segunda-feira, 31 de outubro de 2016

De que és feito?




Tu és feito de moléculas. Algumas delas irão ficar contigo para toda a vida, mas a maioria não. Elas podem estar alguns minutos, horas, anos ou décadas como parte de ti e depois poderão estar a fluir num rio, flutuar numa nuvem ou dar uma volta em qualquer coisa viva, talvez num micróbio, numa formiga ou no seu cônjuge. 

Algumas moléculas são passageiras, apenas te acompanham num passeio mas algumas fazem realmente parte de ti: elas irão te ajudar a ficar de pé, a respirar ou a pensar. Mas as passageiros são úteis também: algumas até se sacrificam por ti. Elas entram em ti como uma molécula, o teu corpo divide-as até ficarem separadas e elas deixam-te como  uma molécula diferente, ou como várias. 

A olho nu não conseguimos ver as moléculas. Nós não temos essa capacidade de ver tão pequeno o suficiente ou rápido o suficiente. Em vez disso, vemos ilusões formadas por mil milhões ou muitos milhões de milhões delas. As ilusões parecem robustas, mas não o são. A realidade é um borbulhar, uma bebida fervente de minúsculas partículas que se deslocam demasiado espaçadas numa grande extensão de nada. A Natureza pinta as caricaturas mais minimalistas das coisas e nós transformamo-las em rochas sólidas, mesas, pessoas e tudo o mais. Nós somos a Natureza apercebendo-se de si própria. 

É a realidade. É de perder o fôlego, simplesmente extraordinário, comovente e inspirador. Quando temos tudo isto, quem precisa do Génesis?


Traduzido e adaptado de Bill Blavell

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Livro de Génesis



As descrições do surgimento do homem a partir do barro no livro de Génesis, foram feitas por Hagiógrafos. Os compiladores do livro de Génesis por meio de hagiografia, descreveram o cenário ambiental a partir da criação segundo a sua mentalidade. E por isso partiram da tradição oral para escrita. 
1 -- Reparem que a descrição sobre a criação está escrita na terceira pessoa do singular, ou seja, o hagiógrafo escreve como se ele estivesse lá presente a assistir a deus a criar tudo ( Ex : No princípio Deus criou os céus e a Terra), Génesis 1:1
2 -- Reparem que o hagiógrafo coloca deus a conversar com o casal (Ex : << E Deus disse : podeis comer de todo o fruto que há no jardim exceto a da árvore do meio), Génesis 2 : 16 - 17.
3 -- Reparem que o hagiógrafo coloca a situação geográfica do jardim que fica entre os rios que passam pela Mesopotâmia: Pisom, Giom, Tigre, Eufrates. Génesis 2:11 - 14. 
4 -- Reparem que o hagiógrafo define o deus de toda a terra que criou, e esse deus somente coloca toda a vida nesse jardim onde havia de tudo, um jardim no Oriente ( região entre os rios Tigres e Eufrates que são zonas férteis para a agricultura, flora e fauna). Génesis 2:8 
5 -- Reparem que o hagiógrafo coloca deus a criar a cobra como o animal mais inteligente de todos os outros no jardim. Génesis 3:1 
6 -- Reparem que o hagiógrafo coloca deus enquanto está ausente, o casal consome o fruto do conhecimento. Génesis 3:4 - 6 
7 -- Reparem que o hagiógrafo coloca deus a passear no jardim : << E ouviram a voz de Deus que passeava pelo jardim... >> Génesis 3 : 8.
Hã ?!? O quê ?!? << voz que passeava >> ?!? 
8 -- Reparem que o hagiógrafo coloca o deus e a sua voz a passear pelo jardim na << viração do dia >> ou numa << tardinha >> Génesis 3:8. 
Sabem por que é que o hagiógrafo escreveu isso?!? Porque é lógico que o hagiógrafo está a descrever essa personagem, Deus, e teve que o colocar nesse PANORAMA AMBIENTAL ideal para embelezar e colorir a história da criação. 
 MOTIVO: Nas regiões desérticas, semi-desérticas ou nos oásis, durante o dia faz um calor tórrido e durante a noite faz um frio de roer os ossos. Por isso, o hagiógrafo sentiu a necessidade de colocar a personagem, Deus, a passear numa altura em que o Sol estava para se pôr << viração do dia >> ou << tardinha >> que é propositadamente o momento em que a temperatura ambiente fica << FRESCA e AGRADÁVEL >>. 
ANÁLISE : Historicamente os hebreus eram um povo constituído por pastores nómadas, depois de alguma necessidade social, tornaram-se semi-nómadas e mais tarde sedentários. Antes dos hebreus evoluírem culturalmente, politicamente e economicamente, já existiam povos circum-vizinhos que eram mais desenvolvidos e cujo os contactos influenciaram o pensamento hebreu. Falo sobre os : Egípcios, Sírios, Assírios, Sumérios , etc. 
Os hebreus depois de formarem e solidificar sua cultura, serviram-se das mitologias circum-vizinhas e criaram sua própria versão hebraica. Da tradição oral para a escrita, isso já no séc. IV e V aC quando o livro de Génesis foi compilado e justaposto pela Escola Sacerdotal. Mas antes do Génesis estar unido, estava dividido em 2 partes, uma parte pertencente a Escola Eloísta ( quando o deus dos hebreus era conhecido por El ) e Escola Javista ( quando o deus dos hebreus era chamado por YHVH ). 
ATENÇÃO : Todo o arqueólogo, papirólogo ou paleógrafo bíblico, sabe que os livros originais do Génesis em hebraico e aramaico são fragmentados. Só foram unificados por justa-posição tardiamente e com a invenção da imprensa por Johannes Guttemberg, é que a bíblia foi impressa e hoje conhecemos o livro de Génesis dessa forma já justa-posta, mas na realidade os originais se encontram em FRAGMENTOS. 

