quinta-feira, 31 de maio de 2018

O deus das lacunas



Os crentes argumentam que não sabemos como o universo surgiu, então eles dizem que foi Deus quem o fez surgir. Mais, eles dizem que não sabemos como a vida começou, então eles acreditam que Deus fez a vida também.

Mas por que eles assumem que o mesmo agente criou o universo e a vida? Certamente, estes trabalhos serão muito diferentes? Um exige que o agente esteja fora do universo e o outro requer que o agente esteja dentro dele. Uma é a física básica numa escala de anos-luz, a outra é engenharia molecular avançada trabalhando numa escala ångström. Um trabalho requer o manuseio de uma quantidade inimaginável de energia, a outra uma quantidade minúscula.

Se insistires em concluir que a intervenção sobrenatural foi necessária, o que te dá tanta certeza de que apenas um agente estava envolvido? Certamente, deverias suspeitar que dois ou mais agentes devam estar envolvidos, ou, no mínimo, tu deverias ser honesto e admitir que não tens ideia de quantos deuses possam estar envolvidos.

Mas então, o problema com a honestidade é que ela prejudica o teu verdadeiro objetivo - fingir que quando falas com o teu deus, tu apenas estás falando contigo mesmo.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Alegações extraordinárias nunca demonstradas



Aqui está um teste para os pastores que afirmam que podem fazer milagres através de deus: leve-os a um hospital para orar por 30 pacientes.

  • Dez pacientes têm insuficiência da válvula aórtica e precisam de substituição das válvulas cardíacas.
  • Dez são quase cegos, sofrem de cataratas avançadas, os seus olhos precisam de lentes de substituição. 
  • Dez têm osteoartrite crónica nos seus joelhos e precisam de articulações artificiais nos mesmos.

Num hospital moderno, os cirurgiões alcançarão uma taxa de sucesso de 100%, ou quase 100%, curando esses 30 pacientes. Deus será incapaz de curar qualquer um deles.

Qualquer pastor pode se sentir livre para provar que estou errado, mas nunca vimos deus fazer o que os cirurgiões fazem todos os dias.

Os crentes fazem reivindicações extraordinárias por deus. Eles afirmam que ele criou um universo inteiro a partir do nada e que ele projetou e montou coisas vivas de átomos. Mas eles não podem mostrar que ele pode substituir uma articulação dum joelho, uma lente dum olho ou uma válvula dum coração.

A verdade é que os crentes não podem sequer mostrar que deus existe, muito menos que ele alguma vez fez o que quer que seja. Os crentes têm fé e afirmações vazias, mas nada mais.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Tão espertos mas ainda assim tão estúpidos...




Estamos no século XXI. Nós caminhámos na Lua e enviámos máquinas para percorrer a superfície de Marte. Os nossos telescópios conseguem ver até ao alvorecer do Universo e nós já dividimos os átomos para ver o que está dentro deles.

Nós já vimos o nosso planeta do espaço e podemos viajar em torno dele num único dia.

Podemos pegar em corações, rins, fígados, pulmões e outras orgãos de pessoas falecidas e transplantá-las para pessoas doentes de modo a salvar as suas vidas.

Ainda assim, milhares de milhões de nós adoram um Deus da Idade do Ferro que exige sacrifícios de sangue, odeia pessoas gays e pensa que as mulheres são propriedade de homens.

Como podemos ser tão inteligentes e ainda assim tão estúpidos?


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Esses incircuncisos




A paz e a ordem entre os homens podem ser ameaçadas cada vez que surge um novo rito litúrgico!


-Mostre o pinto! Precisamos saber se você é um dos nossos, se você traz consigo o sinal da aliança com deus! O que......? Você não é circuncidado? Por esse motivo a maldição de deus paira sobre nós!!!
-Irmã, como pode? Orando sem véu? Como acha que deus vai ouvir suas orações? Por esse motivo sua casa estar uma desordem! E essas pernas depiladas? As pontas dos cabelos aparados? Meu deus...! O espirito santo de deus estar se afastando de ti minha irmã, deus tenha de misericórdia ti! A vaidade estar entrando em sua casa! Deus me mostra sua ruina!
-Diácono, você estar pregando sem terno e sem gravata! Isso é profanação! Isso não pode! Por esse motivo o fogo de deus não desce no meio da igreja e o espírito santo não batiza mais ninguém! Ninguém fala mais em línguas estranhas aqui. A igreja estar se esfriando por sua causa! Deus vai cobrar de você...
-Não acredito irmão! Você foi a padaria hoje comprar pão? Hoje é sábado! Por que não fez isso ontem? Além do mais você recebeu o dinheiro daquela pessoa que te devia há mais de um ano e justamente hoje passou aqui para te pagar! Isso são laços dos demônio! Você precisa vigiar mais! Nossa comunidade sofre por sua causa! Deus estar triste com isso!
-Marido? Você não deu o dízimo esse mês? Por causa disso nosso filho pegou resfriado, o cachorro morreu, minha mãe quebrou a unha, o bujão de gás faltou mais cedo e não me sobrou nem o dinheiro pra colocar nas campanhas da igreja! Como você pôde comprar comida e pagar as contas da casa primeiro? Isso não se faz! Primeiro é o do senhor, depois o nosso! Como eu fui me casar com um homem infiel desses! O diabo me enganou! A profecia da irmãzinha que orou em minha cabeça quando eu pedia um homem, dizia que eu ia me casar com um varão, um homem de deus, e acabei me deparando com um infiel que honra mais o compromisso com o mundo do que com a casa de deus! Vigie homem! Se for preciso ele te levar ele te leva, mas que eu vou ter um varão fiel eu vou ter sim! Xiribicantas! Deus é o que dar a vida e o que tira! Nunca mais roube ao senhor!
-Vejam irmãos, as pessoas daquela outra igreja fazem tudo o que o mundo faz! Assistem televisão, usam maquiagens, usam bermudas e camisetas, praticam esportes...Nem parecem ser cristãos! Quando jesus vier, eles vão ficar por que o mundo está dentro deles. Nós estamos no caminho certo, amém irmãos! Ora vem senhor jesus!

