terça-feira, 14 de agosto de 2018

Adoradores sobre constantes ameaças



Diga não a todos que usam “livros sagrados” para te ameaçar, te explorar, te subjugar, te iludir ou te amedrontar!

Na busca pela melhoria nas relações entre os povos, muitos não percebem que o ato de submeter-se as ameaças em nome uma divindade qualquer, continuará sendo sempre um entrave ao progresso e harmonia social.

As pessoas adoram a deus por que o amam ou por que são ameaçadas por ele e por seus representantes? Existe realmente o livre arbítrio quando há somente a opção de adorá-lo e ser salvo ou não adorá-lo e ser condenado? Para que se haja um livre arbítrio é necessário que se haja uma multiplicidade de escolhas e não apenas duas que te levem ao mesmo caminho pela coação e medo.

Quem inventou tudo isso? Um ser celestial completo de tudo e que de nada precisa ou homens gananciosos com o intuito de manipulação e controle social? Por que há tantas contradições nas qualidades surreais atribuídas ao deus bíblico? Pode alguém ser mal e bom simultaneamente? Poderia ser justo e injusto ao mesmo tempo? Seria possível ser completo de tudo e criador de tudo e ao mesmo tempo vazio, carente de atenção a ponto usar todo tipo de coação para ser venerado?

No mundo moderno em que vivemos, o espaço para a tirania tem sido cada vez mais reduzido ou monitorado. As pessoas tem se unido em uma proporção bem maior que antes para que tiranos sejam enquadrados em seus devidos lugares e os “machões” que antes faziam tremer todo um vilarejo com sua fama de valente sejam reduzidos a contos folclóricos e se percam nas areias do tempo.

Muito antes mesmo da Lei Universal dos Direitos Humanos serem promulgadas, do século 17 para cá, várias colônias conquistadas por europeus e asiáticos começaram se declarar independentes de seus exploradores. O oprimido passou a rebelar-se e a ideia de que os governantes tem o direito divino de governar foi cada vez mais questionada, enfraquecendo assim as bases seculares de governos antigos, fazendo com que os povos pudessem interagir cada vez mais nos processos de construções sociais deixando de ser apenas meros fantoches do clero e da monarquia. Vários movimentos filosóficos contribuíram para incendiar tais movimentos populares e mudar a concepção do povo sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.

Além disso, várias revoluções populares mudaram o curso da história e estamos aperfeiçoando cada vez mais, métodos para que o homem não seja oprimido pelo próprio homem e igualdade entre os povos seja algo cada vez mais palpável.

Alguns modelos de ritos religiosos ainda tem sido um entrave nesse processo da busca pela igualdade social, quando líderes gananciosos exploram seus fiéis para enriquecimento próprio além de dividirem mais uma vez as classes dos homens entre os que “servem a deus” e os que “não servem” fazendo com que as pessoas acreditem que somente por meio daquela instituição ou rito serão salvas, contribuindo com a segregação, fanatismo e ideia de menosprezo para com os que não fazem parte daquele segmento.

Enquanto uns constroem pontes lutando por interesses que beneficiarão a todos, outros constroem abismos, segregando, rotulando e classificando tudo e a todos a seu redor com os termos mais pejorativos possíveis por não crer ou não praticar determinada em crença ou rito litúrgico.

Os que constroem pontes geralmente prezam pela evolução social como um todo, por uma melhoria coletiva que gere lucro, dividendos ou benefício em comuns nos mais variados ângulos. Os que constroem abismos, geralmente o fazem em nome de uma divindade qualquer, quando na verdade estão apenas criando feudos particulares onde os vassalos irão trabalhar apenas em prol desse senhor feudal, cujo poder adquirido será para opressão dos que lhe servem. E depois dirão: “assim deus mandou, assim deus o quer, assim o farei! E quem não obedecer será castigado dessa ou daquela forma!

A diplomacia, a política (não me refiro a politicagem) e o direito tem sido as principais ferramentas utilizadas para pôr fim ou pelo menos amenizar os abusos que temos cometidos uns contra os outros nos últimos milênios. Essas ferramentas estão cada vez mais sendo aperfeiçoada por uns grupos e usado em mau intento por outros e mesmo assim estamos progredindo na busca pela igualdade e justiça social.

Hoje em nosso país por exemplo, se um homem ameaçar bater em sua companheira ou em qualquer pessoa ele pode ser severamente punido ou reprimido por meio de leis que procuram inibir ou evitar tais comportamentos.