NOTA : Na mitologia egípcia, o deus Khum criou o homem a partir do barro na sua oficina de olaria para depois o lavar no rio Nilo. Templo de Ashtenaput 


Trabalho de investigação e escrita, por: Hegas Alberto Santana Santana

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Quem foi Menahém (ou Menachem)?



Menahém (ou Menachem) o essénio, teria sido um líder dos Essénios (Nazarenos) ao tempo de Herodes I, o Grande. O conhecimento que se tem chegado advém de várias fontes : 
- Flávio Josefo historiador judeu do séc. I refere-se a ele. 
- A Mishna e o Talmud de Jerusalém também se refere a um Menachem. 

Alguns investigadores, entre os quais Azaria de Rossi, sugeriram que eles sejam a mesma pessoa. Segundo fontes rabínicas, Menahém era "membro da corte do rei Herodes", o que vai ao encontro com o que diz Flávio Josefo. O académico Israel Knohl avançou a hipótese deste Menahém ser um messias que tentou iniciar uma revolta contra Roma após a morte de Herodes e depois ter sido morto pelos romanos, que deixaram o seu cadáver jazer por 3 dias. 
A descrição de acordo com o historiador Flávio Josefo, este Menahém era um bom amigo do rei Herodes. Quando Herodes se tornou rei (governador) com ajuda de Roma, Menahém permaneceu amigo de Herodes. Flávio conta que o rei Herodes respeitava os Essénios (Nazarenos) e os recebia frequentemente. Isto colocava Menahém numa situação delicada já que os Essénios odiavam os romanos, pois consideravam-nos opressores. Menahém teve que se valer da sua diplomacia. 

Israel Knohl, baseando-se nos manuscritos do Mar Morto, lança a hipótese de Menahém ser o autor dos textos, pois nesses pergaminhos alguém se auto-proclama como um messias. Nos pergaminhos, alguém fala de si próprio num TOM ALTIVO:
"Nos céus de um 'trono de potência' por entre uma 'assembleia de anjos'. 
E pergunta mesmo de forma audaz:
"Quem dentre os anjos é como eu?!?" 

Como Flávio Josefo escreveu, a situação de Menahém perante o rei Herodes era delicada já que os Essénios odiavam os romanos. Nos manuscritos do Mar Morto, há uma secção em que este misterioso messias instruí os membros da seita a serem diplomáticos, esperando o seu dia. Este trecho é mesmo chamado de Manual de disciplina de Qumrã
Os essénios parecem ter mantido a paz durante o reinado de Herodes. Mas quando ele morreu houve uma tentativa de revolta. 