Incircunciso...infiel...filho do capeta...herege...maldito seja ele...não salvo...!
Quem nunca ouviu algo assim? Essas são as palavras mais “delicadas” que alguns “servos de deus” profere uns contra os outros.

Estando dentro ou fora de um agrupamento religioso em que se invoque uma divindade metafísica, todos nós estamos sujeitos a ouvir citações como essas, pois estamos rodeados por uma maioria de pessoas que vivem envoltas nos mais diversos ritos religiosos. Praticamente todos eles tentando dizer de modo verbal ou não verbal que o seu rito é o correto e todos os demais não o são.

Ter um rito religioso não seria tão prejudicial se cada pessoa que faz uma citação a respeito de determinado rito nãos os endeusassem tanto, não os tivessem como verdade universal aplicável a todos os homens, ou não tentasse por meio de proselitismo intencional ou disfarçado, inculcar tais crenças e práticas a todos quantos possam contatar.

Em qualquer parte do mundo, um punhado de pessoas que se reúne para dar início a um novo segmento de culto, uma nova realidade ali se estabelecerá. Todos os que entram depois do grupo ter sido formado, acham que tudo aquilo já acontecia daquele modo desde que o mundo é mundo. Os que continuam a manter o senso crítico será sempre hostilizados nesses movimentos e os que são adeptos da troca de barganhas receberão destaques. Para cada “vontade de deus” expressa de modo direto por meio de um “servo de deus”, a paz, a sanidade e a saúde de muitas pessoas serão comprometidos.

Parece ficar sub entendido, que uma das maiores graças alcançadas por um fiel na maioria dos ritos religiosos seja o ato de parar de raciocinar, o de entrar no modo robótico de ser, e a partir de então apenas reproduzir tudo que o líder ordena, mesmo que isso seja ilógico, antagônico, cruel, desumano ou que ultrapasse todo o senso de ridículo já estabelecido. Que diga isso as vítimas de todos os ataques ordenados pelo próprio deus no antigo testamento as nações “pagãs”. Que diga isso as vítimas de todas as guerras santas causadas no mundo ocidental, a mando desse mesmo deus, por meio das 3 religiões que o representam.

“Feridos em nome de deus” ou “mortos em nome de deus” seria o nome mais apropriado para produção de um documentário longa-metragem sobre esse assunto. O problema seria definir a quantidade de horas que seria necessário para exibir tal filme, já que essa história se repete todos os dias, inclusive nesse exato momento enquanto lês este artigo. Até então, essa tem sido uma história sem fim, a história das besteiras que as pessoas fazem em nome da fé.

Fica subentendido numa sociedade pluralista de crenças religiosas que todo o rito religioso deve ser respeitado. Fica subentendido também entre todos, que as escondidas, nas rodinhas de conversas com membros da mesma crença, todos podem criticar e ridicularizar a crença alheia. Falar o quanto os outros, da igreja do lado, ou do segmento concorrente estão errado é algo que praticamente todo religioso faz. É um produto natural da crença religiosa em si. A hipocrisia é aceitável para evitar o confronto direto. Os “eruditos” desses movimentos perdem metade da vida apenas se preparando para subjugar seu “vizinho de crença” enquanto o bom da vida passa diante de seus olhos.

No fundo no fundo, cada movimento religioso que surge, vem da necessidade de mostrar que “o outro estava errado” ou das infinitas possibilidades de riqueza e poder que o comercio da fé e da ingenuidade são capazes de produzir. A ideia de culto as divindades é a ideia comercial mais lucrativa e manipulável já inventava por nossa espécie. Deus precisa tanto do seu dinheiro e veneração para continuar existindo quanto um fazendeiro precisa dos gados que possuem para continuar sendo chamado fazendeiro.

Deixando de lado as hipocrisia e alucinações que o mundo dos ritos litúrgicos possa oferecer, capturando alguns em seus momentos de fraqueza ou ganancia, convenhamos refletir sobre alguns pontos importantes sobre o respeitar, não opinar e não interferir nos recintos onde as pessoas dizem se reunir para invocar o sagrado. O sagrado e o profano podem andar lado a lado em certos rituais, e cedo ou tarde podemos ser afetados por eles. O respeito as crenças pode até ser algo bom para a paz entre os povos. O respeito as pessoas é importante. O respeito a vida é essencial. O respeito a liberdade é maravilhoso, desde que essa liberdade não interfira na liberdade alheia. O respeito a opinião dos deuses nem sempre é bom, pois essa sempre será movida pela equação entre a ignorância e ganancia daquele que o representam. O resultado dessa equação é quase sempre desastroso, afinal os deuses nunca aparecem publicamente, apenas as escondidas, de modo muito duvidoso, dando instruções ainda mais duvidosas. Todo cuidado é pouco quando alguém diz estar sob a vontade de deus. Coisas sinistras ou irracionais podem acontecer!

No mundo antigo, dezenas de crianças, virgens e guerreiros vencidos em combates eram oferecidos aos deuses como sacrifícios, no intuito de receber dádivas ainda maiores desses deuses. O que diriam os que estavam sendo sacrificados? Será que eles diriam: “respeitem minha religião? Claro que não! A maioria deles eram levados á força ou embriagados no trajeto para tais oferendas, para reduzir as chances de fuga. -Deus seja louvado! Era o que dizia o que oferecia o sacrifício.

-Tenha de misericórdia de mim, eu não quero morrer, não me deixem morrer! Era o que dizia quem estava prestes a ser oferecido em sacrifício.

O prazer de saber que ofertara uma vida para levar vantagem sobre outros misturado a agonia e o sofrimento em saber que estava sendo a moeda de troca usada por um louco ambicioso mesclava o rito de adoração aos deuses no passado.

Rituais como esses ainda acontecem todos os dias no mundo moderno tanto no oriente quanto no ocidente. Animais aos montões são sacrificados semanalmente em ritos de culto africanos e eles não podem se defender. Quando alguém se sente ofendido ou quer conseguir algo de outro com facilidade procura os “atravessadores” que intermediarão esse contato e irão “dar felicidade” a uns, com o sofrimento de outros. Existem dezenas de casos policiais anualmente registrados de crianças que foram utilizadas em rituais de magia negra, no mundo inteiro e tudo isso por uma estúpida ideia de corromper determinada divindade para que essa lhe conceda benefícios superiores aos demais membros do grupo.

