sexta-feira, 29 de novembro de 2019

A relação entre a inteligência e os ateus



Na realidade, não é uma falácia.
Estudos independentes efectuados ao longo de várias dezenas de anos, demonstraram que existe uma tendência, mesmo que marginal, para que as pessoas mais inteligentes demonstrem uma maior propensão para o ateísmo e aquelas que tiverem menos acesso a informação ou são naturalmente menos inteligentes, demonstram uma maior propensão para a crença.

Reparem que não disse que as pessoas são mais inteligentes por serem ateias.
O que se verificou é que as pessoas mais inteligentes tendem a ser ateias.
Portanto, não confundam a direcção da relação.
E sim, existem vários tipos de inteligência.

Há a inteligência erudita, que se baseia em informação e capacidade de cruzamento e processamento dessa informação através de operações racionalmente lógicas.
Os crentes demonstram pouca desta inteligência. Posso concluir isso porque não demonstram capacidade de realizar operações racionalmente lógicas. Se fossem capazes de o fazer, não seriam crentes.

Há a inteligência interpessoal que é associada à capacidade de nos identificarmos com os sentimentos e motivações das outras pessoas. Uma espécie de relação empática.

Há a inteligência intrapessoal que é um entendimento de nós mesmos, do que sentimos e o que desejamos.

Há a inteligência social que tem a ver com a nossa capacidade de viver em comunidade, de avaliar as situações e coordenar as nossas acções para um bem comum e também a percepção de uma consciência global de uma sociedade.

Há a inteligência espacial que tem a ver com a capacidade de orientação e visualização tridimensional.

Há a inteligência existencial que está relacionada com questões profundas acerca do sentido da vida, da morte, de porque estamos aqui, etc. No caso desta inteligência, os crentes têm-na dominada por fantasias e mitologia.

E há outras inteligências, como a naturalista, a musical, a linguística, a corporal-cinestésica, a matemática, etc.

Portanto, eu sei que cada pessoa é inteligente à sua maneira e há vários tipos de inteligência.


Texto de Rui Batista

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Deuses como moda




A caixote do lixo da história está repleto de deuses descartados. Os deuses sobrevivem por algumas centenas ou alguns milhares de anos, mas os homens cansam-se deles e inventam novos deuses, ou mudam subtilmente os antigos deuses até ficarem irreconhecíveis.

Todos os deuses populares começam os seus anos de veneração nas mentes de um pequeno grupo de pessoas e, através de vários meios, expandem o seu alcance e se tornam aceites por grandes grupos de pessoas.

Às vezes os conquistadores impõem os seus deuses preferidos aos povos conquistados. Ou os missionários convertem as pessoas, talvez com a ajuda de incentivos como escolas, hospitais ou empregos.

Quando as pessoas se convertem, geralmente começando com os mais jovens, elas crescem amando e confiando nos seus novos deuses tanto quanto faziam com os antigos. E os velhos deuses são esquecidos. Os velhos deuses perdem o respeito e podem até se tornar alvo de piadas e brincadeiras irônicas.

As pessoas gostam de pensar que os seus deuses são reais e as suas crenças são verdadeiras, mas o processo de espalhar a crença nos deuses não tem nada em comum com a forma como descobrimos as verdades - tem muito mais em comum com a moda, uma moda bastante lenta, mas uma moda.

Realmente, um deus é uma moda temporária - não uma verdade eterna.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Deus e a família tradicional



O senhor é pela família tradicional, segundo a bíblia?
Qual delas?

A de Abraão, que engravidou a empregada e depois a expulsou de casa com a criança, jogando ambos para a morte no deserto?

A de Isaque que gostava mais de um filho e foi enganado pela esposa para passar a bênção a outro filho?

A de Jacob, que comprou duas esposas junto ao sogro. arranjou uma terceira e cujos filhos se juntaram para matar um irmão mas foram bonzinhos e só o venderam como escravo?

