quinta-feira, 24 de maio de 2018

A ética, a moral e a religião




A ética e a moral são valores adquiridos por evolução, com origem em relações de mutualismo ou de simbiose dos nossos antepassados que, quando aplicados ao macro-cosmos da sociedade de indivíduos da mesma espécie resultavam em situações de inter-ajuda ou que simplesmente favoreciam a vida em grupo e, em última instância, potenciavam a proliferação da espécie.

Estes comportamentos não é exclusivo dos humanos, pois pode ser obervado noutros animais e, em especial, em mamíferos. Estes tipos de comportamentos que ao serem repetidos e com resultados positivos, seram origem a um conjunto de "regras de conduta":
- Se algo é bom para todos e resulta em algo bom para mim, deve ser repetido e incentivado a outros ou...
- Se eu fizer algo que resulte em algo mau para mim e para os outros, não deve ser repetido nem incentivado.

E tanto pode ser a moral como a ética! Mas como as podemos diferenciar? Bom, a diferença entre ética e moral é que a primeira refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e nos costumes de um determinado grupo social, enquanto que a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade. Uma maneira fácil de nos lembrarmos da diferença entre moral e ética, é que a moral se aplica a um grupo, enquanto que a ética pode ser questionada por um indivíduo.

E o que é que a religião tem a ver com a moral e a ética?

Ora, os líderes das sociedades que procuravam impor esses códigos de conduta, acharam uma maneira muito simples de garantir que eles eram cumpridos. Simplesmente os associaram à religião.

- Se as pessoas acreditarem que os códigos têm a sua origem numa entidade superior, é mais provável que os cumpram.
- Se as pessoas acreditarem que podem obter uma recompensa se cumprirem os códigos, é mais provável que os cumpram.
- Se as pessoas acreditarem que podem vir a sofrer um castigo se não cumprirem os código, é mais provável que os cumpram.

Portanto, os códigos ou padrões morais não têm origem na religião mas fazem uso dela para serem cumpridos. Esses padrões variam de sociedade para sociedade (se fossem de origem divina seriam universais) embora haja alguns que, de tão genéricos e óbvios, são iguais em quase todas as sociedades (não matar, não roubar, etc). Mas esses valores básicos (não matar, não roubar, etc) não são apanágio das religiões. Obedecem ao mais básico senso comum na vida em sociedade.

Apesar de figurarem ostensivamente nos 10 Mandamentos, já figuravam no Livro dos Mortos, escrito 1500 anos antes do Cristo, no capítulo 125, na forma da Confissão na Negativa.

Portanto, para não me alongar ainda mais, respondo:
Como ateu posso dizer que, não é que os ateus não sigam os padrões morais da religião. Acontece é que os padrões morais não são pertença da religião nem têm a religião como origem. Os ateus seguem os padrões morais definidos pela sociedade em que vivem. E, na falta de padrões morais estabelecidos para certas situações particulares, fazem uso da racionalidade e do bom senso.

Texto com origem em escritos de Rui Batista

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