Se rastrearmos desde os mais antigos tempos, veremos que os rituais de adorações aos deuses não passam de uma troca corrupta de favores entre um mortal e uma suposta divindade, além de também ser um meio de esconder o medo do desconhecido ou do fantástico criado exatamente por aqueles que controlam os ritos religiosos e lucram com isso.

Tantos absurdos cometemos uns contra os outros em nome da fé… Um dia a humanidade deverá se envergonhar de tudo que fez e faz contra seus semelhantes em nome dos deuses invisíveis bem como deverá se envergonhar das coisas boas que deixou de fazer pela “vontade deles”.

Um dia, não muito distante, ritos religiosos que já foram motivos de orgulho e júbilo para muitos, serão motivos de vergonha e pesar, do mesmo modo que aconteceu com o rito de culto que se estabeleceu em torno da pessoa de Hitler naquela época e hoje qualquer menção honrosa feita em seu nome pode surtir uma série de efeitos colaterais negativos. O que hoje pode ser tido como louvor aos deuses, no despertar da humanidade soará como um xingamento a nós mesmos.

O ato de praticar besteiras uns contra os outros não é coisa nova nem dos ritos modernos. Na bíblia judaica cristã por exemplo, há inúmeras passagens de guerras e genocídios cometidos ou iniciados pelas mais diversas bobagens, desde o constatar da não retirada da pele do pênis de um “filho da aliança”, até pela quantidade atividades leves que poderiam se fazer em um sábado, a exemplo de esquentar uma comida para alimentar o próprio filho que chora com fome. O próprio deus por exemplo, depois de dizer que Moisés era um escolhido, que por meio dele iria livrar seu povo e tantas coisas mais, enviou um anjo para o matar em pleno arraial quando constatou que ele não era circuncidado!

Ôxeeeeee... Como pode isso? Se lembrou de tudo, de enviar pragas ao Egito, de matar animais e plantas e até de matar crianças inocentes, planejou tintim por tintim 400 anos antes mesmo de Moisés nascer mas não lembrou de olhar o piu-piu do cara antes de convocá-lo para dirigir seu “santo povo”? Cada coisa! Depois dizem que ele é onisciente! Depois dizem que sãos os ateus quem ridicularizam os poderes das divindades. Como se não bastasse, a pele retirada de um pênis era capaz de aplacar a fúria descontrolada um deus piedoso, amoroso e onisciente que não tinha até então percebido que o cara não era castrado! Uma pele de pênis era capaz de ligar o homem a deus, de torna-lo puro ou impuro! Que falta de criatividade! É reduzir uma divindade tão grande a um nada com esse tipo crédito!

Na versão moderna desse mesmo ser para o ocidente, a história do cristianismo oficial definido em Nicéia, já começa na base de contendas sobre as características surreais do “filho de deus”. Essas contendas nunca cessaram, dividindo o mundo ocidental, atrapalhando o avanço da tecnologia, demonizando tudo e colocando o tempo inteiro uns contra os outros. Se a ideia de “jesus” como ele mesmo diz em um trecho dos evangelhos era o de trazer a espada e não a paz entre os homens, ele conseguiu direitinho...

Desde o fundamento da “santa igreja” que várias questões foram a causa de revoltas, contendas e mortes entre o seu “santo povo”. Entre elas está a questão do batismo, se é por imersão ou aspersão, se Maria continuou ou não virgem após o nascimento de jesus, se jesus era 100% homem e 100% deus ao mesmo tempo, se ele foi crucificado ou estacado, se o batismo deve ser para adultos ou crianças, se a salvação é pela graça ou pela fé, se há escolha em ser salvo ou se há predestinação divina... Essas são apenas algumas das controvérsias que a santa igreja traz consigo desde a sua fundação, não chegando ainda a um senso comum. Enganam-se quem pensa que o cristianismo é conciso e homogêneo em todos os lugares do mundo.

Nos últimos 200 anos por exemplo, outras maneiras e costumes surgiram para incrementar ainda mais esse barril de pólvora e outras questões passaram a fazer parte da pauta dos assuntos que seriam motivos de discórdias entre os “servos do senhor”. Questões como se o falar em línguas é ou não obra de deus, se é permitido ou não o uso de tecnologia pelos “escolhidos de deus”, se a mulher deve ou não usar véu, se é aceitável ou não a função de mulheres no ministério da igreja, se é errado ou não bater palmas na igreja enquanto cantam, se devem ou não utilizar baterias, teclados e outros “instrumentos do mundo” para acompanhar o coro da igreja, se crente pode não pode praticar esportes....

A única coisa em que 99% de todos os agrupamentos cristãos concordam entre si é sobre os dízimos. Os 10% “do senhor” estar garantido! É mandamento e não pode faltar! É um “pecado” passível das mais severas penas atuais e futuras. Os “espírito santo” nesses segmentos religiosos se divide, se confronte e se opõe de igreja para a igreja, mas nisso não há discordância! Estranho, não?

Como em todo segmento humano, há pessoas com sentimentos e intenções puras nas igrejas bem como em vários outros lugares, porém na “casa de deus” ficar mais fácil disfarçar vários deles ou atribuir valores indevidos a certos comportamentos.

Uma outra “habilidade” lamentável que a maiorias dos agrupamentos religiosos parece embutir no comportamento de boa parte dos seus membros é a capacidade de agir como idiota, de ser enxerido e de perder a capacidade de um diálogo honesto, racional e coerente sobre os mais diversos assuntos “humanos” e “divinos”.

Parece que alguns deles quando levantam a mão e aceitam a jesus, “poderes” diversos recaem sobre eles. Uns se tornam uma espécie de detetive do fio-fó alheio, cuja única preocupação consiste em saber quem estar ou não fazendo sexo anal, não importa com quem. Assuntos relacionados ao tema LGBT são os que mais gostam de comentar, e como se fossem um antigo legislador de uma terra sem lei, prendem, julgam e dão o veredicto a todos os que se arriscam a caminhar pela estrada “não convencional” do prazer.

