Hipátia de Alexandria foi feita mártir por ter sido torturada por uma multidão de cristãos, em parte porque não aderiu aos princípios rígidos do Cristianismo. Considerava-se uma neo-Platónica, pagã e seguidora das ideias de Pitágoras. Curiosamente, Hipátia foi a primeira mulher matemática na história da Humanidade de quem temos um conhecimento razoavelmente seguro e abrangente. Dizia-se que era fisicamente atraente e celibatária por opção firme. Quando perguntada por que razão era obcecada pela matemática e por que não se casava, respondia que estava casada com a verdade.
Os cristãos eram os seus rivais filosóficos mais fortes, e desencorajavam oficialmente as suas afirmações platónicas sobre a Natureza de Deus e a vida para além da morte. Num dia quente de Março do ano de 414, uma multidão de zeladores cristãos (constituídos por monges e paroquianos de Cirilo, o Arcebispo de Alexandria,) capturam-na, tiraram-lhe a roupa e esquartejaram-na com objectos pontiagudos (como cacos de cerâmica). Depois despedaçaram-lhe o corpo e queimaram os pedaços. (Suas obras foram destruídas e Cirilo foi canonizado.) Como algumas vítimas do terrorismo religioso de hoje, pode ter sido capturada meramente porque era uma pessoa conhecida do outro lado da contenda religiosa. Só depois do Renascimento é que outra mulher, Maria Agnesi, ficou conhecida pelos seus dotes matemáticos.
A morte de Hipátia desencadeou a saída de muitos académicos de Alexandria, e em grande medida, marcou o fim de séculos de progresso grego na Matemática. Durante a Idade das Trevas na Europa, Árabes e Hindus foram os únicos a desempenharem papéis fundamentais no progresso da Matemática.
in O Livro da Matemática, de Clifford A.
Nota: entre parêntesis curvos há apontamentos de Carl Sagan.
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