Segundo o Talmud de Jerusalém, após a morte do rei Herodes, há uma grande revolta e turbulência política. Também segundo o Talmud de Jerusalém, foi então que ele foi excomungado. 
O Talmud reprova a acção do tal Menahém, dizendo que saiu da boa linha. Isso também joga bem com a hipótese de Israel Knohl. No Midrash do Cânticos dos Cânticos, consta que Menahém tera tido uma discussão com Hillel, líder dos Fariseus, e que Hillel foi um dos sábios que excomungou Menahém. 

SURPRESA: fui descobrir que na bíblia cristã menciona o tal Menahém como fazendo parte dos doutores da lei e profetas. Assim mostra-se claramente que Menahém era o profeta dos essénio (Nazarenos) tal como o historiador judeu do séc. I Flávio Josefo mencionou ser o messias dos essénios e que foi morto pelos romanos, sendo o seu cadáver deixado jazer morto por 3 dias. Assim como o investigador académico Israel Knohl descobriu através dos escritos de Flávio e do Talmud de Jerusalém. 
Fiquei surpreso quando ví o nome Menahém na bíblia cristã como estivesse no grupo de profetas. 
Abram a bíblia em Atos 13:1
"E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, Cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo".

Os Essénios (Nazarenos) eram ascetas e parece que a sua iconografia era o "pão e o peixe". 
Coincidência, o símbolo do cristianismo primitivo não era a cruz, mas sim o PÃO E O PEIXE 


Investigação e texto de Hegas Alberto Santana Santana.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Será que a aparência do design prova um designer?




O argumento teleológico para deus, também conhecido como o argumento do design, remonta há pelo menos tanto tempo quanto Sócrates. 
É a ideia de que nós vemos evidências dum projeto (ou a aparência de design) na natureza, e o design pressupõe um designer. Na verdade, dada a extraordinária complexidade da natureza, tal concepção pressupõe um designer extremamente inteligente. 
A força deste argumento é que ele é aparentemente lógico pois não depende duma falácia como muitos outros argumentos para justificar deus. Mas isso não significa que o argumento é válido ...

Um dos problema é que "a evidência do design" ou a "aparência de design" são difíceis de definir. Na verdade, eu nunca vi ninguém tentar definir esses termos. Em vez disso, os proponentes deste argumento dependem de analogias. Eles costumam dizer (segundo William Paley), se tu veres um relógio caído no chão, tu não terás nenhum problema em perceber que o relógio foi produzido ou criado, enquanto que a pedra que está ao lado dele já não foi

Claro que nós SABEMOS como os relógios foram produzidos. Sabemos que eles são projetados por seres humanos. Mas podemos estender esta analogia a outras coisas complexas quando não sabemos como elas foram produzidas?

Se a complexidade é o critério para "evidência do design", poderíamos olhar para os flocos de neve. Os flocos de neve são todos diferentes, mas todos tem seis lados, então temos projetos complexos e que tem várias simetrias surpreendentes. Poderiam mil milhões de flocos de neve ser produzidos por ACASO e tudo atender a essa especificação exigente? Bem, sim. Percebemos em grande detalhe como os flocos de neve se formam e sabemos que é um processo totalmente natural. 

Alguns defensores do argumento teleológico podem reclamar que os flocos de neve são um mau exemplo, porque eles não têm nenhuma função, eles podem dizer que não há evidência para o design quando uma coisa é complexa e desempenha uma função. 
OK, nós poderíamos olhar para um rio. Rios exercem a função do transporte de água para o mar e são parte dum ciclo hidrológico complexo. Apesar das curvas e voltas, e atravessando diferentes tipos de geologia, às vezes por milhares de quilómetros, os rios são sempre concebidos com um declive para permitir que a água flua, e com margens fluviais para impedir que a água fuja por um caminho particular. Eles são uma maravilha da engenharia. Claro, nós sabemos como se formam os rios e sabemos que é um processo totalmente natural. 

Assim, tanto a complexidade como a função, não pressupõem necessariamente o design inteligente. E quanto aos seres vivos? Os seres vivos são muito mais complexos do que qualquer floco de neve ou rio, serão eles a prova do design? Na verdade, as coisas vivas são duma ordem de magnitude muito mais complexa do que um relógio de bolso e elas têm muitas e variadas peças com funções específicas, tais como a circulação de sangue ou capacidade de visão. Podemos assumir que uma coisa viva é projetado da mesma forma que podemos assumir que um relógio de bolso foi concebido? Não, não podemos. 