Outras irmãs, envoltas em rituais de puritanismo extremo, com aspectos de quem estar com inveja, vivem a criticar e amaldiçoar toda mulher que se veste bem, que estar bem consigo mesma, que usa adornos ou maquiagens para incrementar sua beleza e que por sinal não devem satisfação nenhuma a essas “delegas de cristo”. Tais santas, aceitaram se submeter a sistemas opressores e sem sentidos afirmando estarem felizes em cristo, mas a frustação é patente ao ver “pessoas sem deus” vivendo bem melhor que elas mesmas. Chutem “o pau da barraca” e tudo se resolve! Esse seria o conselho mais plausível.

Não há limites para "invencionices" desnecessárias para atrair público e ganhar notoriedades nesses meios. Há os que compram filmes da Disney para assistir sozinhos e de modo pausado no intuito de encontrar quantos pênis humanos existem escondidos nas cenas, os que encontram demônios nas maioneses e outros produtos alimentícios, os que andam com o disco da xuxa tocando de trás para frente nos cultos nas igrejas para ouvir, quantas vezes a palavra EXU irá ser pronunciada os que fazem nascer instantaneamente dentes de ouro na plateia, os que negociam com demônios em pleno altar que antigamente era considerado os santos dos santos, os que fazem cirurgias nos cultos com extração de órgãos vitais enquanto a pessoa permanece vivo...

Difícil diferenciar nesses casos o ridículo do sagrado e as relações humanas é quem mais são as mais prejudicadas.

Não é o do aumento da quantidade de deuses ou de rituais litúrgicos que precisamos para ter um mundo melhor. As mazelas humanas aumentam tanto quanto os rituais litúrgicos que se oferecem diariamente aos deuses nos países cujo deus é o senhor. O que precisamos mesmo é de cada vezes mais humanos, que tratem humanamente seus semelhantes e não de adoradores, “arriados” aos pés dos deuses em busca de favores pessoais.

Por trás de quase todo adorador, há quase sempre uma pessoa confusa, covarde, gananciosa ou mal intencionada que acredita que por meio de bajulações, corromperá a divindade a ponto de obter o que deseja. Sob o efeito do ópio fica difícil discernir o mundo real do surreal.


Saúde e sanidade a todos! 

Texto de Antônio Ferreira Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

domingo, 27 de maio de 2018

Ajoelha-te e reza.




Quando as pessoas religiosas ficam sem argumentos para te convencer de que o seu deus existe, elas frequentemente recorrem à abordagem prática. Eles dirão algo como: "Se tu te ajoelhares e pedires a Jesus que ele se revele a ti, ele o fará". ou "Só podes encontrar Deus confiando nele".

Na verdade, esse método pode "funcionar", pode fazer as pessoas acreditarem que encontraram deus. Mas como é que isso funciona? As pessoas realmente encontram deus? Não parece que elas o encontram porque esse método funciona para todos os tipos de deuses diferentes. Um método que "funciona" para deuses inventados, obviamente não funciona. Então, por que parece funcionar?

Uma das terapias de fala mais bem sucedidas usadas por psicólogos clínicos nos dias de hoje, é conhecida como TCC: Terapia Cognitivo-Comportamental. Centra-se na ligação entre a cognição de uma pessoa (pensamentos e crenças) e seu comportamento. Se tu puderes alterar um desses, tu também mudarás o outro.

Por exemplo, se continuares a pensar que decepcionaste as pessoas, o teu comportamento pode mudar e fazer com que tu te retires e evites as pessoas. Um terapeuta de TCC, identificaria os pensamentos que desencadeiam esse comportamento indesejado e pediria ao paciente para praticar pensamentos opostos. Pode funcionar ao contrário também. Se os pacientes puderem forçar-se a se comportar de maneira diferente, depois de um tempo, os pensamentos negativos mudarão.

É exatamente assim que funciona o método "Fique de joelhos e reze". Se te comportares como se Jesus existisse por tempo suficiente, acabarias acreditando que Jesus existe.

Acontece que as religiões tropeçaram no TCC muito antes da psicologia. A diferença é que os psicólogos o usam para eliminar defeitos cognitivos, religiões usam-no para criá-los.


Traduzido e adaptado de Bil Flavell

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Eles estão a brincar com quem?




Pergunta a um crente por que ele acredita no seu deus e há uma boa chance de ele começar a explicar que o universo não pode se auto criar, então tem que haver um criador.

DISPARATE!! 
Isso é terrivelmente desonesto. Vamos imaginar como um crente poderia orar, se fosse verdade.

"Olá, criador. Eu não sei se tu podes me ouvir, ou se tu queres me ouvir, mas eu estou a estender a mão para ti. Talvez saibas que eu existo, ou talvez não. Ou, talvez, nem queiras saber. Poderás ser capaz de te comunicares comigo, ou talvez não, ou, então, talvez não queiras. Eu não sei.

Eu não sei se tu és homem ou mulher, ou ambos, ou nenhum dos dois. Não sei se és grande, pequeno, subatômico, ou se pareces com um polvo. Não sei se és um criador solitário, ou se és membro de uma equipa de dezenas ou milhões de criadores de conteúdo.

Eu não sei se tu és sábio ou estúpido, amoroso ou odioso, gentil ou perverso, ou talvez não sejas nenhuma dessas coisas. Ou talvez essas idéias sejam completamente incompreensíveis para ti.

Eu não sei se te importas com a minha forma de viver, ou com o que eu visto, ou como eu cortei o cabelo, ou o que eu deveria fazer com o meu prepúcio. E se te importas, eu não sei como gostarias que eu fizesse as coisas.

Eu não sei se tu estás vivo ou morto, ou se mudaste para outros universos e perdeste o interesse em nós. Eu não sei de onde vieste, ou se sempre exististe. Talvez nunca tenhas existido. Talvez não tenhas sido mais que uma falha no tempo quântico, que fez todo o inferno se perder.

A verdade é que eu não sei nada sobre ti. Mas eu gostaria de saber. Gostaria, honestamente. E é por isso que estou a rezar para ti, hoje. "

Mas não é assim que os crentes oram. Eles oram a deuses específicos, com profetas específicos e escrituras sagradas específicas, com regras e rituais específicos.

