terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Da clava à fé: os "heróis da fé" são mesmo heróis? PARTE III




De repente, as respostas para comportamento violentos podem estar nos mitos da fé!

PARTE 3 DE 3

*Por Antônio F. Bispo

Como já disse no início desse texto, se observarmos bem ao longo da história inclusive na própria bíblia, deus tem sido um recurso utilizado como forma de escapismo para que pessoas que querem fugir de suas responsabilidades, como projeção de lucro fácil para pessoas gananciosas ou preguiçosas, e principalmente como arma de defesa ou ataque por pessoas que mal conseguem controlar os próprios instintos animais, mas desejam controlar o nosso país e todo o mundo usando a bandeira da fé. Tais pessoas saem por ai profetizando que seu bairro, sua cidade ou seu país é de Jesus, como uma forma de disfarçada de dizer que querem mandar no pedaço! Pela ganancia, pela vontade de expandir territórios e manter o monopólio sobre pessoas, serviços e produtos, a ideia de deus tem sido usada como ferramenta primordial por milhões de pessoas desde os mais antigos tempo, tendo manchado a história da humanidade com rastro de sangue, destruição e barbáries por onde esse deus tem sido apresentado. A ideia de deus é o produto comercial mais maleável que a mente humana já foi capaz de produzir. Tem sido adaptada para todos os tipos de gostos e bolsos diferentes. O que não pode é deixar um “cliente” insatisfeito! Essa ideia pode ser vendida para quem deseja matar e quem deseja morrer; para quem deseja viver na riqueza ou para os que acham que o único meio de alcançar a deus é vivendo na pobreza; Para os puritanos e para os “levianos”; Para os que fogem da dor e para os que vivem em função dela; Dá para proclamar a paz e a guerra simultaneamente com essa ideia também. Somente os que deixaram de terceirizar suas responsabilidades a seres metafísicos é que não consome mais esse “produto”.

Desse modo, se levarmos em conta o modo comercial como deus tem sido oferecido, podemos concluir que a ideia de deus como tem sido ofertada tem sido um “produto” de alto custo, pouco ou nenhum resultado e que gera mais perdas do que lucratividade. A grande verdade por trás disso é que não dá pra tomar um doce de uma criança sem provocar alvoroço, nem tomar as muletas de um aleijado sem que o mesmo passe a rastejar por algum tempo. Substituir fantasia pela realidade não é tarefa fácil, pois a segunda opção implica em mudanças de atitude, enquanto a primeira resulta em comodismo, basta ter fé e pronto! Não precisa se fazer mais nada.

Será que as pessoas realmente precisam de deus para terem caráter ou serem honestas? Os que dizem ter deus no coração, serem servos dele ou dizem acreditar nele realmente são pessoas do bem? Se uma pessoa diz precisar de deus para fazer o bem, tome cuidado com essa pessoa!

A fé tem servido como cortina de fumaça para todo tipo de pessoas mal intencionadas nos mais diversos segmentos sociais. Diga que acredita em deus, poste versículos bíblicos em alguma rede social e passe a frequentar qualquer grupo religioso cristão e você poderá enganar qualquer um, principalmente se for no meio gospel. Diga não compactuar de tais crenças e querer viver uma vida de modo livre de dogmas e ameaças de castigo e recompensa proferidas por um líder religioso qualquer e você vai sentir a hostilidade à flor da pele pelos que em nome do amor promovem conflitos diários.

Uma pessoa que afirma não acreditar em deus e não se submeter aos seus representantes é uma pessoa má? Uma pessoa que não acredita em deus é um tropeço social, a causa de todos os males e o motivo da ira de deus como afirmam os “loucos de cristo”? Claro que não! Pelo contrário, uma pessoa “com deus” pode fazer mais besteira do que uma pessoa “sem deus”, pois sua programação mental foi feita para ver todos que não são de sua fé como uma ameaça.

