segunda-feira, 19 de março de 2018

O Jesus mítico e impostor



Observando a crítica dos teólogos cristãos, vemos que eles pregam um exclusivismo fanático. Enquanto dizem que os deuses dos povos orientais são míticos, elevam o seu a um patamar inquestionável. Essa perspectiva exclusivista levou alguns estudiosos a considerar o Cristianismo perigoso. Se Jesus é meramente outro deus em meio a muitos outros do mundo antigo, apenas um profeta que esposou as filosofias e morais que estava em voga antes de seu tempo, por que somente ele deve ser considerado verdadeiro em vez de um mito também? E pior, o Cristianismo afirma que ele não era apenas um profeta, mas também o Deus único do Universo.

Em vista do contexto religioso e histórico em que Jesus, o Messias, foi formado, não resta dúvida que ele é o resultado psicológico de um povo vivendo numa era apocalítica. Poucas pessoas questionam se Jesus foi realmente um personagem histórico nascido entre 7 e 4 a.C., em Israel, que ele morreu na cruz e ressuscitou dentre os mortos.

Todavia, as razões para esses eventos levam a uma encruzilhada nas tradições religiosas. Quando se examina o Jesus do qual o Cristianismo fala, percebe-se que ele fica destituído de ambientação histórica. As profecias e o cumprimento delas na vida de Jesus, de forma distinta dos ensinamentos do Budismo e do Hinduísmo, parecem verdades para o homem ocidental. Ainda assim, nos escritos de outras religiões, descobrimos crenças muito parecidas com aquelas apresentadas nos evangelhos canônicos. Algumas tradições afirmam que, nas cordilheiras do Himalaia, a partir dos 12 anos, Jesus recebeu “orientação espiritual” dos lamas tibetanos e retornou a Jerusalém logo depois de completar trinta anos. Ele, depois disso, fez milagres e profecias, mas escapou da crucifixão e retornou à Índia, onde viveu na Caxemira, e seu túmulo está lá até hoje. 

Na literatura hindu, a tradição insiste que Jesus visitou a Índia durante o reinado do rei Shalivahan. De acordo com esses relatos, Jesus disse que ele se chamava Yuz Asaf e passou a ser conhecido como Isa Masih, ou Jesus, o Messias. Encontra-se essa afirmação em escritos que, supostamente datam do ano 115 da nossa era.

Algumas lendas dizem que, depois da morte de Judas na cruz (o verdadeiro crucificado), Jesus foi a Damasco por um período de dois anos, onde ocorreu o encontro com Paulo. Afirma-se que ele pregou para o rei de Nisibis, no sudeste da Turquia. 

Outra perspectiva é que Jesus viajou para o Afeganistão onde fez milagres, enquanto outras lendas afirmam que ele e sua mãe foram para o Paquistão, fundamentando-se no Sura 23:50 do Alcorão onde está escrito que Maria foi enterrada nesse local, no cume de uma montanha. 

Alguns ditos de Jesus estariam em inscrições próximas de Caxemira, na Índia, e houve especulação de que esses ditos pudessem ser “logias” mencionadas no século II por Papias, discípulo de João. Um mito comum é que a história de Jesus, na realidade, é a história recontada de Krishna. Parte dessa crença fundamenta-se na opinião de alguns Pais da Igreja que não consideravam a religião ensinada por Jesus como nova e única. 

O primeiro historiador da igreja, Eusébio de Cesareia, escreveu: “A religião de Jesus Cristo não é nova nem estranha”. E Agostinho de Hipona alega: “Isso, em nossa época, é a religião cristã, não que não fosse conhecida em tempos antigos, mas recebeu esse nome recentemente”. Em acréscimo a isso, de acordo com o Hinduísmo, Krishna, o oitavo avatar ou manifestação do deus Vishnu, possui mais de cem pontos de comparação com a vida de Jesus. 

Mas, se isso for verdade, então a maioria das crenças essenciais cristãs sobre Jesus terá de ser abandonada, se aceitarmos a anterioridade de 900 anos dos fatos sobre Krishna. Em vista destes fatos, parece que o Cristianismo está em uma situação difícil, sendo apenas uma religião fundamentada em traços de outras religiões da Antiguidade. Há um importante contraste, entretanto, entre a religião de Krishna e a Bíblia: a primeira tem uma ênfase panteísta, ao passo que a última afirma haver uma distinção entre Deus e o mundo; a perspectiva do Hinduísmo é filosófica e ética, enquanto a perspectiva cristã pretende ser histórica. 

Para mim, não faz a menor diferença se ele nunca existiu, mas notem que a historicidade de Jesus é essencial para a “salvação eterna” prometida para o cristão, e esse é o ponto psicológico da aceitação do mito cristão. Apesar da enorme “coincidência” ente os ensinamentos de Jesus e Buda (que viveu 500 antes), o último ensinamento da senda óctupla do Budismo é a “concentração correta” - a intensificação do fator mental presente em todo estado de consciência, uma tentativa deliberada para elevar a mente ou a consciência a um nível mais purificado -, mas Jesus nunca ensinou esse tipo de meditação, antes o objetivo dele não era para que lutássemos para alcançar um estado de supraconsciência, mas sim que o conheçamos e o sigamos, numa clara demonstração de persuasão para a dominação. 

O texto bíblico relata-nos que Jesus era o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo (um plágio do deus Mitra). A segunda vinda de Jesus, minha última consideração, é visto como o juiz vindouro que virá buscar sua igreja para si mesmo na ressurreição e, conforme meu entendimento das Escrituras, quando ele vier estabelecerá o reino prometido a Davi e a Israel. Na primeira parte de sua segunda vinda, ele resgata sua noiva; e, na parte final, ele vem para julgar e reinar sobre a Terra. Como as várias religiões do mundo têm posições contraditórias em relação à natureza de Deus, ao pecado, à salvação e às outras crenças, todas elas (inclusive o Cristianismo) não podem estar corretas sobre o que é verdade. 

A lei básica da Lógica é chamada de a lei da não contradição. Duas proposições opostas uma à outra não podem ser as duas verdadeiras ao mesmo tempo. Não posso tomar algo por verdade, se isso já não for verdade; posso descobrir que algo é ou não verdade e aceitar ou rejeitar essa verdade. Aquilo que aceitamos como verdade sobre a “palavra de deus” exclui todas as outras possibilidades sobre a afirmação da verdade que criamos. 

Quando colocamos várias religiões lado a lado, descobrimos um número excessivo de perspectivas contraditórias, uma em oposição à outra. Não é possível que todas elas sejam verdadeiras, mas Jesus afirmou “que ele era a verdade, o caminho e a vida”, e que ninguém vem ao Pai exceto por intermédio dele. Essa perspectiva é estreita e exclusiva. 

O Cristianismo, conforme tradicionalmente se acreditou por dois mil anos, é perigoso, destrutivo e aviltante. Acreditar que Jesus é o único Salvador do mundo, que ele é Deus em carne e que é necessário crer nele para ter a vida eterna, é um ponto de vista prejudicial. O Cristianismo, no entanto, nunca foi aceito unanimemente e, tampouco, essa abordagem será bem-sucedida no futuro.

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