A de David, que amava o cunhado, e que o seu exército matou um filho usurpador do trono, terminou os seus dias com uma jovem apenas para aquecê-lo e cujo herdeiro da coroa era um filho de sua amante, também casada?

A de Salomão, que tinha 1000 mulheres?

A de Maria, que casada com José teve o primeiro filho cujo pai não era o marido?

A de Pedro, que largou a família pelo apostolado?

A de Paulo, que disse que seria melhor o homem não ter mulheres e não fazer sexo?

Qual é mesmo a família tradicional que o senhor prefere?


Autor desconhecido

sábado, 16 de novembro de 2019

Apenas mais uma religião...



Os muçulmanos dir-te-ão que o alcorão nunca mudou em 1400 anos, ainda é original como ditado pelo anjo Gabriel.

A questão que isso levanta é a seguinte: onde está o alcorão original

Se pudéssemos vê-lo, poderíamos compará-lo com um alcorão contemporâneo para ver se eles são idênticos. O problema é que não existe um alcorão original. Isso NÃO EXISTE. Portanto, não sabemos se o alcorão foi alterado. E quando os muçulmanos dizem que está inalterado, eles estão mentindo, pois eles não sabem. Isso é algo que eles apenas e simplesmente acreditam.

Ao discutir o alcorão, os muçulmanos frequentemente contestam sua interpretação, alegando que tu não falas o árabe. Eles argumentam que o alcorão só pode ser entendido corretamente no seu árabe original. Mas como eles sabem que o alcorão foi originalmente escrito em árabe? Eles não sabem. Sem o alcorão original, como eles poderiam saber? De fato, este é um tópico que estudiosos do alcorão debatem há décadas.

O primeiro alcorão conhecido foi encontrado em 1972 durante a restauração da grande mesquita de Sanaa, no Iêmen. Foi datado de cerca de 70 anos após a morte de Maomé. E não está escrito em árabe! Está escrito em siríaco ou aramaico da síria, uma das principais línguas da época.

Portanto, os muçulmanos não sabem se o alcorão foi escrito em árabe, eles APENAS ACREDITAM nisso.

Praticamente todos os muçulmanos te dirão que o alcorão contém as palavras reais de deus ditadas por Gabriel a Maomé, mas elas não podem te mostrar que deus existe ou que existem anjos. Então eles também não sabem que isso é verdade, APENAS ACREDITAM nisso.

Não nos devemos surpreender. Se as religiões fossem comprovadamente verdadeiras, não seriam religiões, seriam ciência ou história. O Islão, longe de ser uma religião perfeita, como afirmam os muçulmanos, é uma trapalhada de histórias sobrenaturais e fantásticas, todas baseadas em fundamentos de crença e fé cega.

O Islão é apenas mais uma religião.


Texto de Bill Flavell

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

"Não se brinca com Deus!"



É verdade!
Deus fez o homem do barro, a mulher da sua costela, engravidou uma virgem, mulher de outro homem ( se calhar já não havia barro), permitiu que o irmão matasse outro irmão e que do nada já havia uma cidade habitada para que ele fosse viver. 


Permite que um ser considerado mau influencie o mundo todo, castigava os infiéis e os malfeitores, agora está pouco se lixando para as milhares de crianças que morrem todos os dias. 

Destruiu o mundo e a sua história, mas as pirâmides do Egito, a grande muralha da China e outras grandes obras continuam intactas, destruiu a tal torre de babel mas permite que homens explorem o espaço. 

Deu o seu único filho (aparentemente ele próprio), para nos salvar dos pecados, mesmo sabendo que daria merda, e agora permite os hereges viverem muito tempo, permite estupradores, canibais, pedófilos e outros destruírem o mundo, e, na maioria das vezes vivem mais tempo que os cristãos devotos... 

Contudo, está correto, não se deve brincar com deus...


