-Mostre o pinto! Precisamos saber se você é um dos nossos, se você traz consigo o sinal da aliança com deus! O que......? Você não é circuncidado? Por esse motivo a maldição de deus paira sobre nós!!!
-Irmã, como pode? Orando sem véu? Como acha que deus vai ouvir suas orações? Por esse motivo sua casa estar uma desordem! E essas pernas depiladas? As pontas dos cabelos aparados? Meu deus...! O espirito santo de deus estar se afastando de ti minha irmã, deus tenha de misericórdia ti! A vaidade estar entrando em sua casa! Deus me mostra sua ruina!
-Diácono, você estar pregando sem terno e sem gravata! Isso é profanação! Isso não pode! Por esse motivo o fogo de deus não desce no meio da igreja e o espírito santo não batiza mais ninguém! Ninguém fala mais em línguas estranhas aqui. A igreja estar se esfriando por sua causa! Deus vai cobrar de você...
-Não acredito irmão! Você foi a padaria hoje comprar pão? Hoje é sábado! Por que não fez isso ontem? Além do mais você recebeu o dinheiro daquela pessoa que te devia há mais de um ano e justamente hoje passou aqui para te pagar! Isso são laços dos demônio! Você precisa vigiar mais! Nossa comunidade sofre por sua causa! Deus estar triste com isso!
-Marido? Você não deu o dízimo esse mês? Por causa disso nosso filho pegou resfriado, o cachorro morreu, minha mãe quebrou a unha, o bujão de gás faltou mais cedo e não me sobrou nem o dinheiro pra colocar nas campanhas da igreja! Como você pôde comprar comida e pagar as contas da casa primeiro? Isso não se faz! Primeiro é o do senhor, depois o nosso! Como eu fui me casar com um homem infiel desses! O diabo me enganou! A profecia da irmãzinha que orou em minha cabeça quando eu pedia um homem, dizia que eu ia me casar com um varão, um homem de deus, e acabei me deparando com um infiel que honra mais o compromisso com o mundo do que com a casa de deus! Vigie homem! Se for preciso ele te levar ele te leva, mas que eu vou ter um varão fiel eu vou ter sim! Xiribicantas! Deus é o que dar a vida e o que tira! Nunca mais roube ao senhor!
-Vejam irmãos, as pessoas daquela outra igreja fazem tudo o que o mundo faz! Assistem televisão, usam maquiagens, usam bermudas e camisetas, praticam esportes...Nem parecem ser cristãos! Quando jesus vier, eles vão ficar por que o mundo está dentro deles. Nós estamos no caminho certo, amém irmãos! Ora vem senhor jesus!
Incircunciso...infiel...filho do capeta...herege...maldito seja ele...não salvo...!
Quem nunca ouviu algo assim? Essas são as palavras mais “delicadas” que alguns “servos de deus” profere uns contra os outros.
Estando dentro ou fora de um agrupamento religioso em que se invoque uma divindade metafísica, todos nós estamos sujeitos a ouvir citações como essas, pois estamos rodeados por uma maioria de pessoas que vivem envoltas nos mais diversos ritos religiosos. Praticamente todos eles tentando dizer de modo verbal ou não verbal que o seu rito é o correto e todos os demais não o são.
Ter um rito religioso não seria tão prejudicial se cada pessoa que faz uma citação a respeito de determinado rito nãos os endeusassem tanto, não os tivessem como verdade universal aplicável a todos os homens, ou não tentasse por meio de proselitismo intencional ou disfarçado, inculcar tais crenças e práticas a todos quantos possam contatar.
Em qualquer parte do mundo, um punhado de pessoas que se reúne para dar início a um novo segmento de culto, uma nova realidade ali se estabelecerá. Todos os que entram depois do grupo ter sido formado, acham que tudo aquilo já acontecia daquele modo desde que o mundo é mundo. Os que continuam a manter o senso crítico será sempre hostilizados nesses movimentos e os que são adeptos da troca de barganhas receberão destaques. Para cada “vontade de deus” expressa de modo direto por meio de um “servo de deus”, a paz, a sanidade e a saúde de muitas pessoas serão comprometidos.
