Os cientistas não usam palavras normais quando falam sobre ciência. Eles usam palavras que soam como palavras normais, como "teoria, modelo, natural", mas essas palavras têm significados bastantes diferentes quando aplicadas à investigação científica. Isto é perfeitamente normal e correcto quando eles estão em conversas com outros cientistas, mas, e se estiverem a falar comigo ou contigo?
Temos um problema!
Aquelas palavras começaram a ter significados científicos específicos, mas foram adoptadas no discurso público com significados completamente diferentes. Isso torna-as ainda mais confusas do que deveriam ser. Para ajudar a esclarecer esta confusão, aqui vai um breve guia sobre as 6 palavras mais comuns de serem mal entendidas, que os cientistas usam ao falar para público em geral:
TEORIA
Uso normal: Eu não acredito em alterações climáticas! Isso é apenas uma teoria - não há nenhuma prova.
Uso científico: Temos de tomar medidas contra as alterações climáticas. É uma teoria comprovada.
A maioria das pessoas ouvem a palavra "teoria" e assumem que é uma ideia ou uma declaração com necessidade de prova. Um cientista ouve a palavra "teoria" e reconhece-a como um facto certificado porque foi comprovado. As teorias científicas de Einstein a Darwin ou das alterações climáticas, todas têm vindo a partir de ideias hipotéticas através de repetidos ataques de testes para se tornarem em modelos comprovados. Teorias não são meras opiniões ou hipóteses. Elas são uma estrutura de factos comprovados. E falando de hipóteses ...
HIPÓTESE
Uso normal: Eu não tenho certeza do que está acontecendo com o aquecimento global, mas esta é a minha hipótese...
Uso científico: Eu não tenho certeza do que está acontecendo com o aquecimento global, mas eu acho que tem algo a ver com os gases de efeito de estufa. Aqui está a minha hipótese para testar isso.
Se ouvires a palavra "hipótese", assumes que é um palpite. Os cientistas consideram uma hipótese como a primeira etapa na viagem duma ideia para se tornar numa teoria. Basicamente, uma hipótese é uma teoria não comprovada, uma declaração que estabelece a direção duma experiência. Ela inclui maneiras de medir o que um cientista vai fazer na experiência e o que irá acontecer quando eles fazem essas coisas. É a estrutura para um teste. Não é um palpite.
MODELO
Uso normal: Eu sei exatamente como esta coisa funciona! Vê: eis o modelo.
Uso científico: Eu não sei como esta coisa funciona. Vamos fazer um modelo para descobrir.
Modelo é uma palavra científica complicada. Ela significa coisas diferentes em diferentes disciplinas. Na física, significa uma simulação de computador que os ajuda a realizar um cálculo. Em matemática, é uma abstracção que usa a linguagem matemática para prever o comportamento dum sistema. O tema unificador para todos os cientistas é que um modelo é uma ideia testável. Um modelo científico utiliza dados conhecidos para criar uma representação de algo que é difícil de saber facilmente, como o universo, ou o crescimento duma vertente particular de ADN dado um certo número de factores. As pessoas normais ao pensar em modelos, vêem-nos como versões ideais de alguma coisa, como um super-modelo duma microscópica célula ou uma réplica em escala reduzida dum objeto do mundo real, como um avião de brinquedo. Basicamente, esta palavra significa tantas coisas que o seu significado é totalmente dependente de contexto. Ela exige uma rápida googlada para a entendermos.
CÉTICO
Uso normal: Eu não acredito no aquecimento global. Eu estou cético.
Uso científico: Você pode reproduzir este experimento? Eu estou cético em relação a esses resultados.
A maioria das pessoas acha que um cético é alguém que questiona tudo porque está em seu ADN duvidar. Os cientistas usam a palavra "cético" para definir uma prática, não uma pessoa. Para os cientistas, ser cético é a prática de analisar a adesão de afirmações científicas aos dados e reprodutibilidade. É uma filosofia, uma maneira de manter os resultados honestos e informações claras. É a "máquina de auto-correcção da ciência", como Carl Sagan dizia, não é apenas uma expressão de dúvida.
SIGNIFICATIVO
Uso normal: Este candidato político tem uma enorme aversão à corrupção, é uma convicção dele bastante significativa.
Uso científico: Nós executámos esta experiência 12 vezes e continuamos a receber este resultado. Deve ser significativo. Ele continua a acontecer.
Esta palavra poderá ser a mais incompreendida. Tanto tu e eu usamos a palavra "significativo" como significado de "importante". Para um cientista, "significativo" quer dizer que um resultado é grande o suficiente para ser importante e improvável de ocorrer por mero acaso. Dito isto, a Associação Americana de Estatística divulgou um comunicado no mês passado pedindo uma revisão do atual significado do termo "significativo", de modo que a ideia de "significado científico" irá mudar em breve. A principal coisa a lembrar é que "significativo" não é uma quantidade para um cientista; é um marcador que os orienta para uma solução. É apenas relevante, não necessariamente importante. Até que ele seja testado.
NATURAL
Uso normal: Estes bolinhos devem ser bons - eles são todos naturais.
Uso científico: O padrão do terremoto ao longo desta linha de falha é natural - tem um padrão.
A palavra "natural" é incrivelmente enganosa. A maioria das pessoas pensa em algo natural como algo saudável e nutritivo. Algo natural como uma fruta ou água que vem diretamente da Terra ou que não é fabricado pelo homem. Para um cientista, qualquer coisa feita pelo universo é natural, manufacturada ou não. Natural é um estado de ser, e tão facilmente se aplica a frutas e água como se aplica ao urânio ou ao plasma. As coisas naturais são testáveis, e comportam-se de modo previsível. Natural é um estado de ser, não um rótulo.
Estas são apenas algumas das muitas palavras científicas que se deformam ou se alteram na comunicação. A diferença entre o que um cientista acha que uma palavra significa e o que nós achamos que uma palavra significa, pode ser enorme. Mas isso não é razão para não tentarmos entender a linguagem científica. Nós todos nos interessamos pelas descobertas. Nós só precisamos da explicação dentro do contexto, com palavras que não sejam do tipo jargão. Como neste vídeo onde Michio Kaku explica a Teoria de Tudo numa linguagem compreensível para todos. Até que toda a comunicação científica seja tão clara como esta, tens agora algumas informações mais precisas sobre as palavras mais confusas da linguagem cientifica.
Traduzido e adaptado de BigThink