Autor desconhecido

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Acerca do livre arbítrio



O livre arbítrio é algo que realmente existe.
Isto significa simplesmente que cada pessoa pode fazer aquilo que bem entender.
Mas, claro está, poderão advir consequências das acções que uma pessoa levar a cabo.

Consequências físicas.
Por exemplo, se a pessoa decidir lançar-se de uma janela de um edifício alto porque acredita que consegue voar, poderá ficar gravemente ferida ou morrer.

Consequências psicológicas.
Por exemplo, se a pessoa decidir matar uma pessoa, pode ficar com graves problemas existências, medo de ser apanhada, questionar o que isso pode ter provocado às pessoas que eram próximas da pessoa que faleceu, etc.

Consequências legais.
Por exemplo, se a pessoa infringir uma lei, poderá ser imputada monetariamente, ou ser presa, ou mesmo executada.

Resumindo, por cada acção que façamos, haverá consequências. SEMPRE!
Afinal, vivemos num universo causal e todas as acções levam a que algo aconteça com base nessas acções.

Mas NENHUMA CONSEQUÊNCIA DIVINA acontecerá porque o livre arbítrio é meramente um dado adquirido, é algo que acontece naturalmente num universo causal.
Não é uma liberdade concedida por uma entidade.
Entidade essa que, para poder conceder seja o que for, teria de existir.
E essa existência nunca chegou sequer perto de ser provada ou minimamente demonstrada.

Todavia, há um aspecto interessante, caso essa entidade existisse e tivesse, de facto, concedido o livre arbítrio como uma benesse divina.
Isso implicaria que essa divindade NÃO PODIA SER OMNISCIENTE.
Porque se essa divindade fosse omnisciente, saberia o que as pessoas iam escolher ANTES DE ELAS ESCOLHEREM.
Isso significa que a decisão das pessoas, ao ser conhecida antes, estava pré-determinada que seria uma decisão específica e isso significa que a decisão não tinha sido realmente livre.

As pessoas limitar-se-iam a escolher o que estava pré-determinado (a única maneira de saber de antemão o que iria acontecer), mas teriam a ilusão de que a escolha era livre.
A única maneira de uma escolha ser TOTALMENTE LIVRE, implica que não seja possível saber de antemão o que vai ser decidido.
Portanto, o livre arbítrio (que de facto existe!!) é totalmente incompatível com a suposta capacidade de omnisciência de uma divindade.

Portanto, se deus existisse, e tivesse concedido o livre arbítrio, não podia ser omnisciente.
Se deus existisse e fosse omnisciente, não existiria verdadeiro livre arbítrio.

Mas a resposta é muito mais simples: o livre arbítrio existe porque é o estado natural de um universo regido por leis naturais e deus não existe.


Texto de Rui Batista

domingo, 10 de novembro de 2019

Como a omnisciência mostra que deus foi inventado por homens



Se tu acreditas que Deus é omnisciente, ou seja, que ele sabe tudo do passado, presente e futuro, não acho que tenhas pensado bem sobre isso.

Um deus omnisciente não pode decidir o que fazer. Ele sempre sabe o que fará e é impotente para fazer qualquer outra coisa. Ele nem sequer PENSA em fazer outra coisa, ele conhece todos os pensamentos que jamais terá e não consegue pensar em mais nada.

Se tu pedires a um deus omnisciente para que te ajude, ele tem o poder, mas ele não pode DECIDIR ajudar-te, ele apenas sabe se o fará ou não. De fato, esse deus nada pode decidir.

Esse deus pode ter um grande poder, mas ele não tem controle sobre como ele usa seu poder. Ele é como um computador percorrendo o programa escrito por um programador. Deus DEVE fazer o que ele sabe que fará. Ele nunca pode mudar de ideia. Se Deus mudar de ideia uma única vez, ele não é mais omnisciente. Pior ainda, ele nunca foi.

