domingo, 30 de setembro de 2018

Como a nossa imaginação veio nos dominar




A evolução de uma imaginação sofisticada nos proto-humanos, mudou tudo. A capacidade de imaginar o que poderia acontecer nos próximos segundos ou minutos, juntava-se à capacidade de imaginar o que poderia acontecer ao longo de anos ou mesmo de décadas. Desde imagens passageiras dum futuro próximo até a capacidade de construir modelos mentais estáveis ​​dum futuro distante, e incorporar tudo o que fora aprendido anteriormente. 

Sem essa capacidade, não teríamos desenvolvido um planeamento de médio e longo prazos, soluções de problemas complexos, matemáticas e ciências. A linguagem, a arte, a poesia e a narração de histórias podem ter existido, mas teriam ficado empobrecidas ou raquíticas. A imaginação é um dos três pilares da civilização humana moderna, juntamente com inteligência abstrata e inteligência emocional.

Como sabemos, a evolução não trata de procurar a perfeição - trata-se de adaptação. É sobre a seleção de variações que melhoram o sucesso reprodutivo e, às vezes, as variações não são ao acaso, mas intencionais. Pensa na evolução bem sucedida da busca de luz pelas mariposas, que resultou em incontáveis ​​milhões de mariposas auto-imolando-se em chamas bruxuleantes.

Tal e qual como com uma imaginação sofisticada. Permitiu-nos saber que as nossas vidas terminariam e nos permitiu imaginar seres poderosos para nos ajudar a explicar o mundo e nos defender dos seus perigos - em última análise, da própria morte. Acontece que nossa imaginação era tão boa e a nossa necessidade de compreensão e proteção tão grande, que nos convencemos de que os nossos protetores imaginários eram reais.

Os deuses tornaram-se para os humanos o que são as chamas das velas - elas nos atraem, mas trazem-nos perigos e a morte. Nós matamos-nos em disputas sobre os nossos deuses, matamos e torturamos pessoas que os negam, sacrificamos crianças para eles e sacrificamos-nos a eles.

É verdade que os deuses inspiraram grandeza em tempos como nos das pirâmides ou no das grandes catedrais, mas a que preço pagámos em vidas humanas.

A simples verdade é que os deuses imaginários não alimentarão nem pagarão pela educação dos teus filhos. Eles não te ajudarão a tomar boas decisões e não permitirão que tu vivas para sempre. Mesmo que os teus deuses não te inspirem a odiar ou matar pessoas, eles ainda podem marcar-te como alvo de uma outra pessoa. E eles provavelmente custam o teu precioso tempo em igrejas ou em mesquitas, além de dinheiro em dízimos e ofertas.

A linha base é esta: no momento em que os humanos estão procurando por mais estrelas e descobrindo os segredos mais profundos da natureza, os deuses imaginários são um investimento terrível. Investe na tua família, na tua comunidade e na humanidade.

Usa a tua fantástica imaginação para nos erguermos, não para nos arrastar para baixo.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

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