 Os seres vivos são produzidos duma forma única que os torna diferentes de qualquer outra coisa. Os seres vivos surgiram através da reprodução. A reprodução não tem nada em comum com a fabricação. Relógios são feitos de peças fabricadas e montadas num artigo final. Os seres vivos começam como uma única célula e desenvolvem-se através da divisão e diferenciação celular. Relógios são feitos dum único projeto e são idênticos mas a reprodução garante que a prole seja diferente dos seus pais. Cada coisa viva vem diretamente duma longa cadeia de seres vivos anteriores, mas os relógios de bolso não. 

Assim, a analogia entre um relógio de bolso e uma coisa viva é falsa, pois estas são duas categorias diferentes de coisas e não podemos simplesmente assumir as duas categorias como tendo origens semelhantes. Seria como olhar para a categoria de coisas chamadas corpos celestes e determinar que elas surgiram por um processo de acreção causada pela gravidade e, em seguida, assumindo que a categoria de coisas chamadas refrigerantes também acontecem por acréscimo causado pela gravidade. Sim, isso é um absurdo, mas é assim que estão assumindo as categorias de "coisas fabricadas" e as categorias de "coisas vivas" como acontecendo da mesma forma. 

A maneira de descobrir as origens dos seres vivos não é fazendo uma analogia falsa, mas traçando o longo caminho da cadeia de seres vivos anteriores para perceber onde ela te leva. Até agora, como temos sido capazes de fazer isso, não encontramos evidências para o design, mas encontramos evidências da mudança gradual e da crescente complexidade ao longo das eras.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

Voar

Para o Homem se erguer do chão, 
e poder voar para o conhecimento, 
tem de se libertar da âncora da religião,
e dar total liberdade ao pensamento. 

Qual a diferença entre o idioma e a religião?

A religião e o idioma tem muito em comum. Ambos são aprendidos pela criança sem o seu consentimento. Ambos ficarão profundamente alojados dentro do seu cérebro e dificilmente serão removidos. 

Mas a linguagem é uma ferramenta vital, enquanto que a religião é um fardo inútil que apenas ensina mitos como verdades e cria barreiras e mal-entendidos entre as pessoas.


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Se as orações realmente funcionassem...



Imagine que existia um ser sobrenatural que podia intervir no nosso mundo. 

Se este ser sobrenatural fez alguma coisa que afetou o nosso mundo natural, poderíamos ver o efeito, mas não veríamos a causa. Veríamos um efeito sem causa, um efeito incausado. 

Se este ser sobrenatural respondeu a mil milhões de orações por dia, cada oração respondida seria um efeito sem causa. Assim, em todo o mundo, estaríamos testemunhando mil milhões de efeitos sem causa todos os dias: chaves perdidas simplesmente apareceriam na tua mão, carros estacionados desaparecendo diante dos teus olhos para te dar um espaço livre para o teu carro, um autocarro que não se move apesar do motorista tentar que ele se mexa, para te dar tempo para entrares a bordo, a chuva que pára subitamente para não te molhares, todas as doenças a desaparecerem instantaneamente... 

Iríamos achar tudo isso extremamente inquietante porque esperamos que os efeitos tenham sempre uma causa. E esperamos isso tão seguramente como esperamos que um objeto pesado largado no ar, caia. E esperamos isso porque nós sempre vemos efeitos causados. 

Mas nunca vemos efeitos sem causa, porque eles não acontecem. Desculpem a decepção.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dois erros que nunca deves cometer



Depois de tu aceitares que existe um mundo sobrenatural, ficas em risco. A partir desse ponto, nada é demasiado absurdo para tu acreditares. Isto é, passas a estar em risco de te tornares um apologista do ridículo. Esta descida para o absurdo baseia-se em dois erros do pensamento: 

O primeiro erro é aceitares que existe um mundo sobrenatural, quando simplesmente não existe nenhuma razão válida para acreditar que isso seja verdade. 

