domingo, 19 de agosto de 2018

Ela mexeu com coisa errada, merecia morrer



Será que já foi instaurada a pena de morte no Brasil e não fomos informados?
Delinquentes, reincidentes e pequenos marginais tentando subjugar um povo.

Análise de um comportamento social doentio e negligente

Qualquer pessoa que mexe com “coisa errada” em nosso país, agora é digno de pena de morte nas mãos de pessoas inconsequentes? O que exatamente define “coisa errada” segundo o senso social comum?

Será que é somente o uso e comércio de entorpecentes que são aceitos como “coisa errada” de acordo com a concepção popular? Será que disfunção e corrupção no poder público que é a causa principal dos mais diversos males sociais também não é considerado “coisa errada”?

Será que o comércio da fé no intuito de obtenção ilegal por meio de coação psicológica para acumulação de divisas utilizando-se da ideia do sagrado também não é algo extremamente errado e que gera vários outros problemas colaterais?

Será que as alianças formadas por cleptomaníacos em diferentes níveis de poder público e privado no intuito de acobertarem-se uns aos outros também não é algo errado, vergonha e motivo de declínio da ordem civil organizada? Algo a se pensar...

Quando um jovem imaturo ou qualquer pessoa seduzida pelo uso e comércio de entorpecentes é brutamente assassinado, de certa forma a sociedade parece ser conivente com esse fato por que julga que esse seja um ato de justiça, pois considera que alguém “fez um favor” de eliminar do convívio social um “marginal”, um “ser das trevas”. Será que isso é totalmente verdade?

Enquanto isso, parte dos que são responsáveis por permitir por omissão ou por promover intencionalmente o caos para própria promoção posterior, são ovacionados, recebem altíssimos salários, alguns são chamados de vossa excelência, outros de “ungidos do senhor” e quase todos eles tem vários “parças” poderosos para se auxiliarem mutuamente quando necessário, e isso também é socialmente aceito e passa de modo desapercebido desde os mais antigos tempo.

Se todo o mau social de um povo fosse causado por um pozinho branco, uma pedra de composto químico ou uma erva cujo uso se perde nos milênios da civilização, isso seria muito fácil de resolver. Esse é um mal que poderia ser contido com um simples ato de cortar na fonte toda a produção inicial.

Acontece que na maioria dos casos, os grandes produtores ou fornecedores desses entorpecentes são de certa forma “sócios” ou “parceiros” de “gente grande” e fica bem mais fácil incriminar quem é pego com alguns gramas de pó, do quem é pego com um helicóptero cheio desse mesmo material.

Mesmo assim, o ópio mais perigoso que cultivamos e comercializamos é:

1-A fé cega em seres metafísicos quando nossas ações são desprovidas de ações benéficas equivalentes ao conceito de sagrado;

2- É a bajulação imensurável e continua de políticos, “celebridades” e autoridades em troca de benefícios pessoais ficando de joelhos para servir, idolatrar e enriquecer quem nada produz e tudo consome enquanto despreza os esforços dos que dão a vida para manter a ordem e produção social;

3- É a falta de revelia para manifestar-se no que é útil e coletivo e a produção desnecessária de manifestações em sua maioria fúteis no intuito apenas de defender causas puramente pessoais.

Entre outros, esses são os principais ópios que deveríamos combater com mais frequência. Esses ópios acima citado, aliados a hipocrisia em todos os níveis, faz com que idiotas estejam assentados em tronos enquanto sábios sejam tratados com chacotas e desdém. O ébrio e o tolo servirão sempre de mulas para os que cavalgam nas costas da ignorância social.

Para compensar essa perspectiva comumente aceita de ver o mundo, procuramos sempre um bode expiatório para levar nossos “pecados”. Enquanto isso, fica subentendido que foi dado pelas autoridades principais desse país a um grupo em particular, o poder de aplicar a pena de morte a quem julgar conveniente, principalmente em pobres e menos favorecidos e a quem são ofertados formas de “empregos alternativos”, como se fosse uma carreira invejável a seguir.