Os crentes podem argumentar que tudo isso acontece porque Deus tem um plano. Ok, mas então há um problema com esse argumento também. Se Deus planeou seu plano, ele não pode ter sido omnisciente ANTES de planear seu plano. Então, quando os crentes dizem que Deus nunca muda, eles estão errados, ele nem sempre era omnisciente.

Omnisciência cria problemas insuperáveis ​​para os conceitos populares de Deus:

1. Se Deus é omnisciente, ele não pode tomar decisões hoje nem pode mudar de ideia.

2. Se Deus sempre foi omnisciente, ele não pode ter planeado seu próprio plano.

3. Deus não pode ter sido eterno no passado e sempre omnisciente, porque isso significaria que nenhum ser poderia existir antes de Deus para criar um Deus completo com omnisciência. Portanto, um deus sempre omnisciente não pode ter existido eternamente.

4. Um deus omnisciente precisa apenas seguir as instruções. Os crentes gostam de pensar que Deus é ultra-inteligente, mas um deus que segue as instruções não precisa de inteligência, pois o ser que criou o plano teria feito todo o trabalho pesado ao conceber as leis da lógica e da física e criar o plano para a vida. Deus só precisa fazer o que lhe foi dito. Um deus que não pode tomar decisões não precisa de inteligência, ele só precisa seguir as instruções já planeadas e não mudar nada. Para um deus assim, a inteligência seria uma ameaça para o seguir do plano, basta ser obediente, a característica ideal para um deus omnisciente.

Portanto, se realmente queres um deus imutável e omnisciente, és forçado a aceitar um deus impotente que não pode tomar uma única decisão, que não criou o seu próprio plano, que não é eterno, que foi criado por outro ser e o mais provável é que seja mais estúpido que inteligente.

De onde, então, surgiu essa ideia da omnisciência? Há apenas uma resposta sensata, foi inventada pelos homens. Logo depois que eles inventaram Deus.


Texto de Bill Flavell

sábado, 9 de novembro de 2019

Vamos seguir as leis de deus!



Como experimento, pensei que deveria tentar seguir a moralidade bíblica por uma semana para tentar me tornar uma pessoa melhor. Mas antes de começar, há algumas coisas que preciso esclarecer.

A bíblia permite-me possuir escravos e é bastante clara como lhes devo bater, como os vender e como os passar para os meus filhos quando eu morrer. A bíblia diz que posso comprar escravos a estranhos, mas eu moro numa cidade onde quase toda a gente é estrangeira. Isso significa que posso comprar os escravos a qualquer um ou só posso comprar a estrangeiros, como a franceses ou a alemães?

Eu tenho duas filhas solteiras. Se alguma delas for violada (estuprada) no campo, eu sei que ela terá que se casar com o seu violador (estuprador) e jamais se poderá divorciar, mas eu estava a refletir sobre a penalidade que o violador me deve pagar. A bíblia diz 50 siclos de prata, mas devemos ou não levar em consideração a inflação? E quanto é que isso seria em euros ou dólares?

Se eu compro a filha de um homem como escrava sexual, mas ela não sendo boa na cama, eu sei que posso passá-la para o meu filho. Porém, se ela também não agradar ao meu filho, sou obrigado a devolvê-la ao pai dela. Nesse caso, devo insistir em obter um reembolso total ou há algum desconto por desgaste do produto?

Por vezes, o meu filho sai para beber com os seus amigos e de vez em quando ele responde-me com maus modos. Lendo as sagradas escrituras, vejo que tenho sido muito tolerante para com ele. Da próxima vez que isso acontecer, eu o levarei para os arredores da cidade com outros homens e vamos apedrejá-lo até a morte. Obviamente, essa é a coisa mais moral a fazer.
Mas a bíblia é um pouco escassa em detalhes, não aconselha que tamanho devem ser as pedras com que o devemos apedrejar. As pedras mais pequenas fariam com que ele sofresse por mais tempo mas as maiores realizariam o trabalho mais rapidamente. Alguém me podia oferecer algum conselho sobre este assunto?

