Imagina que tu conheces alguém que acreditava fortemente que havia uma criatura vivendo no seu sótão. Uma criatura que viu cada um dos seus movimentos e poderia influenciar a sua vida para melhor ou para pior. E ele acreditava que esta criatura precisava ser apaziguada de modo que realizava rituais regulares como cantar e louvar.
Naturalmente, tu serias céptico. Tu irias gostar de descobrir se havia alguma verdade nessa sua crença. E a tua conversa poderia ser algo como isto:
Tu: Podes mostrar-me essa criatura?
Ele: Não. Não posso fazer isso. Não pode ser vista.
Tu: Então, como é que tu sabes que ela está lá no sótão?
Ele: Eu ouvi-a. Ele fala comigo e eu respondo-lhe.
Tu: Ok, eu posso ouvir a vossa conversa?
Ele (balançando a cabeça): Não. Não funciona assim. Tu tens que acreditar que é real antes que possas falar com ele.
Tu: Mas como é que eu posso acreditar que é real se eu não posso vê-lo ou falar com ele, e apenas tenho a tua palavra que ele está lá?
Ele: Oh, é definitivamente real. É tão real para mim como tu estás aqui e agora.
Tu: Eu entendo que tu acreditas, mas como posso acreditar tendo apenas a tua palavra?
Ele: Tu podes duvidar de mim, mas não podes provar que ele não está lá em cima, ou podes?
Tu: Eu acho que não posso ...
Ele: Tens que ter fé. Junte-te a mim nos meus louvores diários e logo tu vais acreditar também. Tu verás a luz e tua vida será alterada. Essa é a única maneira!
......................................................................
Se esta história te parece um tanto louca e familiar, tens razão, pois ela é. Há apenas uma diferença entre o personagem desta história e os milhares de milhões que acreditam em deuses invisíveis. A diferença é que o interlocutor da história acima, é a única pessoa que acredita na criatura invisível no seu sótão.
Por causa disso, não só não acreditarias na sua história, mas também concluirias que ele precisava de ajuda profissional para a sua desordem psicológica delirante. E tu estarias certo!
Esta história ilustra a verdadeira natureza das religiões. As religiões são desordens delirantes institucionalizadas. É por isso que eles tentam tão fortemente se certificar de que todos são crentes, pois cada descrente é uma ameaça! Quanto mais descrentes há, mais os crentes que estão mais próximos, começam a ficar como o homem nesta história: indivíduos isolados acreditando em coisas altamente improváveis que não podem ser evidenciadas como verdadeiras.
As religiões empregam várias técnicas para nos desviarem desta conclusão tão óbvia. Mais importante ainda, eles ensinam as crianças a acreditar numa idade quando são impressionáveis e acríticas, a chamada doutrinação. Os líderes religiosos também costumam usar roupas espalhafatosas ou impressionantes, e afirmam ter um relacionamento privilegiado com essa sua criatura invisível.
Assim, eles procuram isolar as suas crenças fantasiosas e não fundamentadas, da crítica. Tentam promulgar o respeito pelas crenças religiosas, como uma norma cultural. Às vezes, eles ainda procuram tornar a crítica às suas crenças religiosas, como uma ofensa legalmente punível.
Não consigo pensar em nada mais condenatório da crença religiosa do que a existência das leis de blasfémia. É uma admissão de que essas crenças são tão frágeis e indefensáveis que deveria ser um crime desafiar a sua verdade ou realidade.
A verdade e a realidade não precisam ser defendidas por lei. Eles podem cuidar de si mesmas.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell