O argumento teleológico para deus, também conhecido como o argumento do design, remonta há pelo menos tanto tempo quanto Sócrates.
É a ideia de que nós vemos evidências dum projeto (ou a aparência de design) na natureza, e o design pressupõe um designer. Na verdade, dada a extraordinária complexidade da natureza, tal concepção pressupõe um designer extremamente inteligente.
A força deste argumento é que ele é aparentemente lógico pois não depende duma falácia como muitos outros argumentos para justificar deus. Mas isso não significa que o argumento é válido ...
Um dos problema é que "a evidência do design" ou a "aparência de design" são difíceis de definir. Na verdade, eu nunca vi ninguém tentar definir esses termos. Em vez disso, os proponentes deste argumento dependem de analogias. Eles costumam dizer (segundo William Paley), se tu veres um relógio caído no chão, tu não terás nenhum problema em perceber que o relógio foi produzido ou criado, enquanto que a pedra que está ao lado dele já não foi.
Claro que nós SABEMOS como os relógios foram produzidos. Sabemos que eles são projetados por seres humanos. Mas podemos estender esta analogia a outras coisas complexas quando não sabemos como elas foram produzidas?
Se a complexidade é o critério para "evidência do design", poderíamos olhar para os flocos de neve. Os flocos de neve são todos diferentes, mas todos tem seis lados, então temos projetos complexos e que tem várias simetrias surpreendentes. Poderiam mil milhões de flocos de neve ser produzidos por ACASO e tudo atender a essa especificação exigente? Bem, sim. Percebemos em grande detalhe como os flocos de neve se formam e sabemos que é um processo totalmente natural.
Alguns defensores do argumento teleológico podem reclamar que os flocos de neve são um mau exemplo, porque eles não têm nenhuma função, eles podem dizer que não há evidência para o design quando uma coisa é complexa e desempenha uma função.
OK, nós poderíamos olhar para um rio. Rios exercem a função do transporte de água para o mar e são parte dum ciclo hidrológico complexo. Apesar das curvas e voltas, e atravessando diferentes tipos de geologia, às vezes por milhares de quilómetros, os rios são sempre concebidos com um declive para permitir que a água flua, e com margens fluviais para impedir que a água fuja por um caminho particular. Eles são uma maravilha da engenharia. Claro, nós sabemos como se formam os rios e sabemos que é um processo totalmente natural.
Assim, tanto a complexidade como a função, não pressupõem necessariamente o design inteligente. E quanto aos seres vivos? Os seres vivos são muito mais complexos do que qualquer floco de neve ou rio, serão eles a prova do design? Na verdade, as coisas vivas são duma ordem de magnitude muito mais complexa do que um relógio de bolso e elas têm muitas e variadas peças com funções específicas, tais como a circulação de sangue ou capacidade de visão. Podemos assumir que uma coisa viva é projetado da mesma forma que podemos assumir que um relógio de bolso foi concebido? Não, não podemos.
Os seres vivos são produzidos duma forma única que os torna diferentes de qualquer outra coisa. Os seres vivos surgiram através da reprodução. A reprodução não tem nada em comum com a fabricação. Relógios são feitos de peças fabricadas e montadas num artigo final. Os seres vivos começam como uma única célula e desenvolvem-se através da divisão e diferenciação celular. Relógios são feitos dum único projeto e são idênticos mas a reprodução garante que a prole seja diferente dos seus pais. Cada coisa viva vem diretamente duma longa cadeia de seres vivos anteriores, mas os relógios de bolso não.
Assim, a analogia entre um relógio de bolso e uma coisa viva é falsa, pois estas são duas categorias diferentes de coisas e não podemos simplesmente assumir as duas categorias como tendo origens semelhantes. Seria como olhar para a categoria de coisas chamadas corpos celestes e determinar que elas surgiram por um processo de acreção causada pela gravidade e, em seguida, assumindo que a categoria de coisas chamadas refrigerantes também acontecem por acréscimo causado pela gravidade. Sim, isso é um absurdo, mas é assim que estão assumindo as categorias de "coisas fabricadas" e as categorias de "coisas vivas" como acontecendo da mesma forma.
A maneira de descobrir as origens dos seres vivos não é fazendo uma analogia falsa, mas traçando o longo caminho da cadeia de seres vivos anteriores para perceber onde ela te leva. Até agora, como temos sido capazes de fazer isso, não encontramos evidências para o design, mas encontramos evidências da mudança gradual e da crescente complexidade ao longo das eras.
