A evolução de uma imaginação sofisticada nos proto-humanos, mudou tudo. A capacidade de imaginar o que poderia acontecer nos próximos segundos ou minutos, juntava-se à capacidade de imaginar o que poderia acontecer ao longo de anos ou mesmo de décadas. Desde imagens passageiras dum futuro próximo até a capacidade de construir modelos mentais estáveis dum futuro distante, e incorporar tudo o que fora aprendido anteriormente.
Sem essa capacidade, não teríamos desenvolvido um planeamento de médio e longo prazos, soluções de problemas complexos, matemáticas e ciências. A linguagem, a arte, a poesia e a narração de histórias podem ter existido, mas teriam ficado empobrecidas ou raquíticas. A imaginação é um dos três pilares da civilização humana moderna, juntamente com inteligência abstrata e inteligência emocional.
Como sabemos, a evolução não trata de procurar a perfeição - trata-se de adaptação. É sobre a seleção de variações que melhoram o sucesso reprodutivo e, às vezes, as variações não são ao acaso, mas intencionais. Pensa na evolução bem sucedida da busca de luz pelas mariposas, que resultou em incontáveis milhões de mariposas auto-imolando-se em chamas bruxuleantes.
Tal e qual como com uma imaginação sofisticada. Permitiu-nos saber que as nossas vidas terminariam e nos permitiu imaginar seres poderosos para nos ajudar a explicar o mundo e nos defender dos seus perigos - em última análise, da própria morte. Acontece que nossa imaginação era tão boa e a nossa necessidade de compreensão e proteção tão grande, que nos convencemos de que os nossos protetores imaginários eram reais.
Os deuses tornaram-se para os humanos o que são as chamas das velas - elas nos atraem, mas trazem-nos perigos e a morte. Nós matamos-nos em disputas sobre os nossos deuses, matamos e torturamos pessoas que os negam, sacrificamos crianças para eles e sacrificamos-nos a eles.
É verdade que os deuses inspiraram grandeza em tempos como nos das pirâmides ou no das grandes catedrais, mas a que preço pagámos em vidas humanas.
A simples verdade é que os deuses imaginários não alimentarão nem pagarão pela educação dos teus filhos. Eles não te ajudarão a tomar boas decisões e não permitirão que tu vivas para sempre. Mesmo que os teus deuses não te inspirem a odiar ou matar pessoas, eles ainda podem marcar-te como alvo de uma outra pessoa. E eles provavelmente custam o teu precioso tempo em igrejas ou em mesquitas, além de dinheiro em dízimos e ofertas.
A linha base é esta: no momento em que os humanos estão procurando por mais estrelas e descobrindo os segredos mais profundos da natureza, os deuses imaginários são um investimento terrível. Investe na tua família, na tua comunidade e na humanidade.
Usa a tua fantástica imaginação para nos erguermos, não para nos arrastar para baixo.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
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