Parece ficar sub entendido, que uma das maiores graças alcançadas por um fiel na maioria dos ritos religiosos seja o ato de parar de raciocinar, o de entrar no modo robótico de ser, e a partir de então apenas reproduzir tudo que o líder ordena, mesmo que isso seja ilógico, antagônico, cruel, desumano ou que ultrapasse todo o senso de ridículo já estabelecido. Que diga isso as vítimas de todos os ataques ordenados pelo próprio deus no antigo testamento as nações “pagãs”. Que diga isso as vítimas de todas as guerras santas causadas no mundo ocidental, a mando desse mesmo deus, por meio das 3 religiões que o representam.
“Feridos em nome de deus” ou “mortos em nome de deus” seria o nome mais apropriado para produção de um documentário longa-metragem sobre esse assunto. O problema seria definir a quantidade de horas que seria necessário para exibir tal filme, já que essa história se repete todos os dias, inclusive nesse exato momento enquanto lês este artigo. Até então, essa tem sido uma história sem fim, a história das besteiras que as pessoas fazem em nome da fé.
Fica subentendido numa sociedade pluralista de crenças religiosas que todo o rito religioso deve ser respeitado. Fica subentendido também entre todos, que as escondidas, nas rodinhas de conversas com membros da mesma crença, todos podem criticar e ridicularizar a crença alheia. Falar o quanto os outros, da igreja do lado, ou do segmento concorrente estão errado é algo que praticamente todo religioso faz. É um produto natural da crença religiosa em si. A hipocrisia é aceitável para evitar o confronto direto. Os “eruditos” desses movimentos perdem metade da vida apenas se preparando para subjugar seu “vizinho de crença” enquanto o bom da vida passa diante de seus olhos.
No fundo no fundo, cada movimento religioso que surge, vem da necessidade de mostrar que “o outro estava errado” ou das infinitas possibilidades de riqueza e poder que o comercio da fé e da ingenuidade são capazes de produzir. A ideia de culto as divindades é a ideia comercial mais lucrativa e manipulável já inventava por nossa espécie. Deus precisa tanto do seu dinheiro e veneração para continuar existindo quanto um fazendeiro precisa dos gados que possuem para continuar sendo chamado fazendeiro.
Deixando de lado as hipocrisia e alucinações que o mundo dos ritos litúrgicos possa oferecer, capturando alguns em seus momentos de fraqueza ou ganancia, convenhamos refletir sobre alguns pontos importantes sobre o respeitar, não opinar e não interferir nos recintos onde as pessoas dizem se reunir para invocar o sagrado. O sagrado e o profano podem andar lado a lado em certos rituais, e cedo ou tarde podemos ser afetados por eles.
O respeito as crenças pode até ser algo bom para a paz entre os povos. O respeito as pessoas é importante. O respeito a vida é essencial. O respeito a liberdade é maravilhoso, desde que essa liberdade não interfira na liberdade alheia. O respeito a opinião dos deuses nem sempre é bom, pois essa sempre será movida pela equação entre a ignorância e ganancia daquele que o representam. O resultado dessa equação é quase sempre desastroso, afinal os deuses nunca aparecem publicamente, apenas as escondidas, de modo muito duvidoso, dando instruções ainda mais duvidosas. Todo cuidado é pouco quando alguém diz estar sob a vontade de deus. Coisas sinistras ou irracionais podem acontecer!
No mundo antigo, dezenas de crianças, virgens e guerreiros vencidos em combates eram oferecidos aos deuses como sacrifícios, no intuito de receber dádivas ainda maiores desses deuses. O que diriam os que estavam sendo sacrificados? Será que eles diriam: “respeitem minha religião? Claro que não! A maioria deles eram levados á força ou embriagados no trajeto para tais oferendas, para reduzir as chances de fuga.
-Deus seja louvado! Era o que dizia o que oferecia o sacrifício.
-Tenha de misericórdia de mim, eu não quero morrer, não me deixem morrer! Era o que dizia quem estava prestes a ser oferecido em sacrifício.
O prazer de saber que ofertara uma vida para levar vantagem sobre outros misturado a agonia e o sofrimento em saber que estava sendo a moeda de troca usada por um louco ambicioso mesclava o rito de adoração aos deuses no passado.
Rituais como esses ainda acontecem todos os dias no mundo moderno tanto no oriente quanto no ocidente. Animais aos montões são sacrificados semanalmente em ritos de culto africanos e eles não podem se defender. Quando alguém se sente ofendido ou quer conseguir algo de outro com facilidade procura os “atravessadores” que intermediarão esse contato e irão “dar felicidade” a uns, com o sofrimento de outros.