A força deste argumento é que ele é aparentemente lógico pois não depende duma falácia como muitos outros argumentos para justificar deus. Mas isso não significa que o argumento é válido ...
Um dos problema é que "a evidência do design" ou a "aparência de design" são difíceis de definir. Na verdade, eu nunca vi ninguém tentar definir esses termos. Em vez disso, os proponentes deste argumento dependem de analogias. Eles costumam dizer (segundo William Paley), se tu veres um relógio caído no chão, tu não terás nenhum problema em perceber que o relógio foi produzido ou criado, enquanto que a pedra que está ao lado dele já não foi.
Claro que nós SABEMOS como os relógios foram produzidos. Sabemos que eles são projetados por seres humanos. Mas podemos estender esta analogia a outras coisas complexas quando não sabemos como elas foram produzidas?
Se a complexidade é o critério para "evidência do design", poderíamos olhar para os flocos de neve. Os flocos de neve são todos diferentes, mas todos tem seis lados, então temos projetos complexos e que tem várias simetrias surpreendentes. Poderiam mil milhões de flocos de neve ser produzidos por ACASO e tudo atender a essa especificação exigente? Bem, sim. Percebemos em grande detalhe como os flocos de neve se formam e sabemos que é um processo totalmente natural.
Alguns defensores do argumento teleológico podem reclamar que os flocos de neve são um mau exemplo, porque eles não têm nenhuma função, eles podem dizer que não há evidência para o design quando uma coisa é complexa e desempenha uma função.
OK, nós poderíamos olhar para um rio. Rios exercem a função do transporte de água para o mar e são parte dum ciclo hidrológico complexo. Apesar das curvas e voltas, e atravessando diferentes tipos de geologia, às vezes por milhares de quilómetros, os rios são sempre concebidos com um declive para permitir que a água flua, e com margens fluviais para impedir que a água fuja por um caminho particular. Eles são uma maravilha da engenharia. Claro, nós sabemos como se formam os rios e sabemos que é um processo totalmente natural.
Assim, tanto a complexidade como a função, não pressupõem necessariamente o design inteligente. E quanto aos seres vivos? Os seres vivos são muito mais complexos do que qualquer floco de neve ou rio, serão eles a prova do design? Na verdade, as coisas vivas são duma ordem de magnitude muito mais complexa do que um relógio de bolso e elas têm muitas e variadas peças com funções específicas, tais como a circulação de sangue ou capacidade de visão. Podemos assumir que uma coisa viva é projetado da mesma forma que podemos assumir que um relógio de bolso foi concebido? Não, não podemos.
Os seres vivos são produzidos duma forma única que os torna diferentes de qualquer outra coisa. Os seres vivos surgiram através da reprodução. A reprodução não tem nada em comum com a fabricação. Relógios são feitos de peças fabricadas e montadas num artigo final. Os seres vivos começam como uma única célula e desenvolvem-se através da divisão e diferenciação celular. Relógios são feitos dum único projeto e são idênticos mas a reprodução garante que a prole seja diferente dos seus pais. Cada coisa viva vem diretamente duma longa cadeia de seres vivos anteriores, mas os relógios de bolso não.
Assim, a analogia entre um relógio de bolso e uma coisa viva é falsa, pois estas são duas categorias diferentes de coisas e não podemos simplesmente assumir as duas categorias como tendo origens semelhantes. Seria como olhar para a categoria de coisas chamadas corpos celestes e determinar que elas surgiram por um processo de acreção causada pela gravidade e, em seguida, assumindo que a categoria de coisas chamadas refrigerantes também acontecem por acréscimo causado pela gravidade. Sim, isso é um absurdo, mas é assim que estão assumindo as categorias de "coisas fabricadas" e as categorias de "coisas vivas" como acontecendo da mesma forma.
A maneira de descobrir as origens dos seres vivos não é fazendo uma analogia falsa, mas traçando o longo caminho da cadeia de seres vivos anteriores para perceber onde ela te leva. Até agora, como temos sido capazes de fazer isso, não encontramos evidências para o design, mas encontramos evidências da mudança gradual e da crescente complexidade ao longo das eras.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
Ótimo
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