Não raro, leio o argumento de que foram os judeus que inventaram o monoteísmo, e sendo assim, eles foram os primeiros monoteístas da história. Esquecem que os judeus, primeiro adoraram o deus El, e depois, substituíram esse deus pelo deus Yhwh (Yahveh). Além disso, no velho testamento, não faltam referências a vários deuses, tanto indiretamente como de forma direta. Ou seja, os judeus adoraram dois deuses "únicos", um de cada vez, enquanto aceitavam a existência de outros deuses.
Na verdade, não foi muito longe do pequeno mundo por onde os judeus passeavam os seus rebanhos, que surgiu a primeira religião monoteísta. Retiro um pequeno texto do livro Sapiens, História Breve da Humanidade que nos esclarece:
"A primeira religião monoteísta conhecida surgiu no Egipto c.1350 AEC, quando a faraó Akhenaton declarou que uma das divindades menores do panteão egípcio, o deus Aton, era, na verdade, o poder supremo que controlava o Universo. Akhenaton institucionalizou a adoração de Aton como religião oficial do império e tentou controlar a adoração de todos os outros deuses. Esta revolução religiosa, contudo, não foi bem-sucedida. Depois da sua morte, a adoração de Aton foi abandonada em prol do antigo panteão."
O livro "Moïse et le monothéisme", do também judeu Sigmund Freud (digo "também" porque o autor de "Sapiens", Yuval Noah Harari, acima invocado, é judeu), tem como tema, precisamente, a inovação que o faraó Akhenáton trouxe à religião egípcia, com o conceito de um deus único (Áton). Esse conceito, considerado um avanço em relação ao politeísmo, foi rapidamente revertido após a morte do faraó.
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