Fazemos hoje o uso de extraordinárias tecnologias, graças as pessoas que não passaram partes de suas vidas sentadas em bancos de igrejas, dando dinheiro pra um deus que não precisa de dinheiro nem obedecendo cegamente pessoas mal resolvidas, mal esclarecidas ou mal intencionadas. Se os tais também quisessem ser ovelhinhas de cristo, ou aceitassem ter suas vidas dirigidas por qualquer tipo de pessoa, talvez nem fosse possível você ler esse texto nesse momento pelos recursos atuais, quanto mais usufruir dos avanços no campo da medicina, biologia e demais ciências de modo geral. A igreja sempre perseguia e matava os que buscavam respostas para o mundo fora dos dogmas da fé. Até hoje, em qualquer grupo religioso que afirmar crer no deus de Abraão, se um indivíduo decide buscar respostas para as questões da vida longe dos dogmas da fé, será perseguido e hostilizado. Se tomarmos como base o comportamento dos que inicialmente dizem ter adotado esse deus segundo o que estar escrito na bíblia poderemos entender o quanto isso reflete em nosso cotidiano. Os ícones chamados de heróis da fé e homens “cheios de deus” segundo a bíblia, a maior parte deles eram pessoas desonestas, trapaceiras, sanguinárias, arrogantes, prepotentes e confusas que cometiam as mais diversas atrocidades em nome desse deus ou a mando dele e as sociedades que dizem acreditar nesse deus, tem esse homens como exemplo de vida.

Abraão, Jacó, Moisés, Samuel, Davi, Salomão, Sansão, Gideão, Elizeu, e praticamente todos os reis de Judá e Israel tiveram suas mãos manchadas de sangue inocente, de atos de truculência, ou estavam envolvidos nos mais diversos atos de trapaças, mentiras, homicídios, traições e conflitos desnecessários para se manterem no poder ou favorecer o poder a alguém. Tudo isso em nome de deus ou a mando dele. Esses são tidos por judeus, cristãos e mulçumanos como heróis da fé! Será que isso não interfere no comportamento dos seguidores dessa mesma fé? Claro que sim! É justificável? Claro que não! Somente pesquisadores, cientistas, antropólogos e pessoas neutras conseguem “mergulhar” na bíblia e no mundo dos seguidores do deus de Abraão sem se contaminar com os sintomas da idolatria, iconoclastia, subserviência e medo exacerbado desse deus ou de seus representantes.

Qualquer pessoa que faça um interpretação exata dos fatos bíblicos como realmente eles são será punido severamente pela sociedade (hipócrita) cristã, e de imediato serão chamados de hereges, filhos do demônio, blasfemos e objetos de escárnio público. Todos os seguidores obrigam ou são obrigados a chamar atos de vandalismos, genocídios, estupros, infanticídios e incentivos a escravidão sexual como sendo milagre divino ou vontade de deus.

Hoje em nossa sociedade, quando nos deparamos com notícias de um serial killer ou uma pessoa que abusa de seu poder e autoridade para se aproveitar de outros, sentimos nojo, asco, ou até vontade de fazer justiça com as próprias mãos. Palavras de impropério nos vem de imediato sobre os personagens apresentados. Quando vemos os mesmo relatos na bíblia somos ensinados a dizer que são coisas lindas, milagres de deus e que os personagens eram homens de deus e de forma voluntária e espontânea muito dizem gloria a deus e aleluia! Mesmas atitudes, duas reações e interpretações diferentes!

Para nossa sociedade, uma pessoa tem de ler a história do genocídio e devastação causado no Egito e dizer que só o senhor é deus! Você tem de ouvir os profetas dizerem que deus vai entregar os filhos do “seu povo” para serem mortos e escravizados pelos “inimigos” só por que adoraram outro ídolo e dizer que ele é um deus de amor. Você tem de ler história de invasão de propriedade particular seguida de latrocínio e dizer que era deus entregando a terra prometida a seus filhos! Não sei se dá pra fazer mais feio do que isso! Plac, Plac,Plac! Se houvesse uma cultura mais avançada nos observando hoje, talvez tivessem pena de nós, ou poderiam nos dar diplomas de retardados por manter tais crenças por tanto tempo sem questionamentos.

Todos quantos já se libertaram de tais amarras e já não conseguem ver tais histórias do ponto de vista que foram ensinados a ver já podem respirar mais aliviados e dormir tranquilo quanto ao senso de justiça ensinado pelos que veneram os ícones modelo. Como esperar que uma sociedade que cria seus filhos chamando ícones da truculência de heróis da fé, tenham comportamento diferente desses heróis, de modo que também não venham se justificar usando o mesmo deus como subterfúgios de seus atos? “Se Davi que era homem de deus pecou, quanto mais eu” ... Já ouvi dezenas de pessoas dizerem isso ao serem descobertas em ato de adultério nas igrejas, inclusive “ungidos do senhor” utilizando-se da premissa do mesmo fato registrado no “livro sagrado”. Toda nação tem um herói, um mito ou algo tido como um marco para orientar pessoas. Quando não se tem, inventam-se um, modificando histórias de pessoas reais ou criando personagens em quadrinhos para tentar passar ideias de valores sociais para os mais jovens. Quem sabe, os personagens da DC ou da Marvel tivessem mais a ensinar aos nossos jovens do que alguns tidos como heróis da fé pelos seguidores do deus de Abraão.

