sábado, 4 de agosto de 2018

Se há cientistas crentes, logo a crença fica fundamentada?




Acho interessante que, com uma frequência incomodativa, refiram que há cientistas crentes, numa clara tentativa de aludir à falácia de apelo à autoridade, demonstrando que até pessoas supostamente inteligentes também são crentes. É realmente verdade que há alguns (uma minoria) de cientistas que se apresentam claramente como crentes. Só que separam de um modo bastante distinto, a sua crença da sua actividade profissional.

Se, como cientistas, fizerem experiências, teses, lançarem hipóteses ou proporem teorias com base na crença, serão desacreditados pela comunidade científica pois estariam a recorrer a algo não testável, o que entra em franca oposição ao método científico.

Se, como crentes, aplicarem o método científico à sua crença, ela desmorona-se, pois não sobrevive a um escrutínio empírico.

Como são, na sua maioria (entre a minoria que são), crentes porque foram ensinados a acreditar quando ainda eram crianças, numa idade em que nem sabiam distinguir entre a fantasia e a realidade, QUEREM manter a sua fé, por aprenderam a acreditar, gostam de acreditar e têm medo de deixar de acreditar.

E é por isso que NÃO tentam sequer questionar a crença com os seus métodos de análise do dia-a-dia. TÊM de separar as coisas, para poderem manter o seu amor pela actividade profissional e a sua crença. São, portanto, pessoas inteligentes, mas com a capacidade de DESLIGAR A RACIONALIDADE numa área específica, para poder manter a sua crença.


Texto de Rui Batista

Sem comentários:

Enviar um comentário