O segundo erro é tratares da existência do sobrenatural, não como uma tentativa de conclusão com base em evidências especulativas, falíveis, mas como uma premissa evidente que não pode ser contestada. Depois de teres feito isso, tu podes construir toda uma visão do mundo usando essa premissa como base para outras crenças - como a crença em deuses, animais fantásticos, criaturas invisíveis, maldições mortais e eventos que nunca aconteceram e nunca poderão acontecer. 

E isto é quando tu te tornas perdido para a razão. 

Mas há um caminho de retorno, e é simples. Esse caminho é entenderes os dois erros fundamentais, e pensares novamente.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

domingo, 9 de outubro de 2016

Era uma vez uma cidade...




 Era uma vez num país muito distante que se situava num deserto quentíssimo, país esse que nem se sabia onde se situava num mapa mundi.
Nesse país, o rei de que se dizia não ter idade, também se dizia que tinha muitos e variados conhecimentos em vários ramos das filosofias e ciências, e que decidiu construir uma imensa cidade.

Esse rei desenhou, projetou e construiu as estradas, ruas e avenidas, parques e jardins, estabelecimentos comerciais, químicos e industriais, casas, prédios e arranha-céus.
Nem sempre construiu bem à primeira, nem sempre construiu com o intuito de ser em definitivo. Construía um bairro que depois deitava abaixo para edificar uma central elétrica, para depois depois voltar a deitar abaixo e apenas tornar tudo num enorme aterro.

A cidade foi crescendo, crescendo sem parar, enorme, com cada vez mais e mais bairros, milhares e milhares deles, milhões de quarteirões, cada quarteirão gigante era constituído por centenas de casas e prédios de todos os tamanhos. A maior parte dos prédios tinha vários dezenas de pisos abaixo do solo, e muitos mais acima dele. Dezenas, centenas de andares, perfurando e rasgando as nuvens que pela cidade deslizavam.

Mas havia algo de estranho na cidade. Não tinha gente alguma em lado algum. Ninguém a habitava. Sempre assim foi, completamente vazia. Uma cidade imensurável sendo construída continuamente durante tantos anos que já ninguém sabe quantos são. Uma cidade completamente idealizada para pessoas que afinal, nunca as teve.

Talvez nunca tivesse ninguém porque devido ao local onde a cidade foi criada, é tão quente, mas tão quente e seco, que qualquer pessoa que atravesse uma rua, morreria imediatamente tal o calor que se faz sentir em todo o lado da cidade.

Após muitos anos de construções, mesmo muitos e ainda em construção acelerada, o rei decidiu que num certo bairro perdido na cidade, num determinado quarteirão, numa pequena casa limítrofe das centenas que por lá estão, num pequeno quarto dessa casa, colocou uns macaquinhos brancos.

Esses m
acaquinhos não eram macacos comuns, eram espertos e aprendiam. Tão espertos que o rei ensinou-lhes algumas coisas, deu-lhes ordens. As ordens eram poucas e básicas: deveriam prestar culto ao rei e a mais ninguém; a um dia da semana, esses macaquinhos estavam proibidos de fazer seja o que for e apenas poderiam adorar o rei; ou proibir os pequenos macacos de cobiçar as macacas dos outros macacos.

Os 
macaquinhos por lá ficaram nesse pequeno quarto dessa casa daquele bairro, foram se multiplicando, fazendo pela sua vidinha, naquela incomensurável cidade deserta.


Os leitores que aqui chegaram perguntar-se-ão qual o sentido deste conto, e faz sentido fazer essa pergunta. Porque o conto anda à volta duma cidade estupidamente gigante que apenas alberga uns macaquinhos
 espertos.
E isso não faz sentido.
Não faz mesmo sentido algum. É estúpido.

Ahh, a cidade tem nome. E o seu nome é Universo.
E agora pergunto aos leitores:

Criar uma cidade brutalmente enorme apenas para uns macaquinhos adorarem o rei, faz sentido?
Criar um Universo estupidamente enorme apenas para uns humanos adorem um deus, faz sentido?


sábado, 8 de outubro de 2016

Três perguntas que derrotam deus




As razões mais comuns que as pessoas dão para acreditar em deus, nem são realmente razões, mas sim perguntas: "Como a vida chegou até aqui?"; "O que criou o universo?"; "Como o ADN surgiu?"; e assim por diante. 