Se um empregador humilha, agride ou assedia seus funcionários causando danos morais, físicos ou psicológicos a esse, poderá haver mais de uma instancia jurídica para punir tais abusos e fazer justiça ao que fora humilhado ou abusado.

Piadas com negros, gordos, loiras, gays, bullying e citações que possam constranger alguém também estão sendo severamente combatidas, coisa que há menos de duas décadas passava-se despercebida ou como um caso de pouca importância, pois era habitual e até certo ponto aceitável esse comportamento. Claro que em algumas situações podem haver excessos de censura quando o intuito de aparecer em público é maior que o desejo de defender a si mesmo ou a outros de tais abusos. Nesse caso o “oprimido” deseja apenas ser opressor de modo sorrateiro.

Pela nossa constituição é ilegal fazer ameaças a outrem bem como força-lo a fazer algo que este não queira ou que não tenha condições físicas ou psicológicas para executá-las. Até mesmo numa relação marital legal por exemplo, o sexo não consensual entre marido e mulher pode ser considerado estupro se um dos conjugues não estiver a fim por algum motivo.

Se nas relações pessoais estamos evoluindo, passando a considerar como impuro, imoral, ilegal, injusto e desprezível o ato de fazer ameaças, torturas e constrangimentos a outrem, por que achamos justo e até sagrado o ato de vivermos sobre constantes ameaças de um deus metafisico por meio de um “livro sagrado” e por meio de seus representantes? Qual a sacralidade de viver sob tensão para adorar uma divindade a fim não ser punido por esta?

Se um homem ameaça outro homem de morte consideramos isso um ato reprovável, digno até de prisão preventiva para evitar que um dano maior seja causado ao ameaçado, mas se deus em sua palavra ou seus representantes ameaçam alguém de morte por não lhe render louvores, ou não “aceitar jesus”, não vemos nada de errado nisso.

Por que será? Será que todos de modo inconsciente concordam que deus é apenas uma ideia construída e não um ser pessoal, por isso não se faz necessário questionar os fundamentos de suas ordens e dessas ameaças? Ou os seus adoradores são como hipócritas voluntários, coando um mosquito e engolindo um camelo, exigindo perfeição de quem não é perfeito (os homens) enquanto esconde os abusos daquele qual dizem ser a referência de toda justiça humana?

O deus bíblico é um ser justo e amoroso ou apenas um tirano ávido por incessantes louvores? Seria o deus bíblico um reflexo do próprio ego humano? O que seria ele para desejar incessantemente louvores e adoração a ponto de matar seu próprio povo quando este deixava de adorá-lo? Por que muitos, apesar de irem as ruas em protestos pedir igualdade entre os povos e condenar atos de abusos, não conseguem enxergar no modelo bíblico de deus, atos de extrema arrogância?

Como dito em outros textos, a “igreja do senhor” só tem conseguido se manter de pé bem como a ideia de deus como o ocidente fora ensinado a crer, devido as conversões foçadas pela espada durante a idade média, devido aos abusos da inquisição que ainda hoje deixou seus resquícios e devido as constantes ameaças em públicos que os representantes desse deus fazem para com aqueles que se recusam a dizer que esse é o deus justo, santo, único e verdadeiro. Até boicotes comerciais, industrias e pessoais são promovidos a fim de enquadrar os “rebeldes” segundo a visão dos que lucram com os currais da fé.

Nota-se que em países em que a maioria se dizem ser teístas ou que um “livro sagrado” seja mais importante que a própria constituição do país, os abusos do homem para com o homem ainda continua sendo demasiadamente grande em relação a outros países considerado laicos. Tudo isso resguardado debaixo das “leis de deus”, onde vários trechos mostram claramente que seus servos podem ter escravos pessoais, escravos sexuais, cometer pedofilia, abusar de outrem que não seja da mesma fé, trapacear e até matar “infiéis” e uma série de outros crimes que deixariam no chinelo até mesmo aquele que dizem ser o príncipe das trevas.

Quem sabe não sejam nos livros “satânicos” e “mundanos” que se encontrem as narrações das maiores loucuras cometidas do homem contra sua própria espécie, mas possivelmente estes fatos estejam relatados nos livros das principais religiões que tem como patriarca Abraão e seu deus.

Se perguntássemos a vários líderes do presente e do passado por que deus criou o homem e todo o ser vivos eles diriam praticamente em uma só voz, que todas as criaturas foram criadas exclusivamente para adorar ao senhor, inclusive as classes de anjos, arcanjos e querubins. Todo e qualquer ser, seja pedras, plantas e todo o ser vivo ou inerte deve adorar ao senhor, pois todos foram criados para isso. É isso que eles dizem!