Tanta gente cheia de deus, expirando deus, espirrando deus, arrotando deus, falando de deus, ofertando deus, empurrando deus de goela abaixo nos outros, e mesmo assim nessa sociedade (hipócrita), quando alguém comete algo de ruim, semelhante aos que os “heróis da fé” cometeram logo dizem: “é a falta de deus no coração” ... Quem sabe só estejam reproduzindo os atos de seus personagens favoritos.

Do mesmo modo que uma criança pequena amarra uma toalha no pescoço e pula de cima da mesa depois de assistir super man, uma pessoa que admira um personagem bíblico, pode muito bem repetir todos os seus atos após ler o texto e encarnar o personagem. Seguindo esses exemplos, um esposo “fiel” cristão acaba de sair da missa ou da igreja e numa saidinha rápida passa na esquina e dar uns “pega” na amante que já havia marcado horário. Ela, a esposa por sua vez, em uma rápida entrada no banheiro, já enviou nudes para vários parceiros de aventura virtual de uma única vez. Depois ambos irão cobrar respeito um do outro, e tentar impor aos outros um estilo de “santidade” que não vivem, pois inconscientemente estão reproduzindo os mesmos atos dos “heróis da fé”. Vida que segue, vamos falar de jesus e de suas maravilhas que tudo se resolve...

Me parece que nesses casos, deus tem sido utilizado como um produto comestível, que depois de saboreado, passa algumas horas no organismo e depois é eliminado pelo próprio corpo. Ou seja, as pessoas se apegam a ideia do sagrado e se dizem “crentes” ou “cristãs”, na maioria das vezes o são apenas por alguns minutos do dia durantes os rituais litúrgicos. Acabou-se o ritual, acabou-se o “temor”, acabou-se a virtude, e o reservatório de deus foi esgotado. Outros, nem na hora do ritual litúrgico conseguem ser fiel a nada, pois enquanto estão sentados ou de olhos fechados rezando, os pensamentos não param, tramando as coisas mais bizarras, desumanas ou imorais que alguém possa cometer.

Por trás de uma pessoa mentirosa, trapaceira, que rouba no peso, nas medidas ou nos acordos feitos com o intuito de levar vantagens sobre outras, possivelmente ali haverá a influência dos que se baseiam no “deus de Jacó”. Em igrejas que tem a teologia da prosperidade como regra de vida isso é dito de modo aberto e descarado. Chegam a ensinar aos fiéis que não importam o que eles façam, mas eles tem de estarem por cima e não por baixo, de serem cabeças e não cauda, por que tem de comer o melhor dessa terra por serem filhos do deus de Abraão. Com uma citação dessas, basta só utilizar a criatividade... A ideia de ser supervisionado por um ser invisível tanto serve para indiretamente dizer que “se ele estava vendo tudo e permitiu que eu fizesse então a culpa não é minha, eu entreguei o controle de minha vida a ele, se aconteceu foi por que ele quis”, como também serve para dizer: “ não mexa comigo não! Tem um cara que me protege mesmo eu estando errado por que eu assumi publicamente que confiou nele”!

É preciso muito mais que a ideia de um ser imaginário para resolver os problemas reais. Em certos casos, se faz necessário o desapego a ideias como essas para que cada um assuma responsabilidade pelos seus atos. O homem primitivo como pessoa deixou de existir, quando outros do seu grupo percebeu que o uso da lógica e observação dos fatos eram mais valiosas do que o uso da força por meio de uma clava para intimidar. Muita gente ainda não entendeu esse recado, e ainda usam a clava da fé para “caçar”, intimidar, e demarcar território.

Os que se utilizam de deus como esse tipo de clava se tornarão obsoletos e ultrapassados dentro de pouco tempo, lutando apenas entre si como homens primitivos, disputando 10% da renda constante das pessoas de suas “tribos”. Irão tentar destruir o “fogo”, a “roda”, e a “eletricidade” para que a evolução nunca chegue a eles, e antes que percebam serão tragados pela evolução. As trevas duram apenas enquanto a noite durar....

Saúde e sanidade a todos!

Texto escrito em 20/11/17 por Antônio F. Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

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