sábado, 7 de janeiro de 2017

Os Evangelhos Canónicos



Irei dar um breve resumo tanto dos evangelhos canónicos como ainda de alguns livros que fazem parte do Novo Testamento (NT), no que respeita sobre quem os escreveu e como foram escritos.

Evangelho de Mateus

Desde o século II que se considera que o seu autor seja Levi, filho de Alfeu, um cobrador de impostos que ao converte-se, passou a chamar-se Mateus. É provável que fosse irmão de Tiago, o de Alfeu, também apóstolo. Segundo a Igreja Católica (ICAR), este evangelho foi escrito entre 50 a 60 EC, no entanto a maioria dos peritos independentes situa a redação para 75 a 80 EC.

Mas o evangelho de Mateus, na sua REDAÇÃO ATUAL, deve ter sido escrito em 90 EC, no Egipto e mais precisamente em Alexandria, onde havia uma grande população judia. Uma leitura atenta por peritos independentes, permite concluir que o autor NÃO era judeu, nem sequer foi um mero compilador.

Evangelho de Marcos

Este evangelho foi escrito por um tal de João de Jerusalém, Marcus de nome latino e aparece mencionado em Actos 12:12 e em I Pedro 5:13. Ajudante de Paulo e Barnabé, tendo-os acompanhado na primeira viagem de pregação, chateou-se com Paulo e passou a viajar com Pedro. Provavelmente, este evangelho foi escrito em Itália antes do martírio de Pedro em 64-65 EC ou 67 EC como alega a ICAR. Depois foi para o Egipto e o evangelho que nos chegou, deve ter sido escrito em 75-80 EC.

Esta versão sobre Marcos é confirmada pelo Bispo de Hierápolis, de nome Papias, do princípio do século II.

De notar que após Marcos 16:8, o texto foi cortado, não se sabendo quanto ou o quê. Quanto a Marcos 16:9 a 20 foi acrescentado por um cronista.

Evangelho de Lucas

O evangelho de Lucas tal como o Acto dos Apóstolos, foram escritos por Lucas ou Lucano, nascido em Alexandria e companheiro de Paulo. Paulo tratava-o como "seu colaborador" e "médico amado".
Este evangelho deve ter sido escrito pelo final do século I, ao contrário do que defende a ICAR que aponta para 60 EC e 61-63 EC para os Actos.

Lucas fez uma leitura atenta dos textos de Flávio Josefo para escrever tanto o evangelho como os Actos. Lucas teve problemas com a história de Jesus no que respeita ao nascimento e à sua infância, recorrendo à história do nascimento de Sansão e de Samuel, e ainda da autobiografia de Josefo.

E foi pela leitura atenta que fez das obras de Josefo, que Lucas se apropriou  de qualquer dado que servisse os seus intentos. Como se esperava que o Messias viesse de Belém, Lucas teve de mostrar isso apesar dos pais serem da Galileia. Inventou uma maneira de usar o censo romano da Judeia referido pelo Josefo, pondo José e Maria a viajar da Galileia para Belém. Não lhe interessou o facto desse censo ter sido em 6-7 EC e não durante o reinado de Herodes que morreu em 4 EC.
Tal como colocou Maria e a mãe de João Batista como primas, com vista a colocar um laço de parentesco entre Jesus e João Batista. 
De notar também a disparatada narrativa de Lucas que coloca Jesus a viajar de Betânia para Jerusalém, depois coloca-o a fazer desvios sem sentido. Basta olhar para o mapa de então, para perceber o ridículo da situação.
Lucas 19:41-44, profecia inspirada na descrição da queda de Jerusalém de Flávio Josefo.
Lucas apresenta Pilatos como desconhecedor da lei romana quando ele era o garante dela, já que se alguém se apresentasse como rei dos judeus, era delito para a pena de morte por alta traição contra César. O perfil que atribui a Pilatos é simplesmente absurdo.

Ou seja, a inspiração divina neste evangelho estava em gozo de férias.

Em Actos, a narrativa está centrada em Paulo, e dos doze, apenas Pedro tem algum relevo. Defende posições de Paulo e sataniza quem lhe faz frente, incluindo o irmão de Jesus, Tiago.

O texto mostra que o cristianismo não foi uma religião nos seus primórdios, mas um movimento ou seita judaica messiânica, encabeçada por Tiago, irmão de Jesus e executado o mais tardar em 62 EC por Anano. Facto confirmado pelos manuscritos de Qumran (Mar Morto).

Evangelho de João

A redação deste evangelho é atribuída a João, filho de Zebedeu, mas em análises de conteúdo e estrutura, afastaram essa hipótese.  Como é que um pescador de carácter violento (Boanerge > tempestuoso, filho do trovão), inculto, podia ter escrito textos tão brilhantes e intelectuais como são os textos joânicos?