Existem dezenas de casos policiais anualmente registrados de crianças que foram utilizadas em rituais de magia negra, no mundo inteiro e tudo isso por uma estúpida ideia de corromper determinada divindade para que essa lhe conceda benefícios superiores aos demais membros do grupo.
Se rastrearmos desde os mais antigos tempos, veremos que os rituais de adorações aos deuses não passam de uma troca corrupta de favores entre um mortal e uma suposta divindade, além de também ser um meio de esconder o medo do desconhecido ou do fantástico criado exatamente por aqueles que controlam os ritos religiosos e lucram com isso.
Tantos absurdos cometemos uns contra os outros em nome da fé… Um dia a humanidade deverá se envergonhar de tudo que fez e faz contra seus semelhantes em nome dos deuses invisíveis bem como deverá se envergonhar das coisas boas que deixou de fazer pela “vontade deles”.
Um dia, não muito distante, ritos religiosos que já foram motivos de orgulho e júbilo para muitos, serão motivos de vergonha e pesar, do mesmo modo que aconteceu com o rito de culto que se estabeleceu em torno da pessoa de Hitler naquela época e hoje qualquer menção honrosa feita em seu nome pode surtir uma série de efeitos colaterais negativos. O que hoje pode ser tido como louvor aos deuses, no despertar da humanidade soará como um xingamento a nós mesmos.
O ato de praticar besteiras uns contra os outros não é coisa nova nem dos ritos modernos. Na bíblia judaica cristã por exemplo, há inúmeras passagens de guerras e genocídios cometidos ou iniciados pelas mais diversas bobagens, desde o constatar da não retirada da pele do pênis de um “filho da aliança”, até pela quantidade atividades leves que poderiam se fazer em um sábado, a exemplo de esquentar uma comida para alimentar o próprio filho que chora com fome. O próprio deus por exemplo, depois de dizer que Moisés era um escolhido, que por meio dele iria livrar seu povo e tantas coisas mais, enviou um anjo para o matar em pleno arraial quando constatou que ele não era circuncidado!
Ôxeeeeee... Como pode isso? Se lembrou de tudo, de enviar pragas ao Egito, de matar animais e plantas e até de matar crianças inocentes, planejou tintim por tintim 400 anos antes mesmo de Moisés nascer mas não lembrou de olhar o piu-piu do cara antes de convocá-lo para dirigir seu “santo povo”? Cada coisa! Depois dizem que ele é onisciente! Depois dizem que sãos os ateus quem ridicularizam os poderes das divindades.
Como se não bastasse, a pele retirada de um pênis era capaz de aplacar a fúria descontrolada um deus piedoso, amoroso e onisciente que não tinha até então percebido que o cara não era castrado! Uma pele de pênis era capaz de ligar o homem a deus, de torna-lo puro ou impuro! Que falta de criatividade! É reduzir uma divindade tão grande a um nada com esse tipo crédito!
Na versão moderna desse mesmo ser para o ocidente, a história do cristianismo oficial definido em Nicéia, já começa na base de contendas sobre as características surreais do “filho de deus”. Essas contendas nunca cessaram, dividindo o mundo ocidental, atrapalhando o avanço da tecnologia, demonizando tudo e colocando o tempo inteiro uns contra os outros. Se a ideia de “jesus” como ele mesmo diz em um trecho dos evangelhos era o de trazer a espada e não a paz entre os homens, ele conseguiu direitinho...
Desde o fundamento da “santa igreja” que várias questões foram a causa de revoltas, contendas e mortes entre o seu “santo povo”. Entre elas está a questão do batismo, se é por imersão ou aspersão, se Maria continuou ou não virgem após o nascimento de jesus, se jesus era 100% homem e 100% deus ao mesmo tempo, se ele foi crucificado ou estacado, se o batismo deve ser para adultos ou crianças, se a salvação é pela graça ou pela fé, se há escolha em ser salvo ou se há predestinação divina... Essas são apenas algumas das controvérsias que a santa igreja traz consigo desde a sua fundação, não chegando ainda a um senso comum. Enganam-se quem pensa que o cristianismo é conciso e homogêneo em todos os lugares do mundo.