Eles não rezam para algum ser / força / entidade / processo que possa ter criado o universo. Essa é apenas a desculpa que eles dão para salvar alguma dignidade, quando nenhuma é merecida.



Traduzido a adaptado de Bill Flavell

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A ética, a moral e a religião




A ética e a moral são valores adquiridos por evolução, com origem em relações de mutualismo ou de simbiose dos nossos antepassados que, quando aplicados ao macro-cosmos da sociedade de indivíduos da mesma espécie resultavam em situações de inter-ajuda ou que simplesmente favoreciam a vida em grupo e, em última instância, potenciavam a proliferação da espécie.

Estes comportamentos não é exclusivo dos humanos, pois pode ser obervado noutros animais e, em especial, em mamíferos. Estes tipos de comportamentos que ao serem repetidos e com resultados positivos, seram origem a um conjunto de "regras de conduta":
- Se algo é bom para todos e resulta em algo bom para mim, deve ser repetido e incentivado a outros ou...
- Se eu fizer algo que resulte em algo mau para mim e para os outros, não deve ser repetido nem incentivado.

E tanto pode ser a moral como a ética! Mas como as podemos diferenciar? Bom, a diferença entre ética e moral é que a primeira refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e nos costumes de um determinado grupo social, enquanto que a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade. Uma maneira fácil de nos lembrarmos da diferença entre moral e ética, é que a moral se aplica a um grupo, enquanto que a ética pode ser questionada por um indivíduo.

E o que é que a religião tem a ver com a moral e a ética?

Ora, os líderes das sociedades que procuravam impor esses códigos de conduta, acharam uma maneira muito simples de garantir que eles eram cumpridos. Simplesmente os associaram à religião.

- Se as pessoas acreditarem que os códigos têm a sua origem numa entidade superior, é mais provável que os cumpram.
- Se as pessoas acreditarem que podem obter uma recompensa se cumprirem os códigos, é mais provável que os cumpram.
- Se as pessoas acreditarem que podem vir a sofrer um castigo se não cumprirem os código, é mais provável que os cumpram.

Portanto, os códigos ou padrões morais não têm origem na religião mas fazem uso dela para serem cumpridos. Esses padrões variam de sociedade para sociedade (se fossem de origem divina seriam universais) embora haja alguns que, de tão genéricos e óbvios, são iguais em quase todas as sociedades (não matar, não roubar, etc). Mas esses valores básicos (não matar, não roubar, etc) não são apanágio das religiões. Obedecem ao mais básico senso comum na vida em sociedade.

Apesar de figurarem ostensivamente nos 10 Mandamentos, já figuravam no Livro dos Mortos, escrito 1500 anos antes do Cristo, no capítulo 125, na forma da Confissão na Negativa.

Portanto, para não me alongar ainda mais, respondo:
Como ateu posso dizer que, não é que os ateus não sigam os padrões morais da religião. Acontece é que os padrões morais não são pertença da religião nem têm a religião como origem. Os ateus seguem os padrões morais definidos pela sociedade em que vivem. E, na falta de padrões morais estabelecidos para certas situações particulares, fazem uso da racionalidade e do bom senso.

Texto com origem em escritos de Rui Batista

quarta-feira, 23 de maio de 2018

E quem não crer será condenado




Ameaças e coações sempre ajudaram nas "convenções".
Reflexões sobre como possivelmente nasce uma divindade

Séculos atrás, homens poderosos ligados ao império romano com interesses diversos reuniram-se para determinar quais características surreais e humanas seriam definidas, aceitas e difundidas acerca do novo personagem mítico que estava sendo construído para ser o novo deus universal no mundo ocidental. Deram a isso o nome de Concílio.

Conciliar, concordar, combinar...O nome veio a calhar para dar uma definição de quem ainda não podia ou não sabia se auto definir.

Um ser todo poderoso, capaz de fazer qualquer coisa pensável e impensável no mundo dos homens e dos deuses, não tinha poder algum de dizer por si mesmo em alto e bom som a todos os cidadãos daquela ocasião e de outras épocas, qual seria sua própria vontade e suas próprias características bem como as definições de seu poder para todas as pessoas que ele desejava se apresentar.

Como estava sendo gerado naquela ocasião, é compreensível que ele ainda não sabia falar por si mesmo e alguém o estava fazendo naquele momento. Ao longo dos séculos também, os “ungidos do senhor” iriam dizer exatamente como ele deveria se comportar em cada uma das casas (com aspectos comerciais) que seriam abertas em seu nome. No início ele não sabia se apresentar, no futuro ele não saberia como agir.

Então para dar forma a esse ser que estava sendo concebido naquele instante, se fez necessário nesse concílio que o retrato falado de sua pessoa fosse feito às escondidas, com uns poucos privilegiados, na base de contradições, contendas, barganhas, ameaças de morte, desejo de poder absoluto e todo tipo sentimentos ruim que o ser humano possa produzir. Dum mar de fel, surgia então o que seria dito ser doce como mel.

De uma leva de pessoas gananciosas, indecisas, manipuladoras, manipuláveis e de interesses próprios, nascia o conceito de uma divindade que seria considerada 3 vezes santo, puro e verdadeiro, de onde procederia toda a justiça e retidão para os povos do mundo inteiro. Um ser divino e perfeito sendo produzido por meros mortais imperfeitos. A “verdade universal” era ali construída sob um conjunto de arquétipos “duvidosos” ou “pagãos” de várias outras crenças que até hoje a “santa igreja” condena.

Homens comuns “deram à luz” a um deus incomum, flexível, maleável e que poderia ser usado como bem entendesse em ocasiões e propósitos distintos. Nessa casa de parto instalada em Nicéia no quarto século de nossa Era, parteiras e parturientes se confundiam em seus papeis pois as que estavam para receber o feto em suas mãos, também estavam compactuando da mesma placenta, alimentando e nutrindo o feto que estava sendo gerado e parido em um período tão curto quanto um fim de semana ensolarado. Uma verdadeira “obra divina”. Somente com os olhos da fé era possível contemplar tal epifania.