Acomodados em salas luxuosas em seus recintos super protegidos pela estrutura física do local, ou rodeados de seguranças pagos com o dinheiro do povo, os que criam ou aplicam as leis, em sua maioria não vivem a mesma realidade física de um cidadão comum, que se expõem todo dia no labor cotidiano para prover os recursos materiais necessários para suprir as necessidades dessa nação.

Duas realidades parece coexistir nesse ponto: a realidade metafísica dos que criam ou aplicam (se aproveitam) os pontos flexíveis na lei ou da lei, e os que vivem o efeito da lei ou a falta desta no seu labor diário.

E assim vamos levando a vida concordando silenciosamente que todos os que mexem com “coisa errada” (e não apenas estes) sejam sentenciados a pena de morte pelo cartel do crime...

Seja pela acomodação pessoal e social, seja pelo senso errado coletivo no conceito de fazer justiça aos que fazem “coisa errada”, vemos as mesmas cenas se repetindo rotineiramente.

Numa pequena cidade do interior ou em uma grande capital agitada, acho que todos nós já vimos quase que semanalmente a seguinte cena: uma pessoa caída ao chão, toda ensanguentada, agonizando, furada por balas ou de facas, ou quem sabe já sendo recolhido pelo IML num cenário semelhante ao de um filme de terror.

A princípio ninguém sabe se era um “bandido” ou uma inocente vítima deste. Uma suspeita coletiva começa a se instaurar de forma silenciosa. Todos querem dar palpites mas esperam que alguém tome à frente.

Durante esse instante, transeuntes se aglutinam, pessoas se cutucam, cochicham, conversam entre si e cada um dos que vão chegando fazem a mesma pergunta a um policial no local ou a outra pessoa que chegou antes, e com uma curiosidade peculiar perguntam o que aconteceu. A resposta é quase sempre a mesma apesar de não saberem realmente o que motivara tal ocorrência: “ele (a) mexia com coisa errada...” ou ainda: “pra morrer dessa forma, só podia estar mexendo com coisa errada” ...

Esse tipo de resposta parece silenciar qualquer interrogação. Uma boa parte dos amotinados se confortam com essa definição, pois em sua forma de pensar, naquele instante houve ali justiça e ao ver aquela vida se esvaindo daquele jeito pensam que a pessoa recebeu o que merecia independente se ali estava um usuário de pó que não teve como pagar a conta, ou se era uma pessoa de bem que fora confundida com um marginal.

Julgam que quem se mete com “coisa errada” deva pagar com a própria vida. Concordam indiretamente e coletivamente que traficantes, delinquentes, ou qualquer pessoa mentalmente desequilibrada tenham o direito de ceifar a vida de quem quer que seja como se os tais estivessem acima da lei. Concordam então que os tais podem sim “fazer justiça” quando e onde quiserem, da forma que desejarem.

Outras pessoas porém, sabem que ao pensar desse modo e se conformarem com esse tipo de respostas mecânicas e ações descabidas, estão entregando aos malfeitores o poder de prender, julgar, condenar e executar a todos quantos esses julguem “estar fazendo coisa errada”.

Fazer coisa errada...mais uma vez repito a questão levantada acima: o que seria exatamente isso? Que tipo de “coisa errada” dar direito a outra pessoa ceifar a vida de seus semelhantes como se fosse um supremo imperador das trevas? Que tipo “coisa errada” faz com que toda uma sociedade silencie e se acostume em ver semanal ou diariamente pessoas sendo julgadas e condenadas por um tribunal do crime? Existe um quarto poder em nossa nação e não sabemos? O legislativo, executivo e judiciário entregaram a esse quarto poder a decisão sobre quem deve morrer ou viver?

Que poder é esse? Tão forte, capaz inclusive de tornar coniventes membros de toda uma sociedade, tornando-os cumplices silenciosos daqueles que desejam ser os senhores supremo de um povo?

Será que é o poder do silencio? O afrouxamento das leis vigentes? A mal interpretação do conceito de “amor cristão”? A “blindagem jurídica” que alguns partidos políticos tem concedido aos “pobres miseráveis e coitadinhos, vítimas da sociedade”? Os direitos dos “manus”?

