O Novo Testamento (NT), na sua quase totalidade, não foi redigido por apóstolos, mas por compiladores que não conheceram Jesus pessoalmente.
Foi Jesus quem escolheu os apóstolos que o seguiriam:
"Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os apóstolos[a], para que estivessem com ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade para expulsar demónios. Estes são os doze que ele escolheu: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa “filhos do trovão”; André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; e Judas Iscariotes, que o traiu. (Mateus 3:13-19)."
Os apóstolos deveriam ter sido pessoas notáveis de modo a colaborarem nesse grandioso projecto salvífico orientado por Deus, mas não só não mostraram grande interesse, como foram negligentes duma forma grave, pois nada deixaram escrito sobre o seu valioso testemunho de modo a lembrar aos vindouros o que acontecera e que nunca mais se repetirá.
Recordemos que a escrita já havia sido descoberta há 3 000 anos, no entanto, da mão de Jesus e dos apóstolos apenas saiu um punhado de pó quando comparado com a inundação de escritos que o caso de Jesus ia suscitar posteriormente, o que é bastante bizarro. No caso de Jesus, que tinha uma missão importantíssima, nem uma linha sequer deixou de amostra.
A primeira coisa que notamos imediatamente no NT, é o facto dos textos terem sido escritos no último quartel do século I, excepto as epístolas de Paulo que foram escritas entre 51 e 67 d.C. Mas o que é absurdo e incompreensível é que quem deveria ter testemunhado, nada escreveu, enquanto que os que nada tinham a testemunhar, acabaram sendo os redactores da maior parte dos textos canónicos. É como se todos aqueles jornalistas e historiadores que presenciaram a chegada do Homem à Lua, tivessem ficado totalmente calados, mudos e quietos, nada documentassem, e 40 anos depois, os ajudantes dumas supostas testemunhas privilegiadas começassem a descrever o acontecido.
- Evangelho de Marcos é o mais antigo, mas Marcos não foi discípulo de Jesus nem sequer o conheceu pessoalmente. O que se sabe foi que ele ouviu as prédicas públicas de Pedro.
- Evangelho de Lucas e os Actos, são do mesmo autor, mas Lucas nunca foi apóstolo. Também ele escreveu de "ouvir dizer"... Compôs textos a partir de passagens que plagiava de documentos anteriores, e do que escutou de Paulo que não fora discípulo de Jesus e que até 37 d.C., fora um perseguidor fanático do cristianismo nascente.
- Evangelho de Mateus: Mateus fora apóstolo, porém, uma parte do seu evangelho foi escrita a partir de documentos anteriores, redigidos por um outro Marcos que não fora o apóstolo.
- Evangelho de João: tanto este evangelho como o Apocalipse seriam do João Zebedeu que foi o apóstolo, só que não são obra sua, mas dum outro João, o Ancião, que foi um grego cristão que se baseou em textos hebreus e essénicos, tal como nas recordações que conseguiu obter de João, o Sacerdote, identificado como o discípulo amado de Jesus (mas que não foi João Zebedeu), um sacerdote judeu muito amigo de Jesus que foi viver para Éfeso e onde veio a morrer duma idade avançada.
- Epístolas de Paulo provém de alguém que não foi testemunha dos factos, além de que acabou por impor doutrinas que são totalmente alheias à mensagem original de Jesus.
- Pedro, o chefe dos discípulos e pedra sobre a qual se edificou a igreja, limitou-se a escrever duas epístolas que não passam de textos circunstanciais, sendo que a segunda das quais é pseudográfica (redigida por outra pessoa).
- Tiago, irmão de Jesus e primeiro responsável da igreja primitiva e, por esse facto, o melhor das testemunhas, contribuiu com uma mísera epístola de duvidosa autenticidade.
Torna-se anedótico que tenha prevalecido uma regra bizarra que era: quanto mais próximos de Jesus se encontravam, tanto menos o seu contributo para o cânone e vice-versa.
Simplesmente absurdo e francamente suspeito.
As incoerências tremendas entre os quatro evangelhos, são tanto mais chocantes e graves se se souber que foram selecionados como sendo os melhores dum conjunto de cerca de sessenta evangelhos diferentes. Os textos não escolhidos foram considerados apócrifos pela igreja e condenados ao esquecimento. Mas uma boa parte dos apócrifos era mais antiga que os próprios textos canónicos e entre os que foram recusados, havia escritos atribuídos a apóstolos e figuras importantes como Tomé, Pedro, André, Tadeu, Bartolomeu, Paulo, Matatias, Nicodemos, Tiago,... e textos tão influentes na sua época como o Evangelho dos Doze Apóstolos.
Os textos canónicos deveriam ser tão importantes que, os primeiros apologistas cristãos nem sequer os conheceram ou simplesmente os desprezaram!
A seleção dos evangelhos canónicos foi feita no concílio de Niceia (325) e retificada no de Laodiceia (363). O modus operandi para distinguir entre os textos verdadeiros e falsos foi, segundo a tradição, o da "eleição milagrosa". Foram apresentadas quatro versões para justificar a preferência pelos quatros livros canónicos:
- Depois de os bispos terem rezado muito, os 4 textos voaram por si sós e foram pousar-se sobre um altar.
- Puseram todos os evangelhos em competição sobre um altar e os apócrifos caíram ao chão, enquanto os canónicos não se mexeram.
- Depois de escolhidos, os 4 foram colocados sobre o altar e foi pedido a Deus que se neles houvesse qualquer palavra falsa, os fizesse cair ao chão, o que não sucedeu com nenhum deles.
- O espírito santo, na forma duma pomba, penetrou no recinto de Niceia e pousando no ombro de cada bispo sussurrou a cada um deles quais eram os evangelhos autênticos e quais os apócrifos.
Esta última versão revelaria que uma boa parte dos bispos presentes no concílio, eram surdos ou muito incrédulos, já que houve uma grande oposição à seleção (que foi por voto maioritário e não foi unânime), dos quatro textos canónicos atuais.
Um dos muitos absurdos que nos foi deixado nesta problemática e divina seleção de textos canónicos, é que a autenticidade dos evangelhos canónicos não era unanimemente reconhecida pelos bispos cristãos, tendo sido preciso que a autoridade da igreja a impusesse mediante uma votação maioritária num concílio. Que autoridade pode ter uma igreja que afirma basear a sua autoridade nuns evangelhos duvidosos que ela própria teve de avalizar quando nem ela nem os textos gozavam ainda de qualquer autoridade?
Baseado em textos do livro "Mentiras Fundamentais da Igreja Católica" de Pepe Rodríguez