O livre arbítrio é algo que realmente existe.
Isto significa simplesmente que cada pessoa pode fazer aquilo que bem entender.
Mas, claro está, poderão advir consequências das acções que uma pessoa levar a cabo.
Consequências físicas.
Por exemplo, se a pessoa decidir lançar-se de uma janela de um edifício alto porque acredita que consegue voar, poderá ficar gravemente ferida ou morrer.
Consequências psicológicas.
Por exemplo, se a pessoa decidir matar uma pessoa, pode ficar com graves problemas existências, medo de ser apanhada, questionar o que isso pode ter provocado às pessoas que eram próximas da pessoa que faleceu, etc.
Consequências legais.
Por exemplo, se a pessoa infringir uma lei, poderá ser imputada monetariamente, ou ser presa, ou mesmo executada.
Resumindo, por cada acção que façamos, haverá consequências. SEMPRE!
Afinal, vivemos num universo causístico e todas as acções levam a que algo aconteça com base nessas acções.
Mas NENHUMA CONSEQUÊNCIA DIVINA acontecerá porque o livre arbítrio é meramente um dado adquirido, é algo que acontece naturalmente num universo causístico.
Não é uma liberdade concedida por uma entidade.
Entidade essa que, para poder conceder seja o que for, teria de existir.
E essa existência nunca chegou sequer perto de ser provada ou minimamente demonstrada.
Todavia, há um aspecto interessante, caso essa entidade existisse e tivesse, de facto, concedido o livre arbítrio como uma benesse divina.
Isso implicaria que essa divindade NÃO PODIA SER OMNISCIENTE.
Porque se essa divindade fosse omnisciente, saberia o que as pessoas iam escolher ANTES DE ELAS ESCOLHEREM.
Isso significa que a decisão das pessoas, ao ser conhecida antes, estava pré-determinada que seria uma decisão específica e isso significa que a decisão não tinha sido realmente livre.
As pessoas limitar-se-iam a escolher o que estava pré-determinado (a única maneira de saber de antemão o que iria acontecer), mas teriam a ilusão de que a escolha era livre.
A única maneira de uma escolha ser TOTALMENTE LIVRE, implica que não seja possível saber de antemão o que vai ser decidido.
Portanto, o livre arbítrio (que de facto existe!!) é totalmente incompatível com a suposta capacidade de omnisciência de uma divindade.
Portanto, se deus existisse, e tivesse concedido o livre arbítrio, não podia ser omnisciente.
Se deus existisse e fosse omnisciente, não existiria verdadeiro livre arbítrio.
Mas a resposta é muito mais simples: o livre arbítrio existe porque é o estado natural de um universo regido por leis naturais e deus não existe.
Texto de Rui Batista
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