Se achas que estas são boas razões para acreditar em deus, por favor, pergunta a ti próprio estas três perguntas: 

1) Será que o fato de que há coisas que não entendemos hoje, significa que nunca iremos entendê-las? 

2) Será que o fato de que há coisas que não entendemos hoje, significa que o deus que os antigos hebreus adoravam, tem de existir? 

3) Será que o fato de que há coisas que não entendemos hoje, um deus qualquer tem de existir?

 Se conseguires arranjar lógica suficiente para responder a estas três perguntas, vais encontrar para todas elas a mesma resposta, e essa resposta é NÃO! 

Agora, onde está o teu argumento? Está em lado nenhum. Ele está junto do teu deus.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Entendendo termos científicos e cientistas




Os cientistas não usam palavras normais quando falam sobre ciência. Eles usam palavras que soam como palavras normais, como "teoria, modelo, natural", mas essas palavras têm significados bastantes diferentes quando aplicadas à investigação científica. Isto é perfeitamente normal e correcto quando eles estão em conversas com outros cientistas, mas, e se estiverem a falar comigo ou contigo? 
Temos um problema!
Aquelas palavras começaram a ter significados científicos específicos, mas foram adoptadas no discurso público com significados completamente diferentes. Isso torna-as ainda mais confusas do que deveriam ser. Para ajudar a esclarecer esta confusão, aqui vai um breve guia sobre as 6 palavras mais comuns de serem mal entendidas, que os cientistas usam ao falar para público em geral: 

TEORIA 

Uso normal: Eu não acredito em alterações climáticas! Isso é apenas uma teoria - não há nenhuma prova. 

Uso científico: Temos de tomar medidas contra as alterações climáticas. É uma teoria comprovada. 

A maioria das pessoas ouvem a palavra "teoria" e assumem que é uma ideia ou uma declaração com necessidade de prova. Um cientista ouve a palavra "teoria" e reconhece-a como um facto certificado porque foi comprovado. As teorias científicas de Einstein a Darwin ou das alterações climáticas, todas têm vindo a partir de ideias hipotéticas através de repetidos ataques de testes para se tornarem em modelos comprovados. Teorias não são meras opiniões ou hipóteses. Elas são uma estrutura de factos comprovados. E falando de hipóteses ... 

HIPÓTESE 

Uso normal: Eu não tenho certeza do que está acontecendo com o aquecimento global, mas esta é a minha hipótese... 

Uso científico: Eu não tenho certeza do que está acontecendo com o aquecimento global, mas eu acho que tem algo a ver com os gases de efeito de estufa. Aqui está a minha hipótese para testar isso. 

Se ouvires a palavra "hipótese", assumes que é um palpite. Os cientistas consideram uma hipótese como a primeira etapa na viagem duma ideia para se tornar numa teoria. Basicamente, uma hipótese é uma teoria não comprovada, uma declaração que estabelece a direção duma experiência. Ela inclui maneiras de medir o que um cientista vai fazer na experiência e o que irá acontecer quando eles fazem essas coisas. É a estrutura para um teste. Não é um palpite. 

MODELO 

Uso normal: Eu sei exatamente como esta coisa funciona! Vê: eis o modelo. 

Uso científico: Eu não sei como esta coisa funciona. Vamos fazer um modelo para descobrir. 

Modelo é uma palavra científica complicada. Ela significa coisas diferentes em diferentes disciplinas. Na física, significa uma simulação de computador que os ajuda a realizar um cálculo. Em matemática, é uma abstracção que usa a linguagem matemática para prever o comportamento dum sistema. O tema unificador para todos os cientistas é que um modelo é uma ideia testável. Um modelo científico utiliza dados conhecidos para criar uma representação de algo que é difícil de saber facilmente, como o universo, ou o crescimento duma vertente particular de ADN dado um certo número de factores. As pessoas normais ao pensar em modelos, vêem-nos como versões ideais de alguma coisa, como um super-modelo duma microscópica célula ou uma réplica em escala reduzida dum objeto do mundo real, como um avião de brinquedo. Basicamente, esta palavra significa tantas coisas que o seu significado é totalmente dependente de contexto. Ela exige uma rápida googlada para a entendermos. 

CÉTICO 

Uso normal: Eu não acredito no aquecimento global. Eu estou cético. 

