Os seres humanos têm procurado compreender o Universo pelo menos desde a Revolução Cognitiva. (...) Contudo, a ciência moderna difere de todas as tradições de conhecimento anteriores em três aspetos críticos:
a) A disponibilidade para admitir a ignorância. A ciência moderna tem por base a sentença latina ignoramus ("não sabemos"). Presume que não sabemos tudo. Ainda mais importante, aceita como possível que se prove estarem erradas as coisas que pensamos saber à medida que obtivermos novos conhecimentos. Nenhum conceito, ideia ou teoria é sagrada ou está vedada ao desafio.
b) A centralidade da observação e da matemática. Tendo admitido a sua ignorância, a ciência moderna procura obter novos conhecimentos. Fá-lo reunindo observações e usando ferramentas matemáticas para ligar essas observações através de várias teorias abrangentes.
c) A aquisição de novos poderes. A ciência moderna não se satisfaz com a criação de teorias. Usa essas teorias para adquirir novos poderes e, sobretudo, para desenvolver novas tecnologias.
A Revolução Científica não tem sido uma revolução de conhecimento. Tem sido, acima de tudo, uma revolução de ignorância. O grande acontecimento que lançou a Revolução Científica foi a descoberta de que os seres humanos não conhecem as respostas para as perguntamos mais importantes.(...)
A ciência dos dias de hoje é uma tradição de conhecimento única, no sentido em que admite abertamente a ignorância coletiva em relação às perguntas mais importantes. Darwin nunca afirmou ser o "O Selo dos Biólogos"* nem ter resolvido o enigma da vida de uma vez por todas. Passados séculos de extensa investigação científica , os biólogos admitem que ainda não têm uma boa explicação para o modo como os cérebros produzem consciência. Os físicos admitem que não sabem o que provocou o Big Bang ou como reconciliar a mecânica quântica com a Teoria Geral da Relatividade.
Noutros casos, teorias científicas concorrentes são aguerridamente debatidas com base no constante surgimento de novas evidências. Um bom exemplo são os debates sobre a melhor forma de gerir a economia.(...)
Ainda noutros casos , determinadas teorias são sustentadas de forma tão consistente pelas evidências disponíveis, que todas as alternativas foram há muito abandonadas. Tais teorias são aceites como verdades - no entanto, todos concordam que, se emergissem novas provas que a contradissessem, a teoria teria de ser revista ou abandonada. Bons exemplos são a teoria das placas tectónicas e a teoria da evolução.
* Analogia com Maomé e o Selo dos Profetas
In Sapiens, História Breve da Humanidade, de Yuval Noah Harari
A ciência dos dias de hoje é uma tradição de conhecimento única, no sentido em que admite abertamente a ignorância coletiva em relação às perguntas mais importantes. Darwin nunca afirmou ser o "O Selo dos Biólogos"* nem ter resolvido o enigma da vida de uma vez por todas. Passados séculos de extensa investigação científica , os biólogos admitem que ainda não têm uma boa explicação para o modo como os cérebros produzem consciência. Os físicos admitem que não sabem o que provocou o Big Bang ou como reconciliar a mecânica quântica com a Teoria Geral da Relatividade.
Noutros casos, teorias científicas concorrentes são aguerridamente debatidas com base no constante surgimento de novas evidências. Um bom exemplo são os debates sobre a melhor forma de gerir a economia.(...)
Ainda noutros casos , determinadas teorias são sustentadas de forma tão consistente pelas evidências disponíveis, que todas as alternativas foram há muito abandonadas. Tais teorias são aceites como verdades - no entanto, todos concordam que, se emergissem novas provas que a contradissessem, a teoria teria de ser revista ou abandonada. Bons exemplos são a teoria das placas tectónicas e a teoria da evolução.
* Analogia com Maomé e o Selo dos Profetas
In Sapiens, História Breve da Humanidade, de Yuval Noah Harari
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