terça-feira, 26 de setembro de 2017

Lutar contra deus e contra religião




Há vários crentes que me perguntam porque é que eu "luto contra deus" ou "luto contra a religião". Bem, eu não luto contra deus, porque seria um quixotismo. Mas, de facto, luto contra a religião. Esta é uma das respostas que dei (desculpem pela extensão, mas muitas das minhas respostas são muito longas): 

Enquanto existirem pessoas a acreditar em amigos imaginários, a acreditaram que aquilo que fazem tem o aval de um ser superior, iremos assistir às maiores idiotices e maldades imaginárias (a História o tem demonstrado). Enquanto se considerar que a mitologia tem a mesma validade que a história, que o monólogo com amigos imaginários (oração) tem a mesma validade que a medicina, o mundo não avança. Enquanto se ensinar às crianças que devem acreditar em histórias fantásticas, sem exigir provas, sem questionar, não teremos pessoas que farão deste mundo um mundo melhor. 

A religião foi importante para o desenvolvimento humano. Fundamental, até. Numa altura em que o ser humano era ignorante e precisava criar regras que lhe permitissem sobreviver mais e melhor.
Actualmente não tem lugar no mundo.
É a bengala imaginária daqueles que são fracos de espírito.(Se é que espírito existe) E, do mesmo modo que uma criança que aprende a andar de bicicleta com rodas de apoio, se não as tirar um dia, nunca há-de aprender a andar verdadeiramente de bicicleta.

Continuarei a escarnecer, a ridicularizar e a tentar pôr termo a tudo o que possa, que se relacione com a religião. É utópico, eu sei. Mas muitos e grandes passos se têm dado para que, cada vez mais, existam sociedades humanistas e seculares.

Espero que os meus filhos cresçam num mundo com menos alucinados a acreditar em lendas e mitos e a tentar convencê-los que é a verdade. Quero que os meus filhos cresçam num mundo em que as pessoas assumem as responsabilidades pelos seus actos em vez de as escamotear para um ser mágico, invisível, inaudível e inexistente.
E que também dêem o devido valor a quem faz coisas boas, em vez de as atribuir ao mesmo amigo imaginário.

Que a fantasia e a imaginação sejam instrumentos da arte... da pintura, da escultura, da poesia, da música. E não substitutos da incapacidade pueril de lidar com a realidade.

NÃO! Não vou deixar em paz quem acredita ter um amigo imaginário.
É possível ser feliz sem ter de se agarrar a uma coisa que tanto, tanto mal tem feito à humanidade.

Termino com uma frase fantástica do falecido Douglas Adams:

"Não é possível constatar que o jardim é lindo, sem que para tal seja necessário acreditar que vivem fadas por debaixo dele?"


Texto de Rui Batista

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