O meu vizinho é médico no hospital. Costumo vê-lo a sair de casa aos sábados para ir trabalhar. Eu sei que devo apedrejá-lo até a morte por esse ato pecaminoso, mas há poucas pedras por onde vivo. Tendo isto em conta, seria aceitável espancá-lo até a morte com um taco de beisebol?

A maioria dos sistemas jurídicos do mundo presume que as pessoas são inocentes até que se prove o contrário, mas a bíblia é o inverso pois presume que todos nós somos culpados desde o nascimento. Deveríamos pressionar os nossos governos a incorporar esse princípio bíblico nas nossas leis nacionais?

Há só um problema com este experimento. Obviamente, seguir as leis de deus iria me tornar uma pessoa melhor, mas também me tornaria num criminoso, e não posso deixar de pensar que preferiria não ser um criminoso e não seguir as leis de deus.

Chamem-me de antiquado...


Texto de Bill Flavell

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Origens: bíblia e o alcorão




Atualmente, muitas pessoas entendem as origens duvidosas da bíblia - os autores desconhecidos e datas desconhecidas, as adições tardias, as redações e as traduções duvidosas. Acrescente a isso relatos fantásticos, a ênfase na fé e a nossa incapacidade de validar a maior parte do livro, e resta-nos algo que só pode ser tratado como ficção com, talvez, pequenas fragmentos de verdade espalhadas por aqui e ali.

Mas pergunte aos muçulmanos sobre o alcorão e terás uma história muito diferente. Eles dir-te-ão que o alcorão é original e inalterado ao longo de 1.400 anos, e que contém as palavras exatas de deus ditadas por um anjo.

Mas como eles sabem disso? Depois de conversar com muitos muçulmanos, concluo que eles não sabem disso. É uma questão de fé cega, nada mais.

Recentemente me deparei com um artigo intitulado "O alcorão na Bolsa de Estudos Recentes", de Fred M. Donner. Ele aparece num livro com o título "O alcorão em seu contexto histórico", editado por Gabriel Said Reynolds.
Donner é um peso pesado no campo dos estudos islâmicos. Ensinou história do Oriente Médio na Universidade de Yale por sete anos e ensina na Universidade de Chicago desde 1982 no Departamento de Línguas e Civilizações do Oriente Próximo. Ele é diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade. Escreveu já quatro livros sobre a história primitiva do Islão.

Nada disso significa que seus pontos de vista estão corretos, mas ele também não pode ser dispensado com um aceno de mão. Donner é um estudioso que deve ser levado a sério. 

Um parágrafo em "O alcorão na Bolsa de Estudos Recentes" chamou a minha atenção:

"Os estudos do Alcorão, como um campo de pesquisa académica, parecem estar num estado de desordem. Aqueles que estudam as origens do Islão precisam admitir coletivamente que simplesmente não sabemos algumas coisas muito básicas sobre o Alcorão - coisas tão básicas que o conhecimento delas geralmente é dado como garantido por estudiosos que lidam com outros textos e incluem perguntas como: "Como o Alcorão se originou? De onde veio e quando apareceu pela primeira vez? Como foi escrito pela primeira vez? Em que tipo de linguagem foi - é - está escrita? Que forma tomou primeiro? Quem constituiu sua primeira audiência? Como foi transmitido de uma geração para outra, principalmente nos primeiros anos? Quando, como e por quem foi codificado? Aqueles que estão familiarizados com o Alcorão e com a erudição, saberão que fazer apenas uma dessas perguntas imediatamente nos mergulha num reino de graves incertezas e tem o potencial de desencadear intensos debates ".

Então, como os muçulmanos sabem que o alcorão é 100% original e é a palavra de deus? Talvez eles gostassem de nos dizer...


Texto de Bill Flavell



domingo, 3 de novembro de 2019

Nem todas crenças são iguais (ou tem igual valor)



Nem todas as crenças têm o mesmo valor. Se todas crenças tivessem igual valor, então a crença que elas não têm, teria o mesmo valor do que a crença que elas têm!