Mais difícil ainda era definir “o pai da criança” pois, do cruzamento de várias linhas de pensamento e demandas de variados genitores ele nasceria. O “material genético” que o gerou não veio de um pai só. Além da pomba que dizem ter engravidado sua mãe, teve também a participação de vários pensadores e filósofos daquele período. O humano e o “divino” se juntavam ali para dar forma a um ser que seria objeto de culto e repudio nos mais variados pontos do planeta, além de servir de bandeira principal para promoção de guerras, genocídios e os mais variados tipos abusos e enriquecimento estratégicos das lideranças nos mais variados cantos do planeta onde seu nome é difundido. Como numa franquia de uma grande multinacional, seu nome tornou-se símbolo de poder ou opressão por onde passa.

Depois de gerado naquele concílio, ele seria dividido e criado por vários outros “tios” diferentes ao longo dos séculos seguintes, cada um com interesses e motivos diferentes para difundir os domínios desse novo reino que se estabelecia.

Uns iriam abdicar a todo tipo de riqueza ou prazer normal a qualquer mortal, viver em trapos e farrapos, para ensinar o celibato, a penitencia e o martírio como forma de remissão, enquanto outros desses “tios” iriam construir dinastias, impérios e fortunas, vivendo na luxuria, pregando o reino vindouro enquanto usurpa as posses dos fieis no presente.

Os criadores dessa ideia original, nem poderiam sequer imaginar em quantas vertentes antagônicas e auto anulatórias esse novo bebê iria se dividir ao ser criado por tantos “pais”, e educados por tantos “tios” e “tias” diferentes. Como quase tudo ininteligível ou incompreensível nesse segmento é denominado como sendo um mistério, fica mais “saboroso” e enigmático cada um desses mistérios e quanto mais se divide, mais contraditório se torna.

Mistérios atraem todo tipo de gente. Desde os aflitos, desesperado e abobalhados que gostam de ser iludidos, até os questionadores, que presam pelo argumento cientifico ou que possuem ares de detetives. Esses três últimos citados, nesse segmento não se criam. São perseguidos e eliminados na maioria das vezes. Mas a semente da discórdia em certas situações são o maior legado que eles dão ao mundo. Eles irão se tornar hereges ou heróis a depender da mente que os avaliam.

O que fazer então para intimidar que não acreditasse em um deus nascido depois de um concílio de uma curta temporada? Simples, escreve ai: “E quem não crer será condenado...Assim, o homem será escravo de sua própria consciência, acreditando estar sob um julgo de um ser celestial”!

Desse modo, raptaram de um povo já subjugado, a ideia de um deus indivisível e o dividiram em três. Usaram sacerdotes de deuses “pagãos” com costumes “pagãos” e os fizeram ser cristãos apenas pronunciando algumas “palavras mágicas”. Sacralizaram e divinizaram desde então qualquer objeto, lugar ou pessoa mesmo sendo contra o mandamento do livro que juram ser sagrado. Toda autoridade sob a vida ou morte de qualquer ser vivente nesse planeta foi dada ao chefe maior da igreja, mesmo alegando que é deus quem domina tudo. Tornaram sagrados e inquestionáveis escritos de uma outra cultura e os colocaram acima de qualquer outro livro ou qualquer outra forma de conhecimento humano. Pior de tudo: eles nem sabiam ler o livro que dizia ser sagrado ou eram proibidos de lê-lo em sua totalidade pois afirmavam ser perigoso demais para um mortal ler... Assim conduziram o destino do ocidente por vários séculos.

A busca desenfreada pelo controle da mente e do corpo das pessoas tornou-se o principal objetivo desse grupo que ganhava uma gigantesca proporção pelo uso da força, abuso de poder, corrupção de autoridades e perseguição as minorias. Faziam tudo isso em nome daquele que consagraram como sendo o príncipe da paz e o rei da justiça.

E quem não cresse seria condenado, quem não obedecesse seria destituído de suas posses ou títulos e quem argumentasse contra o conceito já estabelecido dessa divindade teria um tratamento quem nem nos “quintos dos infernos” alguém daria a outro. Assim o “espirito santo” convencia as pessoas, e o “reino de deus” se expandia.

E quem ainda não crer será condenado…
Condenado a humilhações, a se retratar em públicos por crimes que nunca cometeu, a se culpar por coisas que nunca fez, e a viver e vagar como eternos dependentes de instituições que andava e ainda na contramão do evangelho qual se propõe a propagar mundo a fora.

A morte, em certas ocasiões era uma dádiva se comparado ao “glorioso presente” que esses representantes de tinham a oferecer aos que de alguma forma demonstravam resistência as imposições forçadas de suas crendices.

Mais de 15 séculos se tem se passado desde o início dessa trajetória, em que um perfil de um personagem foi criado com um proposito, mas que ganhou notoriedade como sendo o de uma figura que realmente teve ou ainda tem as características reais a ele atribuídas.

Em ajuntamento as pessoas criam leis, criam a ordem, criam o caos e criam também os deuses e demônios que povoarão o imaginário coletivo. Uma “verdade inventada”, repetida diversas vezes ao dia por milhares de pessoas anos á fio, dar-se-á a impressão de ser uma verdade inquestionável, principalmente se vier acompanhado de uma ameaça de morte e condenação. Assaltantes também convencem “gentilmente” as pessoas a darem seus pertences usando frases ameaçadoras.

Com ameaças constantes é possível manter simultaneamente a ideia de um deus imortal capaz de morrer. Um ser indivisível capaz de se dividir. Um deus de amor incondicional mas que criou o inferno para lançar lá os que não o aceite. Uma mulher que simultaneamente é filha e mãe de deus ao mesmo tempo. Um deus capaz de repreender ou enfrentar qualquer tipo de mal, mas que não consegue tirar de sua vida o devorador se tu não pagar os 10% de tudo que você ganha ao seu representante. Um ser que apesar de onipotente, onisciente e onipresente, parece estar alheio a tudo que de mal acontece no mundo, mas seus olhos e ira estão voltado exclusivamente para os homossexuais, ateus e não dizimistas. E quem não crer assim é um herege, e será condenado...