Enquanto que nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus fala como judeu, no evangelho de João, Jesus fala como um não-judeu. Como exemplo: 
- Ao referir-se à Lei de Moisés, ele diz "a vossa Lei" em vez de dizer "a nossa Lei";
- Quando diz "Todos os que vieram antes de mim foram ladrões e salteadores".

Torna-se evidente que o material foi composto por um grego cristão, tal como a primeira epístola de João (João, o Ancião) vivo ainda em 140 EC. Era da Ásia Menor e Papias de Hierápolis menciona-o.

Mas então, como é que ele teve acesso a essas recordações?

É com um discípulo direto de Jesus que viveu em Éfeso até princípios do século II, que João, o Ancião, se pode ter encontrado e recolhido as recordações. Seu nome também era João!

Eusébio comenta que em Éfeso havia os túmulos de dois Joãos. O tal João que conhecia Jesus, foi um discípulo de direto de Jesus, era sacerdote judeu e é coerente com o que está escrito no 4º evangelho. Referencias ao ritual judeu e ao culto do templo, em que ele só entra no sepulcro quando Jesus já lá não está, é duma família distinta sacerdotal judia, tinha casa em Jerusalém, foi nela que hospedou a mãe de Jesus. Desconfia-se que foi nessa casa que se deu a Última Ceia e o discípulo dilecto, enquanto dono da casa, ocupou o lugar de honra ao lado de Jesus e pode assim apoiar-se no peito do Messias, como conta o evangelho. 
Na Ceia eram afinal 14 pessoas!

Foi esse discípulo dilecto que foi para Éfeso e velho contou as suas memórias que passaram a ser o quarto evangelho.
Assim, o evangelho de João tem como base as memórias de João, o Sacerdote que apareceu inicialmente como discípulo de João Batista.

Foi composto perto de 110 EC. Em João 19:35 e 21:24, mostra que o redator do texto demarca-se de quem deu as memórias (relator dos factos).

Apocalipse ou Revelação são textos apocalípticos em voga perto de 160 AEC, usam simbologia babilónica e persa.  


Fonte: Mentiras Fundamentais da Igreja Católica, de Pepe Rodríguez. 

4 comentários:

  1. Afinal, cabe perguntar: Jesus Cristo existiu, ou não?

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  2. Viva, primeiro devo esclarecer que não existe tal coisa de Jesus Cristo pois Cristo não é um nome, mas sim um título. Como tal, o José Carlos pergunta sobre Jesus, o Cristo.

    É sabido que o nome de Jesus ou Yeshua era bastante comum tanto na época como naquele local, por isso sabe-se que deveriam haver vários Yeshuas, filhos de Yoshef. Um dos que se intitulavam Meshiach (Messias) era Jesus de Ananias, está documentado historicamente, tal como João Batista e muitos outros.

    Ou seja, Yeshua, deveriam ter existido muitos, o que significa que um Jesus histórico deve ter existido. Túmulos encontrados com esse nome foram mesmo descobertos.

    Quanto ao Jesus, o Messias ou Cristo, aquele que fazia milagres, o herói, etc, fora de questão, não existiu.

    Lembro que o movimento cristão do século I, "evangelizava" e o próprio Jesus era um desconhecido, ao contrário de João Batista.

    Tirando o Novo Testamento, NÃO EXISTEM documentos que falem sobre Jesus, o Cristo, o que não faz muito sentido. Como é que alguém tão importante, que tanta coisa fez e NINGUÉM falou dele???
    Lembro que os parágrafos atribuídos a Flávio Josefo que falam de Jesus, foram introduzidos posteriormente por desconhecidos.
    Cumps.

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    1. Eu,filho de pobres trabalhadores do campo e um simples operário emigrante na Holanda onde resido desde 1964 e já velhote,quase 93 anos de idade,a propósito digo que quando vivi e trabalhei em Lisboa,conheci um goês que me disse que na Índia havia uma Seita religiosa que afirmava que o judeu Jesus tinha estado lá.De facto no Novo Testamento consta que o menino prodígio Jesus no Templo,aos 12 anos,com sua inteligência causou espanto aos Rabinos,mas depois não mais se fala dêsse menino prodígio.Ora pode admitir-se que ele tivesse ido nalguma caravana de mercadores até à India e tivesse «bebido» outra filosofia e tivesse aprendido artes mágicas de malabarismo,de hipnotismo e outros truques de magia e uma vez regressado à sua Palestina já com 30 anos de idade,começou a pregar uma Religião que causou irritação aos Rabinos e com seus truques de magia a que os crentes chamavam milagres e o consideravam como enviado de Deus.

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  3. Afinal Cristo é uma palavra grega tal como Evangelho e Profeta,Eclesia,Paróquia.Eu,no meu fraco entender acho que foram judeus dissidentes que influenciados pelo Helenismo deram ao lendário judeu Jesus,o nome grego de Cristo e fundaram o Cristianismo embora com bases no Antigo Testamento. judaico.

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