segunda-feira, 18 de maio de 2020

O mal da religião



Tudo começa com o facto de, apesar de os crentes dizerem que a crença é pessoal, nunca o é, realmente.
Se só acreditassem em fantasias e deixassem que isso fosse algo puramente pessoal, tudo bem.
Mas... quem acredita convence outras pessoas a acreditar. Educa os filhos a acreditar. Ensina os filhos a exigir explicações e a duvidar em tudo o que lhes dizem, mas convencem-nos a acreditar sem provas nenhumas numa estória absolutamente ridícula.

E há quem marginalize outras pessoas com base na sua crença.

E há quem considera que quem não acredita no mesmo que eles é má pessoa e que merece ser maltratado ou até morto.

E há quem se recuse a receber tratamentos médicos ou que sejam ministrados tratamentos médicos aos filhos, por razões de crença.

E há tratamentos especiais e privilegiados para certas crenças.

E há quem se aproveite da crença alheia para lhes extorquir dinheiro.

E há quem queira que se travem certos avanços da ciência por causa das coisas em que acredita.

E há quem queira que mitologia seja tratada com a mesma reverência e valor que a ciência.

E há quem ache que esta vida não tem valor, porque haverá uma muito melhor depois, e não faz nada para fazer deste mundo um mundo melhor.

Há até quem mate os filhos porque acha que este mundo é muito mau e que eles estarão melhor no "outro mundo", junto ao amiguinho imaginário deles.

São apenas alguns dos problemas associados ao "simples" facto de se acreditar num deus.
NÃO! A crença não é incólume. A crença não é inofensiva.
Quando a religião dominava o mundo, vivemos aquilo a que se chama hoje "Idade das Trevas".
Enquanto as pessoas continuarem a acreditar em fantasias e a viver como se a fantasia fosse real, em vez de enfrentar a realidade e fazer deste mundo e desta vida (que é a única que temos a certeza que é real), o mundo vai continuar a avançar a passo de caracol.
Acreditar em deus pode dar alento, pode ajudar a enfrentar as agruras da vida. Mas é do mesmo modo que a bebida ajuda a "enfrentar" a realidade.
Um crente diz que se sente feliz por acreditar em deus e que se considera melhor que um ateu por causa disso. Do mesmo modo que um bêbado se sente mais feliz que um sóbrio e que um toxicodependente se sente eufórico quando tem o cérebro anestesiado pela droga.


Texto de Rui Batista
Imagem: Suicídio coletivo de Jonestown

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