Nem todas crenças são verdadeiras. É verdade que eu comi ovos hoje ao pequeno almoço, mas não é verdade que eu comi frango. Quer eu deseje ter comido frango ou não, não tem qualquer diferença naquilo que é ou não verdade.

Nem todas crenças são úteis no seu valor. Métodos estatísticos, por exemplo, têm insuficiências. Tem seus limites e erros, mas ainda assim nós conseguimos tirar valor prático deles. O mesmo é verdade acerca da maior parte de coisas do campo académico: embora a informação obtida seja valiosa, elas não contém TODA a verdade, ou até somente aquilo que é correcto.

Nem todas crenças tem "sólida fundação evidencial". Crenças que foram testadas por evidências e experimentos são superiores neste aspecto.

Nem todas crenças têm valor na sociedade. A utilidade de uma crença na sociedade pode ser medida pelo como ela confere benefícios a um maior número à custa de uma ou mais possível minoria.

Nem todas as crenças têm valor a nós mesmos. Há crenças erróneas que nós temos acerca de nós mesmos ou acerca de outros, que são potencialmente perigosas à nossa psique e/ou a relações interpessoais.

Há aqueles que crêem nas explicações científicas, pelas várias razões, inclusive algumas das frisadas acima. Mas crer nas explicações científicas e nas religiosas não é a mesma coisa.

A ciência é um processo gradual, sim, é verdade, mas é um poderoso processo que leva observações empíricas sobre o mundo, combina-as com explicações sistemáticas e depois refina ou joga fora tais explicações quando contradizem as evidências. Palpites educados são chamados de “hipóteses”, explicações muito bem fundamentadas são “teorias” e ocasionalmente, algo se torna uma "lei".

A crença ou fé religiosa, por outro lado, é um animal diferente. Ela, por definição, exige ao crente que aceite algo sem uma razão. Nos tempos antigos, a fé começou como uma série de crenças para explicar o mundo natural. Religiões organizadas dão um passo além disso, pois elas defendem um dogma específico como sendo a verdade.

A religião moderna navega um dilema: geralmente, uma crença religiosa é específica o suficiente para que a ciência possa refutá-la (colocando a religião em risco) ou o suficientemente vaga para que seja infalsificável, o que significa que não pode ser desmentida nem sequer hipoteticamente e, portanto, não é "conhecimento" num sentido de valor.
As religiões modernas mais bem sucedidas, devem ser flexíveis o suficiente para manter pessoas educadas, mas estruturadas o suficiente para preencher papéis sociais de valor.

Fundamentalistas religiosos que se recusam a ser flexíveis, continuam a demonizar a ciência e, propositadamente, espalhando ignorância. Isso tem sido e continua a ser uma fonte de tremendo sofrimento humano.

Se a crença religiosa mais moderada é boa ou ruim, e se as religiões moderadas são sustentáveis ​​a longo prazo, é uma questão para outro dia. Mesmo se alguém fosse tomar o ponto de vista optimista, a fé ainda é limitada pelo conhecimento, mas não é uma fonte de conhecimento. Ela não pode gerar previsões testáveis.

Se a fé é boa, é para propósitos muito diferentes da investigação científica. O seu valor não é igual à ciência. 


Adaptado de campustimes.org; ZACHARY TAYLOR: Not All “Beliefs” Are Made Equal
e Quora; Vários: Isn’t the belief that all beliefs have equal value absurd Why