Será que o “reino de deus” seria o mesmo sem o uso de ameaças constantes as pessoas ou sem a prerrogativa de coagi-las publicamente a terem um comportamento de ovelhas? Óbvio que não! O “espirito santo” que convencia as pessoas ao cristianismo na idade média, é o mesmo que “convence” hoje muita gente ao islamismo. Deus e seus representantes nesses casos te amarão até o dia em que questionares. O questionamento muda todo o roteiro do amor de deus e todo o roteiro das finanças de seus representantes.

Desse modo, você pode passar 50 anos de sua vida em uma igreja cumprindo á risca tudo que lhe foi exigido, sendo capacho de pessoas mal resolvidas, mal esclarecidas ou mal intencionadas e ser “amado” por todos eles, mas um simples questionamento acerca do comportamento do líder ou dos fundamentos de sua própria fé fará ruir tudo, e de servo de deus, você passa a ser filho do capeta num estalar de dedos. Ser mudo, surdo, cego e trouxa é a receita de sucesso para qualquer um que veja em um “ungido do senhor” como o ser capaz de decidir o destino de sua vida atual e vindoura.

O “reino de deus” e a construção do patrimônio pessoal dos que representam esse mesmo reino tem sempre algo em comum: dependem do medo, da ganancia ou da ignorância das fieis. Retire do “reino de deus” a probabilidade de enriquecimento e poder dos líderes sobre os liderados e esse reino murchará e secará. Sem a divisão do lucro e do poder entre os que lideram o povo, o “reino de deus” perde todo o sentido. Com o questionamentos ele nem se quer teria vingado, ou seria um outro tipo de movimento atualmente.

Quando um indivíduo se liberta dessa linha de raciocínio, de que precisa de um intermediador humano para conduzir sua vida a um paraíso celestial ou coisa do tipo, ele tem de ser automaticamente demonizado, para que não perturbe as finanças e os domínios territoriais dos que dizem representar essa divindade.

Todo domínio começa na mente de um fiel e é na mente deste mesmo que ele termina. Um homem liberto é um homem que conduzirá outro a liberdade, do mesmo modo que um capataz bem pago levará tantos outros à escravidão sem nem se dar conta de que também é um escravo. Se há um presente que uma pessoa possa dar a si mesma, esse presente se chama a busca pelo conhecimento. Enquanto tivermos a ilusão de que pessoas comuns possam se auto intitular representantes de uma divindade com objetivos espúrios, o crescimento das desigualdades sociais irá sempre aumentar.

Quando os homens passarem a se ver de igual para igual e rejeitar a corrupção e barganha em forma de culto aos deuses como meio para se sobrepor sobre os demais, os que dizem ser representante de uma divindade terão de produzir algo realmente útil e necessário a uma sociedade para obter seu sustento ou fortuna.

Até lá, não deixemos que ameaças fantásticas afetem nossa realidade! 
Saúde e sanidade a todos.

Texto de Antônio Ferreira Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

terça-feira, 22 de maio de 2018

As equações da fé




Muitos religiosos negam veementemente a acusação de que suas crenças são fundadas na fé cega. Eles admitem que a fé contribui para suas crenças, mas dizem que a fé é apenas um dos muitos factores.

Eles estão completamente enganados. Há apenas fé cega.

Vejamos as equações de fé. Crenças fundamentadas em:

Fé + 0 = fé cega
Fé + sinais = fé cega
Fé + os teus sentimentos = fé cega
Fé + falácias lógicas = fé cega
Fé + pensamento positivo = fé cega
Fé + evidência ambígua = fé cega

No entanto, existe uma maneira de escrever essas equações para chegar à fé justificada. Crenças fundamentadas em:

Fé + evidência inequívoca = fé justificada

Mas a fé está em ambos os lados da equação, por isso é anulada - é desnecessária. Se tu tens uma evidência inequívoca, não precisas de fé alguma.

Naturalmente, a fé também é anulada nas equações da fé cega. Se tu só tens razões más para acreditar, a fé não acrescenta nada à confiabilidade das tuas crenças.

Nada disso nos deve surpreender. A fé não fornece nenhum mecanismo para distinguir as ideias verdadeiras das falsas, ou ideias factíveis das ideias absurdas. Mas, se tu achas que isso significa apenas que a fé é inútil, tu estás enganado. A fé é muito pior que inútil, é perigosa. Pois a fé encoraja as pessoas a terem certeza de que suas crenças são verdadeiras. Cuidado com a pessoa que tem crenças injustificadas e está convicta que elas são verdadeiras.

Então, vamos dizê-lo claramente. Acreditar em coisas, baseado em fé cega, é muito estúpido. Os religiosos devem saber disso. Talvez seja por isso que eles fingem ter mais do que fé cega.

Mas não têm. Há apenas fé cega.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

O gato do ashram



"Quando, às tardes, o guru se sentava
para as práticas do culto, o gato de ashram
tinha por norma vaguear entre os fiéis.
Como a estes distraísse,
mandou o guru que atassem o gato
enquanto o culto se desenrolasse.

 "Muito depois de o guru ter desaparecido,
continuavam a prender o gato
durante o culto já referido. E quando o gato morreu,
arranjaram outro para o ashram
para o poderem atar durante o culto vespertino.

"Séculos mais tarde, os discípulos do guru
escreveram tratados
sobre o imprescindível papel
desempenhado pelo gato na realização
de um culto como o estabelecido."

Texto de Anthony de Mello (El canto del pájaro)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

A solidão e a fé




A solidão é o cimento que cola o abandonado à fé, torna o proscrito crente, faz beata a pessoa e transforma cidadãos em trapos.

A religião é o colchão que serve de cama ao desamparado, o mito que penetra os poros do desespero, o embuste a que se agarra o náufrago. É o vácuo a preencher o vazio, o nada que se acrescenta ao zero.

O clérigo está para a família como o álcool para o corpo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se e finalmente domina.

A religião é o cancro que cresce com as pessoas e morre com elas. Cria metástases e atinge órgãos vitais. Mas é dos joelhos que se serve, esfolando-os, da coluna vertebral, dobrando-a, e do cérebro, atrofiando-o.

A religião busca o sofrimento e condena o prazer. Preza o mito e esquece a realidade.