Algo estranho estar acontecendo...Em número bem menores no passado, os bárbaros do Norte fizeram legiões romanas inteiras ficar de joelhos quando estes queriam invadir seus territórios. Vivemos o oposto disso hoje, em que dois ou três marginais apenas, conseguem pôr em polvorosa toda a população de uma cidade, afetando todos os aspectos da vida urbana comum.

Na década de 30 e 40 por exemplo, tínhamos aqui no Nordeste, Lampião e seu bando tacando terror, mas logo receberam a paga pelo fruto do seu trabalho e foram silenciados para serem depois tidos como heróis por uns, e como sendo bandidos na visão de outros. Hoje, há pessoas que se especializam em defender aqueles que tem no ceifar da vida alheia uma diversão comum.

Quem sabe talvez nos falte a ideia de civilização, de sociedade, de seres interdependentes entre si que havia em povos “não civilizados”. Gente moderna com comportamentos antiquados (de rebanho) é o que estamos nos tornando.

Um povo que sai ás ruas constantemente para pedir democracia mas que em seu interior ainda nutrem pensamentos tribais, irá demorar décadas ou séculos para atingirem o estado harmonioso de conivência que tanto almejam. Não há democracia no individualismo nem há ordem onde a lei da selva é aceita de modo paralelo a uma constituição vigente.

As grandes nações que hoje se tornaram potencias mundiais não foram construídas no comum acordo de que pessoas comuns ou marginais exerçam o poder de polícia e juiz onde e com quem achar necessário. Como dito antes, esse fato de concordar ainda que de modo silencioso, que pessoas que “mexem com coisa errada” seja executadas por qualquer pessoa não parte apenas dos cidadãos comuns. Estes podem ser apenas o reflexo das decisões erradas ou inércia de seus governantes e vice-versa.

Mais revoltante ainda é concordar que gente de bem, crianças e indefesos venham ser vítimas de pequenos delinquentes, grandes marginais ou reincidentes, sem nada podermos fazer, enquanto vemos sair pela porta da frente sorrindo sob pagamento de fiança aqueles que deixaram várias pessoas a chorar. Não importa se a vítima foi fatal ou não, toda injustiça ou abuso contra outra pessoa deixam marcas que as vezes jamais poderão ser esquecidas.

Um homicida trancafiado por pelo menos 30 anos não poderá jamais causar outro homicídios enquanto estiver guardado. Um estelionatário que é obrigado a pagar todo o prejuízo financeiro ou moral a vítima desse engodo, não repetiria o mesmo ato duas vezes seguida. Um político corrupto obrigado a ressarcir cada centavo desviado dos cofres públicos jamais teria vontade se se reeleger ou passar até 4 décadas no poder.

Não importa a idade, todo homicida intencional deve ser isolado do convívio social por pelo menos 3 décadas e a depender da gravidade, nunca mais ser solto. Hoje, em nossa sociedade existe mais rigor para quem deu uma colher de pedreiro ou outra ferramenta para seu filho trabalhar, do que para quem deu uma arma para um menor cometer homicídios. O que estar acontecendo com nossa sociedade?

A mesma constituição que por enquanto é contra o aborto e a pena de morte em nossa nação por dizer ser a vida e a liberdade um direito de todos, peca nessa forma de aceitar que pequenos delinquentes ou marginais profissionais decidam por eles mesmos, quem deve viver ou morrer, quando esta na verdade deveria silencia-los já no primeiro ato. Para não serem vistos como cruéis, os nosso legisladores tem deixado que os marginais se anulem entre si. Só que até isso acontecer, 5, 10, 30 pessoas já foram vítimas desses com fatalidades ou prejuízos irreparáveis.

Se é pra ser instaurada a pena de morte no Brasil, que essa venha ser presidida por uma corte altamente preparada, seguindo os ritos que antecedem a execução, com direito inclusive que o “condenado” se dispersa de seus familiares ou coma uma última refeição pelo menos.