Uso científico: Você pode reproduzir este experimento? Eu estou cético em relação a esses resultados. 

A maioria das pessoas acha que um cético é alguém que questiona tudo porque está em seu ADN duvidar. Os cientistas usam a palavra "cético" para definir uma prática, não uma pessoa. Para os cientistas, ser cético é a prática de analisar a adesão de afirmações científicas aos dados e reprodutibilidade. É uma filosofia, uma maneira de manter os resultados honestos e informações claras. É a "máquina de auto-correcção da ciência", como Carl Sagan dizia, não é apenas uma expressão de dúvida. 

SIGNIFICATIVO 

Uso normal: Este candidato político tem uma enorme aversão à corrupção, é uma convicção dele bastante significativa.

Uso científico: Nós executámos esta experiência 12 vezes e continuamos a receber este resultado. Deve ser significativo. Ele continua a acontecer.

Esta palavra poderá ser a mais incompreendida. Tanto tu e eu usamos a palavra "significativo" como significado de "importante". Para um cientista, "significativo" quer dizer que um resultado é grande o suficiente para ser importante e improvável de ocorrer por mero acaso. Dito isto, a Associação Americana de Estatística divulgou um comunicado no mês passado pedindo uma revisão do atual significado do termo "significativo", de modo que a ideia de "significado científico" irá mudar em breve. A principal coisa a lembrar é que "significativo" não é uma quantidade para um cientista; é um marcador que os orienta para uma solução. É apenas relevante, não necessariamente importante. Até que ele seja testado. 

NATURAL 

Uso normal: Estes bolinhos devem ser bons - eles são todos naturais. 

Uso científico: O padrão do terremoto ao longo desta linha de falha é natural - tem um padrão. 

A palavra "natural" é incrivelmente enganosa. A maioria das pessoas pensa em algo natural como algo saudável e nutritivo. Algo natural como uma fruta ou água que vem diretamente da Terra ou que não é fabricado pelo homem. Para um cientista, qualquer coisa feita pelo universo é natural, manufacturada ou não. Natural é um estado de ser, e tão facilmente se aplica a frutas e água como se aplica ao urânio ou ao plasma. As coisas naturais são testáveis, e comportam-se de modo previsível. Natural é um estado de ser, não um rótulo. 

Estas são apenas algumas das muitas palavras científicas que se deformam ou se alteram na comunicação. A diferença entre o que um cientista acha que uma palavra significa e o que nós achamos que uma palavra significa, pode ser enorme. Mas isso não é razão para não tentarmos entender a linguagem científica. Nós todos nos interessamos pelas descobertas. Nós só precisamos da explicação dentro do contexto, com palavras que não sejam do tipo jargão. Como neste vídeo onde Michio Kaku explica a Teoria de Tudo numa linguagem compreensível para todos. Até que toda a comunicação científica seja tão clara como esta, tens agora algumas informações mais precisas sobre as palavras mais confusas da linguagem cientifica.

Traduzido e adaptado de BigThink

domingo, 2 de outubro de 2016

Três coisas a saber



Aqui estão duas coisas que tu sabes: 

1.  Os seres humanos inventaram e adoraram milhares de deuses por vários milénios. 
2. Os seres humanos encontraram deuses já inventados que eram completamente convincentes e satisfatórios. 

Aqui está uma coisa que tu não sabes: 

3. Será que o deus de que os antigos hebreus escreveram na Torá (que agora é adorado por judeus, cristãos e muçulmanos) é um daqueles deuses inventados ou um deus real?


Pode haver coisas que te façam convencer de que deve haver um deus - coisas como a existência de vida, o DNA, a inteligência ou até mesmo o próprio Universo. 

É verdade que a ciência ainda não tem explicações satisfatórias para todas estas coisas, mas antes de reivindicares triunfantemente estas lacunas do conhecimento para provares que o deus hebraico existe, tu precisas duma boa resposta para a pergunta (3). Obviamente, se o deus hebreu é um dos deuses inventados, tu não podes dar-lhe crédito algum. 

Assim, só tens que fornecer as evidências que provam que o deus hebraico é real. Uma vez que o tenhas demonstrado, então estarás numa boa posição para dar-lhe crédito para o que quiseres.

Traduzido e adaptado de Bill Flavell