Irei dar um breve resumo tanto dos evangelhos canónicos como ainda de alguns livros que fazem parte do Novo Testamento (NT), no que respeita sobre quem os escreveu e como foram escritos.
Evangelho de Mateus
Desde o século II que se considera que o seu autor seja Levi, filho de Alfeu, um cobrador de impostos que ao converte-se, passou a chamar-se Mateus. É provável que fosse irmão de Tiago, o de Alfeu, também apóstolo. Segundo a Igreja Católica (ICAR), este evangelho foi escrito entre 50 a 60 EC, no entanto a maioria dos peritos independentes situa a redação para 75 a 80 EC.
Mas o evangelho de Mateus, na sua REDAÇÃO ATUAL, deve ter sido escrito em 90 EC, no Egipto e mais precisamente em Alexandria, onde havia uma grande população judia. Uma leitura atenta por peritos independentes, permite concluir que o autor NÃO era judeu, nem sequer foi um mero compilador.
Evangelho de Marcos
Este evangelho foi escrito por um tal de João de Jerusalém, Marcus de nome latino e aparece mencionado em Actos 12:12 e em I Pedro 5:13. Ajudante de Paulo e Barnabé, tendo-os acompanhado na primeira viagem de pregação, chateou-se com Paulo e passou a viajar com Pedro. Provavelmente, este evangelho foi escrito em Itália antes do martírio de Pedro em 64-65 EC ou 67 EC como alega a ICAR. Depois foi para o Egipto e o evangelho que nos chegou, deve ter sido escrito em 75-80 EC.
Esta versão sobre Marcos é confirmada pelo Bispo de Hierápolis, de nome Papias, do princípio do século II.
De notar que após Marcos 16:8, o texto foi cortado, não se sabendo quanto ou o quê. Quanto a Marcos 16:9 a 20 foi acrescentado por um cronista.
Evangelho de Lucas
O evangelho de Lucas tal como o Acto dos Apóstolos, foram escritos por Lucas ou Lucano, nascido em Alexandria e companheiro de Paulo. Paulo tratava-o como "seu colaborador" e "médico amado".
Este evangelho deve ter sido escrito pelo final do século I, ao contrário do que defende a ICAR que aponta para 60 EC e 61-63 EC para os Actos.
Lucas fez uma leitura atenta dos textos de Flávio Josefo para escrever tanto o evangelho como os Actos. Lucas teve problemas com a história de Jesus no que respeita ao nascimento e à sua infância, recorrendo à história do nascimento de Sansão e de Samuel, e ainda da autobiografia de Josefo.
E foi pela leitura atenta que fez das obras de Josefo, que Lucas se apropriou de qualquer dado que servisse os seus intentos. Como se esperava que o Messias viesse de Belém, Lucas teve de mostrar isso apesar dos pais serem da Galileia. Inventou uma maneira de usar o censo romano da Judeia referido pelo Josefo, pondo José e Maria a viajar da Galileia para Belém. Não lhe interessou o facto desse censo ter sido em 6-7 EC e não durante o reinado de Herodes que morreu em 4 EC.
Tal como colocou Maria e a mãe de João Batista como primas, com vista a colocar um laço de parentesco entre Jesus e João Batista.
De notar também a disparatada narrativa de Lucas que coloca Jesus a viajar de Betânia para Jerusalém, depois coloca-o a fazer desvios sem sentido. Basta olhar para o mapa de então, para perceber o ridículo da situação.
Lucas 19:41-44, profecia inspirada na descrição da queda de Jerusalém de Flávio Josefo.
Lucas apresenta Pilatos como desconhecedor da lei romana quando ele era o garante dela, já que se alguém se apresentasse como rei dos judeus, era delito para a pena de morte por alta traição contra César. O perfil que atribui a Pilatos é simplesmente absurdo.
Ou seja, a inspiração divina neste evangelho estava em gozo de férias.
Em Actos, a narrativa está centrada em Paulo, e dos doze, apenas Pedro tem algum relevo. Defende posições de Paulo e sataniza quem lhe faz frente, incluindo o irmão de Jesus, Tiago.
O texto mostra que o cristianismo não foi uma religião nos seus primórdios, mas um movimento ou seita judaica messiânica, encabeçada por Tiago, irmão de Jesus e executado o mais tardar em 62 EC por Anano. Facto confirmado pelos manuscritos de Qumran (Mar Morto).
Evangelho de João
A redação deste evangelho é atribuída a João, filho de Zebedeu, mas em análises de conteúdo e estrutura, afastaram essa hipótese. Como é que um pescador de carácter violento (Boanerge > tempestuoso, filho do trovão), inculto, podia ter escrito textos tão brilhantes e intelectuais como são os textos joânicos?
Enquanto que nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus fala como judeu, no evangelho de João, Jesus fala como um não-judeu. Como exemplo:
- Ao referir-se à Lei de Moisés, ele diz "a vossa Lei" em vez de dizer "a nossa Lei";
- Quando diz "Todos os que vieram antes de mim foram ladrões e salteadores".
Torna-se evidente que o material foi composto por um grego cristão, tal como a primeira epístola de João (João, o Ancião) vivo ainda em 140 EC. Era da Ásia Menor e Papias de Hierápolis menciona-o.
Mas então, como é que ele teve acesso a essas recordações?
É com um discípulo direto de Jesus que viveu em Éfeso até princípios do século II, que João, o Ancião, se pode ter encontrado e recolhido as recordações. Seu nome também era João!
Eusébio comenta que em Éfeso havia os túmulos de dois Joãos. O tal João que conhecia Jesus, foi um discípulo de direto de Jesus, era sacerdote judeu e é coerente com o que está escrito no 4º evangelho. Referencias ao ritual judeu e ao culto do templo, em que ele só entra no sepulcro quando Jesus já lá não está, é duma família distinta sacerdotal judia, tinha casa em Jerusalém, foi nela que hospedou a mãe de Jesus. Desconfia-se que foi nessa casa que se deu a Última Ceia e o discípulo dilecto, enquanto dono da casa, ocupou o lugar de honra ao lado de Jesus e pode assim apoiar-se no peito do Messias, como conta o evangelho.
Na Ceia eram afinal 14 pessoas!
Foi esse discípulo dilecto que foi para Éfeso e velho contou as suas memórias que passaram a ser o quarto evangelho.
Assim, o evangelho de João tem como base as memórias de João, o Sacerdote que apareceu inicialmente como discípulo de João Batista.
Foi composto perto de 110 EC. Em João 19:35 e 21:24, mostra que o redator do texto demarca-se de quem deu as memórias (relator dos factos).
Apocalipse ou Revelação são textos apocalípticos em voga perto de 160 AEC, usam simbologia babilónica e persa.
Fonte: Mentiras Fundamentais da Igreja Católica, de Pepe Rodríguez.