Nos últimos 200 anos por exemplo, outras maneiras e costumes surgiram para incrementar ainda mais esse barril de pólvora e outras questões passaram a fazer parte da pauta dos assuntos que seriam motivos de discórdias entre os “servos do senhor”. Questões como se o falar em línguas é ou não obra de deus, se é permitido ou não o uso de tecnologia pelos “escolhidos de deus”, se a mulher deve ou não usar véu, se é aceitável ou não a função de mulheres no ministério da igreja, se é errado ou não bater palmas na igreja enquanto cantam, se devem ou não utilizar baterias, teclados e outros “instrumentos do mundo” para acompanhar o coro da igreja, se crente pode não pode praticar esportes....
A única coisa em que 99% de todos os agrupamentos cristãos concordam entre si é sobre os dízimos. Os 10% “do senhor” estar garantido! É mandamento e não pode faltar! É um “pecado” passível das mais severas penas atuais e futuras. Os “espírito santo” nesses segmentos religiosos se divide, se confronte e se opõe de igreja para a igreja, mas nisso não há discordância! Estranho, não?
Como em todo segmento humano, há pessoas com sentimentos e intenções puras nas igrejas bem como em vários outros lugares, porém na “casa de deus” ficar mais fácil disfarçar vários deles ou atribuir valores indevidos a certos comportamentos.
Uma outra “habilidade” lamentável que a maiorias dos agrupamentos religiosos parece embutir no comportamento de boa parte dos seus membros é a capacidade de agir como idiota, de ser enxerido e de perder a capacidade de um diálogo honesto, racional e coerente sobre os mais diversos assuntos “humanos” e “divinos”.
Parece que alguns deles quando levantam a mão e aceitam a jesus, “poderes” diversos recaem sobre eles. Uns se tornam uma espécie de detetive do fio-fó alheio, cuja única preocupação consiste em saber quem estar ou não fazendo sexo anal, não importa com quem. Assuntos relacionados ao tema LGBT são os que mais gostam de comentar, e como se fossem um antigo legislador de uma terra sem lei, prendem, julgam e dão o veredicto a todos os que se arriscam a caminhar pela estrada “não convencional” do prazer.
Outras irmãs, envoltas em rituais de puritanismo extremo, com aspectos de quem estar com inveja, vivem a criticar e amaldiçoar toda mulher que se veste bem, que estar bem consigo mesma, que usa adornos ou maquiagens para incrementar sua beleza e que por sinal não devem satisfação nenhuma a essas “delegas de cristo”. Tais santas, aceitaram se submeter a sistemas opressores e sem sentidos afirmando estarem felizes em cristo, mas a frustação é patente ao ver “pessoas sem deus” vivendo bem melhor que elas mesmas. Chutem “o pau da barraca” e tudo se resolve! Esse seria o conselho mais plausível.
Não há limites para "invencionices" desnecessárias para atrair público e ganhar notoriedades nesses meios. Há os que compram filmes da Disney para assistir sozinhos e de modo pausado no intuito de encontrar quantos pênis humanos existem escondidos nas cenas, os que encontram demônios nas maioneses e outros produtos alimentícios, os que andam com o disco da xuxa tocando de trás para frente nos cultos nas igrejas para ouvir, quantas vezes a palavra EXU irá ser pronunciada os que fazem nascer instantaneamente dentes de ouro na plateia, os que negociam com demônios em pleno altar que antigamente era considerado os santos dos santos, os que fazem cirurgias nos cultos com extração de órgãos vitais enquanto a pessoa permanece vivo...
Difícil diferenciar nesses casos o ridículo do sagrado e as relações humanas é quem mais são as mais prejudicadas.
Não é o do aumento da quantidade de deuses ou de rituais litúrgicos que precisamos para ter um mundo melhor. As mazelas humanas aumentam tanto quanto os rituais litúrgicos que se oferecem diariamente aos deuses nos países cujo deus é o senhor. O que precisamos mesmo é de cada vezes mais humanos, que tratem humanamente seus semelhantes e não de adoradores, “arriados” aos pés dos deuses em busca de favores pessoais.
Por trás de quase todo adorador, há quase sempre uma pessoa confusa, covarde, gananciosa ou mal intencionada que acredita que por meio de bajulações, corromperá a divindade a ponto de obter o que deseja.
Sob o efeito do ópio fica difícil discernir o mundo real do surreal.
Saúde e sanidade a todos!
Texto de Antônio Ferreira Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.
Texto de Antônio Ferreira Bispo, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.
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