domingo, 1 de abril de 2018

O problema do livre arbítrio




Pelo que entendo, a opinião da neurociência está tendendo à conclusão de que os seres humanos não têm livre-arbítrio. Evidências experimentais parecem mostrar que somos robôs orgânicos conscientes com emoções. A consciência não dirige a máquina, mas sim uma consequência disso. A consciência de si, a capacidade de planear, raciocinar e contemplar o futuro, pode ser nada mais que capacidades evoluídas que a máquina pode utilizar da mesma forma que pode utilizar as habilidades de ouvir, arremessar uma pedra ou correr.

Suspeito que seja apenas uma questão de tempo e o acumular de evidências suficientes antes que essa visão se torne tão firmemente estabelecida quanto a da Relatividade Geral. Se eu estiver certo, onde isto irá deixar as religiões em geral e o cristianismo em particular?

O problema do mal sempre foi um espinho do lado do cristianismo. Simplificando, este é o problema de como reconciliar o sofrimento humano em grande escala, se houver um Deus omnibenevolente, omnisciente e omnipotente. Talvez Epicuro tenha dito isso há mais de 2 000 anos:

Deus está disposto a prevenir o mal, mas não é capaz? Então ele não é omnipotente.
Ele é capaz, mas tem não tem vontade? Então ele é malévolo.
Ele é capaz e disposto? Então de onde vem o mal?
Ele não é capaz nem disposto? Então por que chamá-lo de Deus?

A apologética mais comum para o problema do mal é apelar para o livre arbítrio. Deus deu aos seres humanos livre arbítrio mas nós abusámos, seja no Jardim do Éden,ou todos os dias desde então. Então, o sofrimento não é culpa de Deus, mas nossa culpa.

Mas uma vez que nos tornamos certos de que não temos livre-arbítrio, esta desculpa desaparece. 

O que nos resta? Deus é malévolo ou indiferente ao sofrimento humano.
Ou não há Deus para se preocupar com isso. 

Faça sua escolha.


Traduzido e adaptado de Bill Flavell

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