Um crente faz o bem por interesse e o mal por obrigação. É generoso para agradar a Deus e perverso para o acalmar. Dá esmola para contentar o divino e abate um inimigo para ganhar o Paraíso.

A religião vive da tradição e medo da morte. Começa por uma doença infectocontagiosa que se contrai na infância, transmitida pelos pais, através do batismo e continua com o lactente a ser levado ao primeiro rito mais depressa do que às vacinas.

Depois, o medo, o medo da discriminação na escola, no emprego, na sociedade, leva a criança à catequese, à confirmação, à eucaristia e à penitência. De sacramento em sacramento, missa após missa, hóstia a hóstia, orações à mistura, e o medo do Inferno, a religião transforma o cidadão em marionete manejada pelo clero.

Na cúpula, há o Vaticano, um antro de perversão a viver à custa dos boatos sobre o filho de um carpinteiro de Nazaré e de milagres obrados por defuntos de virtude duvidosa, à custa de pesados emolumentos, para concorrerem à santidade.

O seu negócio é a exploração da morte em esqueletos ressequidos pelo tempo, caveiras, maxilares, tíbias, ossos diversos, pedaços de pele, órgãos avulsos e extremidades de membros, numa orgia de horror e delírio.

É assim que a tradição, o medo e a morte continuam a encher os cofres do último Estado totalitário da Europa, que governa pelo medo e se eterniza pela chantagem.

No Islão é ainda pior.



domingo, 20 de maio de 2018

O que a História nos diz sobre a ressurreição



A ressurreição de Jesus é um dos pilares do cristianismo. 
Se ela não aconteceu, o cristianismo é uma mentira. 
Se a ressurreição é inconcebível, então o cristianismo é inconcebível.

O famoso historiador e estudioso do Novo Testamento, Bart D. Ehrman, explica como a evidência histórica é avaliada tal como a confiabilidade das evidências para a ressurreição de Jesus. Se não tiveres tempo para assistir ao vídeo de 13 minutos, aqui está meu resumo de seus argumentos.

1. O que é uma boa evidência histórica?

a) Contemporânea (escrito no momento do evento por testemunhas oculares)
b) Muitas fontes independentes
c) Consistente entre as fontes
d) Fontes imparciais

2. Quais são as fontes para a ressurreição?

As únicas fontes são encontradas na Bíblia e são os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos Lucas e João.

3. Os Evangelhos são boas evidências?

a) Nenhum dos Evangelhos é contemporâneo, nem mesmo próximo. O mais antigo (Marcos) foi escrito 35-40 anos após o evento. O mais recente (João) foi escrito 60-65 anos depois. Nenhum dos autores foram testemunhas oculares. Todos os Evangelhos são anónimos, pois os nomes foram adicionados muito depois de terem sido escritos. 

b) Existem apenas duas fontes realmente a ter em conta: Marcos e João. Mateus e Lucas são semelhantes a Marcos no vocabulário, gramática e estrutura. Além disso, proporções significativas de Mateus e Lucas são palavra-por-palavra idênticas a Marcos. Consequentemente, os estudiosos acreditam que Mateus e Lucas foram copiados de Marcos e embelezados. 

c) Os Evangelhos contêm dezenas de inconsistências (até mesmo os evangelhos copiados mostram muitas inconsistências). 

d) Os cristãos estavam empenhados em converter as pessoas à sua nova religião. Histórias de milagres teriam sido influentes (especialmente no século I, quando as pessoas aceitavam mais prontamente tais histórias do que hoje), portanto é provável que histórias de milagres tenham sido usadas para converter pessoas ao cristianismo. Em outras palavras, os contadores de histórias eram tendenciosos.

4. O maior problema de todos

Os historiadores tentam estabelecer o que mais provavelmente aconteceu no passado. Milagres são, por definição, o evento MENOS provável. O evento menos provável nunca pode ser o evento mais provável.

Se Jesus foi ressuscitado dos mortos, teria sido um milagre, que é o evento menos provável. E a única evidência que temos são os relatos evangélicos, que fracassam em todas as provas de boas evidências históricas.

5. Conclusão

Não se pode mostrar que a ressurreição tenha acontecido usando evidências históricas. Só pode ser acreditado na fé.

"Se você acredita na ressurreição, é por razões teológicas... não é e não pode ser baseado em provas históricas." --Bart Ehrman

Link para o YouTube


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

sábado, 19 de maio de 2018

Cinco dias que deslindam a bíblia




Vamos supor por um momento que Deus é real e vamos considerar a estória da criação do Génesis como verdadeira. Muitas pessoas acreditam que Moisés foi o autor do livro de Gênesis, mas eu pergunto-me de onde Moisés tirou essa estória?

Moisés foi um profeta que falou diretamente com Deus. Ele não estava vivo na época da criação, então ele deve ter recebido a estória da criação vinda de Deus ou parte veio de Deus e parte de contos que os seres humanos passavam de geração em geração. No entanto, há uma parte que nenhum ser humano poderia ter testemunhado: os cinco dias frenéticos da criação antes que Adão fosse criado. Só Deus poderia ter contado aos humanos sobre esses cinco dias.

Quando olhamos para esses cinco dias, percebemos que eles estão errados em todos os aspectos. A Terra não foi feita antes do nosso Sol nem foi feita antes das estrelas, as estrelas não são luzes num firmamento, nem há firmamento nem há águas acima dela.

O dia e a noite não poderiam ter sido criados antes do Sol, pois o Sol, juntamente com a rotação da Terra, é que nos dá o dia e a noite.

A vida não apareceu de repente na Terra ao longo de alguns dias, vários mil milhões de anos se passaram entre as formas de vida mais antigas e aquelas que podemos ver hoje.

A estória da criação de Génesis é uma comédia de erros, e isso nos permite tirar uma conclusão segura: Moisés não obteve a história de Deus. O que deixa apenas uma possibilidade: a estória veio da imaginação dos homens.

E esta conclusão levanta outra questão, quanto do resto do Gênesis veio da imaginação dos homens? E quanto do resto da Bíblia?

De fato, o próprio Deus brotou também da mesma criatividade?


Traduzido e adaptado de Bill Flavell