Os homens, à força de ouvirem que Deus existe, tornam-se crentes e, à medida que o repetem a si próprios, fazem-se beatos.
Deus é uma infeliz criação, difícil de aperfeiçoar. Enquanto as máquinas se melhoram, a partir da dúvida sobre a sua perfeição, Deus só pode piorar porque os clérigos garantem que é infinitamente bom e não admitem a discussão.
Com tal mercadoria minam-se as bases da civilização, perturba-se a paz, impede-se a solidariedade humana.
Deus não é apenas uma criatura pior do que o seu criador – o Homem –, e um troglodita incapaz de se regenerar, é o princípio do mal, o acicate de todos os ódios e crueldades.
Na base do racismo e da xenofobia está Deus na despótica inexistência, no seu demente primitivismo, um ser misógino e delinquente, manejado por fios invisíveis tecidos pelas religiões, através de prestidigitadores profissionais, os clérigos.
Deus e o Diabo são irmãos gémeos, filhos do medo dos homens, explorados em favor do clero.
As peregrinações são atos de insensatez coletiva em direção a locais onde os homens inventaram marcas de Deus, centros de exploração da fé e da superstição, locais de recetação onde se esbulham os crentes, para maior glória dos parasitas de Deus.
Se Deus existisse, os crentes ficariam satisfeitos por serem os únicos com direito a uma assoalhada no Céu e para gozarem o ócio eterno na companhia da fauna celeste. Assim, vivem cheios de azedume, com vergonha da sua estultícia, ávidos de converter os outros aos seus próprios erros e fazer deles infelizes, à sua semelhança.
Um mundo sem Deus, ou com muitos, seria certamente mais pacífico, mas a loucura das religiões monoteístas quer fazer do Planeta um antro de fanáticos, de um único Deus, uma perigosa quimera que ensandece os homens, os assusta e imbeciliza.
Deus é um déspota imprevisível com lacaios que não o discutem nem o deixam discutir.
Texto de Carlos Esperança
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