Imagine um mundo em que, quando nasces, alguém joga os dados, daqueles com 10 lados, para ti. Digamos que o teu dado fica a mostrar o número 8. E vamos imaginar que todos no mundo tenham também dados de 10 faces jogados para eles.
Neste mundo imaginário, tu consideras o número 8 como sendo muito especial. Isso afetará a forma como tu te vestes, como vives, com quem fazes amizades, para que escola vais, o que te é ensinado, os teus valores morais e muitas das tuas crenças sobre o mundo. A todo mundo que lhe saiu o número 8, será como tu. Todos que lhe calharam um número diferente, serão diferentes. Tu podes crescer desprezando aqueles que jogaram números diferentes. Tu podes até mesmo odiá-los e tentar persuadi-los de que deveriam ter tentado ter um 8, assim como te calhou. Tu podes até ficar tão zangado com o número que a eles lhes calhou, que podes até tentar matá-los ou fazer guerras contra eles.
Que mundo louco assim seria. Todos os tipos de coisas sobre a tua vida seriam determinados pelo acaso de uma face dum dado. As pessoas se juntariam em grupinhos mais ou menos hostis, determinados pelo número que lhes saiu. A grande variedade de crenças diferentes que são determinadas pelos dados significa que a maioria das pessoas necessariamente acredita em muitas coisas que não podem ser verdadeiras, e pode até ser prejudicial, antiético ou ridículo.
Tu podes ser grato por o nosso mundo não ser assim.
Mas ele é! Excepto que o lançamento dos dados não te dá um número, dá-te um deus e uma religião.
Em teoria, todos poderiam decidir ignorar os dados lançados e encontrar o seu próprio caminho no mundo. Mas, na prática, a tradição dos dados está tão profundamente arraigada que pouquíssimas pessoas têm a coragem, a independência mental e a persistência de se rebelarem.
É por isso que temos um mundo mesmo louco e o porquê de ser tão difícil de o mudar.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
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