domingo, 19 de abril de 2020

Como seria um mundo sem deus



Já fiz várias vezes aos crentes uma pergunta que, dada a actual situação, se tornou ainda mais pertinente:

Como descreveriam um mundo em que, segundo aquilo em que acreditam, deus não existisse?

São raros, caríssimos, os que me respondem a esta pergunta.
Muitas vezes tenho de os incentivar a que respondam, dando exemplos de como poderia ser esse mundo mas, mesmo assim, usualmente recusam-se.
Os exemplos que apresento, são:

Um mundo em que as pessoas estariam envolvidas em guerras por motivos mesquinhos?
Respondem que sim.

Um mundo em que as pessoas morressem em acidentes estúpidos?
Respondem que sim.

Um mundo em que houvessem doenças, violência, fome, e no qual as pessoas morressem devido a isso, independentemente de serem inteligentes ou ignorantes, pobre ou ricas, famosas ou desconhecidas?
Também respondem que sim.

Um mundo em que houvessem injustiças e no qual pessoas boas por vezes sofressem devido a essas injustiças e pessoas más escapassem impunes a essas injustiças?
Também respondem que sim.

Um mundo em que catástrofes naturais matasse milhares de pessoas quando ocorriam, sem que se pudesse fazer nada para o evitar?
Mais uma vez, respondem que sim.

Portanto, um mundo onde deus não existe é exactamente igual ao mundo em que vivemos!!

Nesta altura, ficam sem resposta. Alguns ainda tentam dizer que não e procuram encontrar argumentos para justificar o seu “não”, mas o máximo que conseguem é “Mas deus irá fazer justiça para com aqueles que foram maus e recompensar os que foram bons, depois de morrerem.”

Fantástico!!! Deus, se existisse, apenas actua após a morte. Durante a vida, tudo decorre da forma que seria de esperar decorrer num mundo em que deus não existe.

A actual situação é a clara demonstração de que deus não existe e que o mundo é aquilo que é, sem qualquer deus.

Mas os crentes, para evitarem cair nas consequências de uma dissonância cognitiva, fazem como os Três Macacos Sábios mas, no caso dos crentes, demonstrando muito pouca sageza:

- Fecham os olhos às evidências.
- Fecham os ouvidos a quem lhes apresenta os factos.
- Fecham a boca, porque não têm argumentos.

E, quando abrem a boca, é para dizer algum disparate que, em vez de demonstrar a validade da sua crença, apenas a expõe mais ao ridículo.
Infelizmente, esta ignorância não mostra sinais de diminuir e nem com demonstrações avassaladoras e trágicas, como o é esta pandemia, os crentes irão deixar de se agarrar às fantasias mitológicas com que foram infectados.

A crença religiosa é o vírus mais insidioso e persistente que alguma vez existiu.
E a única cura seria a educação, a cultura, a inteligência.
Mas é mais fácil ser-se ignorante.


Texto de Rui Batista

1 comentário:

  1. Deus é obra da mente humana. Claro que um mundo sem as pessoas manterem essa crença seria quase igual, talvez com menos violência e mais saudável porque esse ser não estará em lugar nenhum e as pessoas tem de lutar pelo melhor que podem e querem. Em certas situações pode ser útil para as pessoas conseguirem lidar com problemas graves de saúde ou perdas. Mas atenção no caso da Psiquiatria há situações muito tristes de gente que é considerada doente e sabe se lá se na realidade são mesmo doentes. Eles categorizam padrões de compartamentos e pensamentos das pessoas. Se os familiares fizerem queixa deles pela visão desses médicos as pessoas levam com maus diagnósticos. Agora imaginem um descrente no meio do fanatismo de um crente! Isso é perigoso.

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