficiente para nos permitir prever eventos ou resultados com um grau de precisão aceitáveis.

Por isso é que se conseguem construir aviões, foguetões, automóveis, telemóveis, televisores, computadores, etc.

Porque se compreendem os fenómenos físicos intrínsecos que governam tudo.

Quando se atribui a aparente complexidade a uma divindade, é porque se desistiu de pensar. É porque se é intelectualmente preguiçoso e se prefere a resposta fácil de "foi deus".


Por Rui Batista

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O que explica a Teoria da Evolução




Vou tentar explicar com palavras simples, para os crentes tentarem perceber (se tiverem coragem e vontade de aprender, claro), o que explica a Teoria da Evolução.

O que a Teoria da Evolução por Selecção Natural diz que acontece, é mudanças ao longo do tempo.
Mudanças MUITO PEQUENAS, ao longo de MUITO TEMPO.
Mudanças PRATICAMENTE IMPERCEPTÍVEIS, ao longo de SÉCULOS, MILÉNIOS ou mesmo MILHÕES DE ANOS.

Por exemplo:
- Num local existe comida X e comida Y.
- Nesse local, vive o organismo A, que come a comida X.
- Devido a uma mutação (acidente genético, alteração das condições ambientais, introdução de um agente externo no ecossistema, etc), nasce um organismo A diferente, chamemos-lhe organismo B, com a capacidade de digerir também a comida Y.
- Passam a existir nesse local, o organismo A que só come a comida X e o organismo B que consegue comer tanto a comida X como a comida Y.
- O organismo B cruza-se com o A, mantendo os genes adulterados que lhe deram a nova característica, caso os genes sejam predominantes.
- As duas variantes A e B proliferam e espalham-se por zonas mais abrangentes.
- Num determinado local, a comida X escasseia mas há abundância da comida Y. Nesse local, todos os organismos A começam a desaparecer porque não têm como se alimentar. Mas os organismos B, proliferam.
- Os genes que dão as características de poder digerir a comida X, começam a desaparecer. Começam a haver, nessa zona, apenas organismos B. 

E o processo repete-se ao longo de milhões de anos, com características diferentes, até que a diferenciação é tanta que se pode considerar uma nova espécie porque já se perderam muitas das características dos organismos ancestrais que deram origem a esse ramo.

Custa muito entender?!?

A Teoria da Evolução por Selecção Natural é apenas isso: mudança gradual ao longo de muito tempo.

E sim, há provas. E, em casos particulares, até já foi observado, porque usualmente é um processo que demora MUITO, MUITO TEMPO.

Mas dizer que a Teoria da Evolução está errada porque não é possível apercebermo-nos das variações é como medir a altura de uma árvore de manhã, voltar a medí-la à noite e, como não há diferença, concluir que a árvore não cresce.
São processos LENTOS. Muito lentos.

Por Rui Batista

domingo, 19 de novembro de 2017

A todos os crentes religiosos




Dirijo-me a todos os crentes religiosos.

E, primeiro, acho que é importante deixar bem claro o que quero dizer com "crente religioso".
Refiro-me a todas as pessoas que acreditam na existência de uma entidade superior que, apesar de ser invisível e indetectável, consideram ser a responsável por tudo o que existe, que supervisiona tudo o que existe e que tem poder ilimitado; aquilo a que designam por omnipotência, omnisciência e omnipresença.

Portanto, se acreditas na existência de tal "arquitecto universal", é a ti que este texto se destina. Ainda estou, no entanto, indeciso acerca de se devo usar a designação de "crentes" ou "crédulos". Até que se justifique, usarei a palavra "crentes", por uma questão de facilidade.
Também, sempre que me referir à divindade em que acreditam, assumirei neste texto que se trata do deus abraâmico Jeová e irei designá-lo apenas por "deus", pois a utilização do "D" (maiúsculo) é uma reverência artificial por parte dos crentes, para tentar dar um valor especial a uma divindade que é apenas uma de entre cerca de 2870 outras divindades e que teve a sorte de ter uma maior "campanha publicitária", levada a cabo - e imposta - por regimes poderosos e totalitários.

A palavra-chave, à volta da qual se vai desenvolver este texto já foi apresentada no parágrafo anterior: ACREDITAR

Vocês apenas e simplesmente ACREDITAM que deus existe.
Não conseguem provar que existe.
Não conseguem demonstrar que tem uma existência factual, para além da vossa imaginação e credulidade.
Conseguem, no entanto, inventar desculpas para não se conseguir provar que deus existe.
E fazem-no com um desespero ridículo.
Inventam argumentos (todos refutados) e apresentam interpretações vossas, influenciadas pelas superstições em que acreditam, como se fossem provas para tentar justificar o injustificável: a existência de uma divindade que foi inventada por povos ignorantes e supersticiosos que viviam no deserto, na Idade do Ferro e do Bronze, e que nem sabiam para onde o Sol ia quando se punha a Oeste, no fim do dia.

Sentem-se apoiados por uma comunidade de confrades crentes, achando que "se tantos acreditam no mesmo, tem de ser verdade". Só que:

Acreditar não é método válido para avaliar ou definirá a verdade.
Nenhum dos milhões de crentes consegue provar que deus existe e limita-se a acreditar.
Se 10 pessoas acreditam numa coisa estúpida, essa coisa continua a ser estúpida, mesmo que acreditada por 10 milhões. Não se altera a estupidez da crença. Apenas aumenta o número de idiotas que acreditam numa coisa estúpida.