sábado, 2 de novembro de 2019

Como seria se Deus fosse pedir emprego



- Aqui no seu curriculum diz que o senhor é todo poderoso. O que o senhor sabe fazer?
- Eu fiz um boneco de barro e depois fiz uma mulher com um osso.
- Que legal, e onde eles estão agora?
- Eu briguei com eles. Comeram o pudim que tava na geladeira e eu os botei pra fora de casa.
- Mas que problema teria se eles comessem o pudim? E porque o senhor não trancou a geladeira?
- Eu queria testá-los, saber se eles iriam me obedecer. Por isso deixei a geladeira escancarada.
- Mas ai o senhor facilitou.
- Sim mas a culpa é toda deles.
- O senhor ainda mantém contato com eles?
- Sim, claro, eu os amo. Inclusive eles tem muitos filhos que estão povoando a terra.
- Ah que legal. E como tem sido a relação de vocês?
- De vez em quanto eu gosto de matar pessoas e animais. Uma vez eu matei todo mundo afogado e fiquei olhando. Muito legal.
- O senhor gosta de crianças?
- Claro que sim, quem não gosta? Já pedi até para um pai matar um filho e me oferecer no jantar. Mas naquele dia eu tava com azia, e acabei mudando de ideia. Além disso o filho dele era muito magro.
- Que outras habilidades o senhor tem?
- Eu sou ventríloquo, consigo fazer os bichos e plantas falarem. Você jura que eles estão falando de verdade.
- O senhor tem filhos?
- Sim, mas meu filho sou eu mesmo, e eu já precisei matá-lo de brincadeirinha, mas ele não morreu. Ele está aqui do meu lado junto com o amiguinho dele, o espírito santo.
- Mas eu só estou vendo o senhor.
- Sim, mas eu sou três pessoas ao mesmo tempo.
- Aqui diz que o senhor escreveu um livro.
- Não foi bem um livro, foram umas regras de um jogo que eu criei.
- E que regras são essas?
- Que todos os jogadores devem me adorar, senão o pau vai comer. Mas tem coisas boas, do tipo não matar, não roubar.
- E os jogadores conseguem seguir essas regras?
- Na verdade nem eu sigo essa regras. É um jogo bem confuso, do tipo salve-se quem puder, lá vem o maluco.
- Ok, eu acho que já é o bastante. Vamos ficar com seu curriculum e qualquer coisa a gente entra em contato.
- Beleza. Mas não demorem, senão eu volto aqui e mato vocês todos.

Por: Rui Batista

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A origem do personagem Deus



Antes de 1928, a origem do personagem deus era difícil de explicar. Nesse ano foi descoberta uma cidade do povo fenício, Ugarit. As escavações revelaram uma cidade muito importante.

Documentos encontrados em Ugarit, civilização anterior a Israel, permitiram aos pesquisadores compreenderem os escritos hebraicos.
Diversos depósitos de tabuletas de argila na escrita cuneiforme foram encontradas, constituindo uma biblioteca do palácio, uma biblioteca de um templo, duas bibliotecas privadas, mais uma outra biblioteca e arquivos com 420 tabuletas, todas datando da última fase de Ugarit, a cerca de 1 200 a.C.

Sete alfabetos diferentes eram utilizados em Ugarit: hieróglifos egípcios e luvitas, e os cuneiformes eteocretense, sumério, acádio, hurrita e ugarítico.
A obra de literatura mais importante descoberta em Ugarit é o Ciclo de Baal, que descreve a base da religião e do culto do Baal fenício (canaanita). Inclui também textos mitológicos, cartas, documentos de compra e venda de terras, tratados internacionais, e uma grande quantidade de listas administrativas.
Estes arquivos tiveram grande importância para o estudo bíblico, continham uma descrição detalhada das crenças religiosas fenícias anteriores à existência dos hebreus, mostrando paralelos significativos com a literatura hebraica bíblica o que levou a uma nova apreciação do velho testamento.