Como dito mais de uma vez, pelos fatos corriqueiramente noticiados, dar-se a entender que foi entregue de forma legal pelos que criam e executam as lei de nosso povo a um pequeno grupo armado, o direito de executar a pena de morte em nossa nação. Os critérios para tais execuções de forma alguma são baseados no direto e nas leis vigentes, mas em suas próprias leis.

Não estou interessado nesse momento, em defender a pena de morte em nossa nação. Estou apenas estou mostrando que ela já existe, e foi entregue ao cartel do crime e as pessoas com os níveis mais baixos de consciência, honra e preparo psicológico para exerce-lo.

Não quero também com essas linhas defender os “direitos dos manos”, que aos montões executam uns aos outros e brigam entre si por territórios, no intuito de comercializar os produtos e serviços por eles oferecidos. Chamo à atenção também a respeito da elegibilidade legal partidária e permanência em cargos públicos daqueles que de modo descarado e indiscreto levantam bandeira em defesa dos “pobres e coitadinhos, vítimas da sociedade”, como se apenas esses entre 200 milhões de pessoas em nossa nação, tivessem passado ou passam por algum tipo de dificuldade financeira ou na família, como se o causar prejuízos a outros fosse a única forma de compensar o “sofrimento” que passaram.

Os que defendem abertamente o direito à vida e liberdade de pessoas tidas como “vítimas da sociedade” e fazem pouco caso dos que são executados ou sofrem percas constantes causadas por esses mesmos marginais, deveriam ser enquadrados na mesma situação que eles, mesmo estando bem vestido ou não usando armamentos pesados para cometer delitos coletivos.

Chamo a atenção nesse texto para levantarmos os seguintes questionamentos acerca da violência diária que estamos expostos e sobre os seus defensores.

Se o poder de polícia e de executor de uma sentença pode ser aplicado por qualquer pessoa sem preparo psicológico ou jurídico estamos desrespeitando nossa constituição e destruindo tudo o que levamos séculos para construir.

Então nos façamos outras perguntas:

1-É cabível que uma pessoa de bem, vítima de um assalto, estupro ou grave ameaça passe a se esconder do seu malfeitor e viver constantemente com medo deste? É de concordância de todos que isso continue assim? Não deveria ser o contrário disso?
2-É cabível que uma pessoa que causou prejuízos a outra pessoa venha pagar fiança ao estado para poder ser solto? Não deveria ser a tal fiança paga em valor igual ou superior a quem sofrera o prejuízo pelo bandido ou que a família dessa vítima viesse ser ressarcida por este de alguma forma? Causar prejuízo a um indivíduo em particular e pagar fiança para ser solto ao estado é semelhante a uma pessoa que ofende e machuca outra durante todo o dia, e a noite vai orar pedindo perdão a deus pelo que fez, e não ao que sofrera os impropérios. Ou seja: não adianta nada!
3-É cabível que somente os que morrem em presídios ou em confronto com a polícia venham ser indenizados pelo estado? E os que foram mortos, ou sofreram prejuízos por esses também não deveriam ser já que a lei é para todos? É cabível que a sociedade leve nas costas o peso de toda essa injustiça? 

Pelas perguntas feitas a nós ou a outros se ascenderá a fagulha que impulsionará as respostas e busca pelas soluções. Essas por sua vez se vierem acompanhadas de ações ou pelo menos de um inconformismo profundo, uma verdadeira revolução se iniciará. É pelo comodismo dos bons que o império dos maus prevalece!

Toda revolução ou movimento social transformador tende a fracassar quando uma mudança interna ainda não ocorrera na mente dos “revolucionários”. Estes por sua vez, poderão ser apenas massa de manobra nas mão de qualquer pessoa para o fim que bem entender se não estiverem cientes dos propósitos de uma mudança.

Grandes mudanças sociais aconteceram quando a constatação de um problema veio acompanhado de um profundo desejo de mudanças e ação para inicia-las.

Um povo corrupto atrairá governantes corruptos. Um povo conivente deixará que líderes abusivos e relaxados se estabeleçam. Um povo que muda sua própria postura mudará também o comportamento dos que os governam.

Reflitamos sobre isso. Saúde e sanidade a todos!

Texto de Antonio Ferreira, graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

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