Acreditar em algo e achar que basta a crença para que esse algo seja verdade, é ser-se voluntariamente ingénuo e ignorante. Mesmo que se seja céptico e inteligente para tudo o resto.
Existem crentes que são pessoas dotadas de uma grande inteligência.
Todavia, no que respeita à sua crença, abdicam voluntariamente dos critérios racionais com que pautam todos os outros aspectos da sua vida.
Suspendem a lógica para poder aceitar, sem questionar, aquilo que é inverosímil e implausível, apenas para poderem sustentar a sua crença.
Por isso é que se assiste a demonstrações ridículas de tentativas de racionalização da crença, por parte dos crentes inteligentes.
Porque são pessoas que usam a tua inteligência para tentar arranjar argumentos e justificações para sustentar aquilo em que acreditam por motivos nada inteligentes.
Os crentes mais inteligentes, nem tentam racionalizar a sua crença, porque sabem que, se o fizerem, entram em conflito directo com a lógica e serão obrigados a admitir que a crença é totalmente irracional. Portanto, para não abdicarem da crença, tratam-na como uma excepção, onde as leis da lógica e os processos racionais não podem - nem devem - intervir.

Infelizmente, a esmagadora maioria do mundo é, hoje em dia, constituída por crentes.
Porquê?
Porque é fácil e eficiente criar crentes.
Basta que um crente (usualmente um casal de crentes, ou toda uma família de crentes) comece a formatar um jovem crente quando ainda está na idade em que não sabe ainda distinguir a fantasia da realidade e não desenvolveu os mecanismos de análise crítica e racional da informação que lhe é fornecida.
Então, ensopam a criança com fantasias, crenças, dogmas, regras e ameaças, de modo a que isso faça parte da sua formação de base, criando os alicerces para um adulto que também não sabe distinguir a fantasia da realidade.
E assim, a crença em divindades propaga-se e mantém-se, como se de uma epidemia incontrolável se tratasse.
Porque, se os conceitos associados à crença de divindades fossem apenas apresentados aos indivíduos numa idade em que já conseguem pensar de uma forma racional e sabem fazer distinções entre valores reais e abstractos, poucos seriam os que levariam a sério a ideia de um deus com as características do deus abraâmico.
Ou seja, se as crianças não fossem doutrinadas na infância e os pais fossem honestos e justos, deixando os filhos escolherem por si próprios se queriam acreditar ou não, quando já tivessem capacidade para entender o que significa a crença dos pais... a crença em divindades desapareceria - ou diminuiria substancialmente - em poucas gerações.

Caros crentes...

Querem acreditar em fantasias que lhes foram ensinadas, nas quais gostam de acreditar e nas quais lhes foi ensinado a ter medo de deixar de acreditar?
Óptimo! Continuem.
Mas façam-no na intimidade do vosso lar e não tentem convencer outros das vossas fantasias.
Fantasias que NÃO CONSEGUEM PROVAR que são mais do que meras fantasias.
E, acima de tudo, NÃO AFIRMEM que as vossas fantasias são a realidade, PORQUE NÃO CONSEGUEM PROVAR QUE SÃO A REALIDADE.

E parem de arranjar desculpas para não conseguirem provar que deus existe.
Fazem uma figura ridiculamente patética quando apresentam essas desculpas.
Não conseguem provar que deus existe, porque NÃO SE PODE PROVAR A EXISTÊNCIA DE ALGO QUE NÃO EXISTE.

E fazem uma figura mais ridícula ainda quando pedem para PROVAR QUE DEUS NÃO EXISTE.
Se tivermos de considerar a possibilidade da existência de deus só porque não há provas que não existe, então temos de considerar a possibilidade da existência de TODOS OS 2870 deuses registados ao longo de toda a história da humanidade.
E também de entidades que correspondam à definição de centauros, fadas, orcs, dragões, etc... porque NÃO SE PODE PROVAR que algures no universo não haverá algo que lhes corresponda.

Claro que não se pode provar que deus não existe porque é impossível provar uma inexistência universal de algo que não seja puramente conceptual.
Por exemplo, não posso provar que não existem unicórnios. Algures no universo pode existir algo que corresponde ao que definimos como unicórnio.
No entanto, posso provar que não existem unicórnios no meu quarto. Ou posso provar que no topo da árvore que tenho aqui fora na rua, não há unicórnios.
Só é possível provar não-existências locais e em condições específicas e bem definidas.
Mas é totalmente impossível provar uma inexistência universal.
Para tal, eu teria de ter TODO o conhecimento de TUDO o que existe no universo para provar uma inexistência por "reductio ad absurdum".

Mas o facto de não poder provar que não existem unicórnios, não me leva a assumir que possam existir e a agir como eles possam existir.
Se não há provas da existência deles, assumo que não existem.
E é por isso que, quando saio de férias, levo uma máquina fotográfica mas nunca me passa pela cabeça que uma das possibilidades fotográficas que vou ter será a de poder fotografar um unicórnio. Simplesmente não contemplo essa hipótese porque, devido à total ausência de provas, assumo a não existência.
Até que me provem o contrário, claro.

O mesmo se passa com deus. Não existem provas nenhumas. Nada que se possa testar, que se possa confirmar, nada que se possa experimentar e cujo resultado seja coerente seja qual for o número de testes.
Portanto, assumo a não-existência de deus, até que me provem o contrário.

E porque digo "até que me provem o contrário"?
Porque, como expliquei acima, é impossível provar a não-existência de algo. Mesmo que esse algo não exista mesmo.
Mas quando algo existe, pode-se provar que existe.

Mas as características que apontam a deus, para justificar a impossibilidade de lhe provar a existência: é invisível, inaudível, intocável, inodoro, intestável, indetectável... correspondem à definição de algo QUE NÃO EXISTE.


Por Rui Batista