RELIGIÃO UGARÍTICA
A religião ugarítica estava centrada no deus-chefe, Ilu ou El, o "pai da humanidade", "criador da criação". Os mais importantes entre os principais deuses eram Hadade, o rei dos Céus e Atirate ou Asherah (familiar aos leitores da bíblia), mas havia muitos outros. Os textos ugaríticos forneceram informações sobre a religião dos fenícios, que em essência era a religião dos antigos israelitas.
A suprema autoridade divina em Ugarit era El, um dos nomes do deus de Israel (Génesis 33:20). El era o soberano, mas outro deus administrava as coisas na terra por El, como seu vizir, Baal, familiar do antigo testamento. A posição de Baal como "rei dos deuses" em Ugarit ajuda a explicar o "problema de Baal" no antigo testamento. O reino do norte cultuava Baal.
Os hebreus cultuavam a deidade, El, e usavam até alguns salmos e outros temas da literatura fenícia. Os atributos do El hebraico são os mesmos que o El ugarítico. A bíblia associa Iaveh (Jeová) a El (Gen. 14:18-20, 33:20, Exod. 6:3, etc.).
Os deuses como Baal e Asherah, de origem fenícia, eram igualmente louvados pelos hebreus antigos.

ASHERAH
Asherah ou Athirat (em ugarítico), era a mãe dos deuses, consorte de El, deusa do mar, deusa dos rebanhos e colheitas.
Asherah, a benevolente mãe que intercede pelos seus filhos, já pertencia ao panteão do Império Acadiano, surgido em 2334 a.C. com Sargão (r. 2334 – 2279 a.C.) e que existiu até o reinado de Shu-Turul (r.2168 - 2 154 a.C.).

BAAL HADAD
Baal Hadad foi o deus mais adorado entre os fenícios. É o deus das tempestades, da chuva, da névoa, do orvalho, é aquele que nutre as lavouras e traz a fertilidade para a terra, embora não seja o deus da vegetação.
Baal é um título e significa Senhor, Dono ou Lorde, título utilizado por outros deuses.
Baal Hadad ocupa uma posição subordinada apenas ao deus El, é o regente do mundo, substituto de El.

OS HEBREUS
Os hebreus, no início de sua história, não era um povo distinto dos fenícios. Começaram a se agrupar formando uma comunidade separada dos fenícios em torno de 1.200 a.C. quando a comunidade ugarítica estava em declínio.
Era uma comunidade inexpressiva, até quando Omri ascende ao poder, fundando a dinastia Omrida (885-843 a.C.). Ahab, filho de Omri, foi um dos maiores reis hebreus, devido a sua política de sancionar tanto o culto de Javé (Jeová) quanto o culto de Baal. Depois Israel entra num período de decadência. (Ref. Keith W. Whitelam. «The invention of Ancient Israel: the silecing of Palestinian History»). Pelo menos até o fim da dinastia Omrida os hebreus eram politeístas.
Em 722 a.C., Israel foi conquistado pelos assírios.

RUMO AO MONOTEÍSMO.
Passo 1. A corte de Jerusalém que se exilou em Judá, sustentava a ideia de que El ou IHVH (Iaveh) era o deus supremo. Aproximadamente duzentos anos depois Judá foi conquistado pelos babilônios (Cativeiro da Babilônia).

Passo 2. Durante o cativeiro babilônico, surgiu a ideia de que existia um Deus único, Iaveh.

Passo 3. Quando os hebreus foram libertos e voltaram para suas terras, reconstruíram o templo e passaram a considerar Iaveh (Jeová) como deus único. Os relatos orais do passado hebreu eram fantasiosos e discordantes, então em 398 a.C. resolveram escrever estes relatos, onde foram incluídos lendas assírias e babilônicas. Este relato resultou na Bíblia.

Nos relatos: 

1. O rei Sargão foi transmutado em Moisés.
2. Os 50 anos do cativeiro babilônico foram transformados em 400 anos do cativeiro no Egito, onde nem existia escravidão nem nunca estiveram levas de judeus.
3. O reino inexpressivo de Davi foi transformado num reino forte com um exército de 1,3 milhão de combatentes.
4. A história dos hebreus foi recuada para alguns milénios de antiguidade.
5. Estes escritos foram atribuídos à inspiração divina, o que prevalece até hoje.

Texto de Djair Lima