Meu amigo: "Herege, Deus não pode ser visto, não pode ser tocado, não está em nenhum lugar específico e não é substância ou matéria em qualquer forma, mas sabemos que Deus existe através das criaturas que ele criou".
Eu: "Tu começas por dizer coisas com as quais podemos concordar. O deus em quem tu acreditas:
- É invisível
- Não pode ser tocado
- Não está em nenhum lugar específico
- Não é feito de matéria
Tu vais notar que essas propriedades do teu deus são também as propriedades das coisas que não existem de todo.
É verdade que há coisas que existem que não podem ser vistas ou tocadas, mas não sabemos que é possível que a inteligência não esteja em nenhum lugar específico e toda a inteligência que já observámos resulta da matéria organizada de forma complexa. Como o nada poderia ter inteligência? Como o nada poderia ser organizado? Não fazemos ideia.
Ao definires o teu deus dessa maneira, tu estás a impor uma tarefa difícil. Não só o teu deus tem todas as propriedades das coisas que não existem, tem também as propriedades que devem torná-lo impossível de existir!
Isso não prova que o teu deus não existe, mas o torna em algo do qual devemos ser EXTREMAMENTE céticos, pois precisamos de evidências muito claras e inequívocas para sermos convencidos de que tal ser existe fora da ficção.
A tua evidência é que "sabemos que Deus existe através das criaturas que criou". Vamos examinar essa lógica.
Sabemos que as criaturas existem, mas não sabemos como a primeira coisa auto-reprodutiva veio a existir. Quais serão as possíveis causas?
Meia dúzia de mecanismos naturais ainda não comprovados, já foram propostos. Talvez um deles seja mostrado como verdadeiro, ou talvez outro mecanismo ainda não proposto seja mostrado como verdadeiro. Nós ainda não sabemos. Teremos de esperar para descobrir.
Tu propões um mecanismo sobrenatural. Tu propões um mecanismo invisível, indetectável, feito de nada ou coisa nenhuma.
Então, ao pensar sobre a causa dos primeiros auto-replicadores, temos algumas opções para escolher. Honestamente, ainda não sabemos qual foi realmente o responsável, então em que devemos acreditar agora?
Existe apenas uma conclusão racional: ainda não sabemos qual mecanismo foi o responsável.
Tu rejeitas a conclusão racional. Tu acreditas com total confiança que um mecanismo invisível, indetectável, feito de nada, foi o responsável e isso é uma conclusão completamente injustificada.
Há algo mais que tu deves pensar. Todos os mecanismos naturais propostos baseiam-se em processos químicos que podemos replicar e com os quais sabemos trabalhar. Teu mecanismo que propões, baseia-se num ser invisível, indetectável, feito de nada, que nós não sabemos que existe e pode até ser impossível existir.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
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