terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O argumento da moral contra deus



Eu não consigo entender por que é que algumas pessoas argumentam que a moralidade é uma prova de que deus existe. Na verdade, a moralidade é uma evidência de que deus NÃO existe.

É fácil de entender por que é que os seres humanos gostam de ter regras de conduta. As regras, tais como "não matar ou prejudicar o próximo", "não tomar a propriedade do vizinho" ou "ajudar os teus vizinhos quando estão em necessidade", tornam a vida mais tolerável para a maioria das pessoas. As comunidades que adoptaram tais regras, podem ter sido mais capazes de sobreviver, uma vez que teriam desperdiçado menos tempo e recursos em disputas entre si. Isso lhes daria mais tempo e atenção para defender a comunidade contra ameaças do exterior, tal como mais entreajuda noutros problemas comunitários. Surgiria assim, uma forma de seleção natural que iria favorecer as comunidades com regras eficazes.

Fazer e impor essas regras, é tão natural como a construção de abrigos para fornecer calor e proteção contra os predadores. E nenhum deus é necessário para que tais coisas aconteçam. Além disso, à medida que as crianças são instruídas nestas regras, é possível ver com o tempo, as regras a serem estabelecidas como parte do sistema de valores compartilhados na comunidade.

Devemos esperar que os seres humanos cometam erros e mudem as suas regras morais à medida que aprendem, mas um deus perfeitamente moral deve criar as regras certas logo de princípio. E esta é uma diferença útil, pois vai nos permitir fazer previsões e procurar provas: se os seres humanos fizerem as regras, poderemos ver as regras serem alteradas ao longo do tempo; mas se Deus fez as regras, não podemos esperar ver mudanças algumas.

É claro que a moral mudou dramaticamente nos últimos três mil anos. A moral mudou em todas as sociedades que conhecemos, embora mais rápidas em algumas e mais lentas em outras. E mais especificamente, o mundo afastou-se abruptamente da moralidade bíblica. Além das proibições fundamentais contra o assassinato, o roubo e o perjúrio (que já antecediam a Bíblia há muito tempo), grande parte da moralidade que se dizia ser transmitida por deus na Bíblia, foi abandonada.

Por exemplo, há muito que não consideramos ser moral, capturar, comprar, vender ou manter pessoas como escravos. Não aceitamos que as mulheres sejam propriedade de homens ou que ainda seja aceitável para um homem vender a sua filha como concubina. Não consideramos que seja moral matar pessoas, destruir cidades e seus filhos, por adorarem outros deuses. Nem consideramos o genocídio moral e nem sequer achamos correto que um homem mate um filho por ser rebelde e teimoso. A lista das leis morais que agora consideramos imorais, é longa, mas estes poucos exemplos ilustram algo muito importante.

E que conclusões podem ser tiradas destas evidências? Eu vejo três possibilidades:

1. As leis morais entretanto abandonadas estão corretas e nós estamos errados em abandoná-las. 
2. Deus deu essas leis e erradamente pensaram que eram morais. 
3. As leis morais bíblicas foram criadas por homens que as fizeram passar como leis de Deus.


Somente a opção (3) faz sentido. Isso não prova que deus não existe, mas enfraquece a Bíblia como um livro derivado de deus e mostra, pelo menos que parte da Bíblia, é uma ficção criada pelos homens.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell.


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