O que estar errado nesse pensamento? Tudo estar errado! A citação inteira estar errada! O modo de concordar estar errado! O modelo de tirania...tudo isso não condiz com a ideia do sagrado.

O desejo incessante de ser adorado por tudo e por todos não são características de um ser completo, auto existente, auto suficiente, eterno, bondoso e fonte de todo amor. Ao contrário disso, o desejo profundo em ser o centro das atenções reflete apenas características de uma criatura vil, medíocre, paupérrima, infantil, não evoluída, com problemas de auto aceitação, de personalidade doentia e de extrema crise existencial.

Homens paupérrimos constroem divindades medíocres, inserem neles suas próprias qualidades doentias e vivem sob ameaças e dogmas que eles mesmos criaram, como se essas realmente tivessem partido daquele que dizem ser a fonte da pureza e justiça universal.

Não há nada mais louco e controverso do que isso: UM DEUS COMPLETO E TODO PODEROSO QUE DE NADA PRECISA PARA CONTINUAR EXISTINDO E QUE MESMO ASSIM AMEAÇA SUAS CRIATURAS COM DESTRUIÇÃO, MORTE E INFERNO ETERNO CASO ESSAS NÃO O ADORE CONSTANTEMENTE!

É na cabeça dos homens que as qualidades surreais dos deuses são criadas! É na crença coletiva que elas são inseridas! Qualquer qualidade dos deuses pode ser manejada para os mais diferentes propósitos e quem já estudou história da igreja por exemplo, sabe como foi criada a ideia do deus cristão e dos dogmas católicos ao longo dos séculos.

Se queremos realmente diminuir as desigualdades entre os povos e construir pontes ao invés de abismos entre os homens, ideias de que deus precisa de seu dinheiro e sua adoração para continuar existindo ou proclamando o seu reino devem passar pelo crivo da razão, da lógica e coerência.

Nós seriamos capazes de construir uma “sociedade celestial” se parássemos de terceirizar nossas responsabilidades e deixássemos de sermos trouxas, dando um percentual eterno de tudo que ganhamos para pessoas que usarão tais recursos para ser tornar cada vez mais poderosas e influentes a ponto de decidir como nos comportaremos além de influenciar nossas emoções, fazendo com que muitos se sintam um lixo se não estiverem sob a “proteção” desse deus ou de seus representantes.

Por meio de nosso silencio e falta de raciocínio alimentamos um monstro que nos encarcera, nos divide e nos põe uns contra os outros o tempo inteiro. Ache o monstro e mude, mude sua vida e seja realmente feliz aqui, agora ou em outra existência se possível.

O monstro pode ser o medo que te inculcaram desde cedo acerca da ideia desse deus. Pode ser seu próprio ego, ou pode ser a opinião dos “filhos de deus” a seu respeito, fazendo com que você se sinta um lixo, um pecador e leve um fardo desnecessário por um caminho a esmo. Em certos casos é até salutar para alguns mandar para a PQP só com um olhar, gente doente e paranoica que tenta nos contaminar com suas maluquices e com tantas ideias contraditórias acerca dessa ou daquela divindade. “Doente” malvado é todo aquele que tentar contaminar outra vez os que estão em processo de cura.

Uma das frases mais bonitas e encorajadoras que podemos dizer uns aos outros numa nova jornada é: “você pode mudar sua vida! Você pode ser o senhor do seu destino se assim você o quiser! Quase tudo pode ser mudado e refeito...

Se existe algum tipo de plano divino por um ser “divino” para a vida do homem, esse plano seria que deixemos de ser trouxa, capachos de gente mal resolvida, ignorante ou mal intencionada que te enxerga apenas como objeto de lucro e poder e usa a ideia de deus e suas ameaças para tais propósitos!

Temos apenas uma vida curta, e vivemos maior parte dela sob medo, tensão e constantes ameaças causando sérios danos a nossa saúde física e mental, tudo isso baseado na ideia de um deus carrasco e tirano, insensível aos problemas dos homens, que deseja apenas ser venerado acima de tudo.

A paz e equilíbrio que procuramos não precisa ser financiada por 10% de tudo que ganhamos nem baseado na obediência cega a pessoas que em certos casos de conduta deplorável. Ela pode estar mais perto do que você imagina. Pensem nisso!

Saúde e sanidade a todos!

Texto de Antonio Ferreira, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

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