A visão de mundo do crente começa com a premissa de que existe um domínio no qual seres invisíveis agem, seres que podem ser malévolos ou benévolos. Existe um panteão inteiro de tais seres (mesmo em religiões que são nominalmente monoteístas), e eles possuem poderes para fazer coisas que normalmente consideramos impossíveis. Por exemplo, eles podem ouvir os nossos pensamentos ou colocar pensamentos nas nossas mentes, e podem controlar o nosso comportamento, tornando-nos espectadores desamparados dos nossos próprios actos.
Alguns desses seres podem voar ou até estar em toda parte ao mesmo tempo. Alguns deles podem prever o futuro perfeitamente, portanto, eles sabem tudo o que tu farás, milhões de anos antes de tu nasceres, se for preciso. Alguns têm o poder de mover montanhas ou mesmo criar estrelas do nada. Alguns deles podem, magicamente, criar vida a partir do pó, ou fazer com que as coisas existam apenas pensando na sua existência.
Alguns desses seres observam-nos e julgam-nos, 24 horas por dia, seja o que for que estivermos a fazer...
Alguns humanos têm a capacidade de recrutar seres do reino invisível para fazer as suas jogadas. Se um desses humanos for teu inimigo, tu viverás com medo - o que fará ele? Será que ele te vai tirar a vida, ou matar os teus filhos, ou envolver-te num acidente automóvel? Tudo é possível.
Tu és capaz de supor que pensamentos sombrios como esses, seriam encontrados apenas em cérebros de esquizofrênicos paranóicos, mas estarias enganado. Este é um preço que cristãos, muçulmanos e outros, pagam diariamente.
Não há nenhuma evidência de que qualquer uma dessas criaturas realmente existe, mas há outra coisa que torna essa visão do mundo ainda mais preocupante. É comum os afectados acreditarem que ouvem ou lêem mensagens desses seres invisíveis.
Às vezes essas mensagens são inócuas, mas às vezes não são. Às vezes, essas mensagens resultam em danos à pessoa ou a seus filhos. Nos casos mais notórios, a pessoa pode acreditar que deve atacar outras pessoas ou até matá-las.
Essa visão do mundo é perpetuada através de estórias, passadas de pais para filhos. Muitos pais sentem a obrigação de fazer com que os seus filhos acreditem nessas estórias, usando qualquer meio que seja necessário.
Em resumo, a visão do mundo do crente, é acreditar por toda a vida nas estórias que lhe foram contadas quando era criança, independentemente de serem absurdas, imorais e não haver provas que realmente aconteceram.
Como ateu, a minha visão do mundo é muito mais simples. Começa com a premissa de que eu deveria tentar acreditar apenas em coisas que são verdadeiras, portanto, eu sou um cético. Eu exijo provas sólidas e lógica válida, antes de acreditar em alguma coisa importante. Isso significa que muitas vezes tenho que me contentar com a incerteza e estar preparado para mudar de ideia quando novas descobertas são feitas.
Como consequência, não acredito que o panteão dos personagens invisíveis seja real. Eu não ouço vozes na minha cabeça e não perco o sono, perguntando-me se seres voadores malévolos estão a conspirar para arruinar a minha vida.
Eu não tenho que forçar os meus filhos a acreditar em estórias incríveis, em vez disso, eu encorajo-os a aprender o máximo que puderem, a fazer perguntas e a contestar cada afirmação que ouvirem - incluindo qualquer alegação que eu possa fazer.
Há quem diga que todas as visões do mundo são igualmente válidas, mas não são. Algumas estão enraizadas no nosso passado ignorante e supersticioso, e são francamente ridículas. E algumas não são.
PS.: Nem todos os crentes acreditam em todos os aspectos da visão do mundo que descrevi aqui, mas alguns acreditam.
Traduzido e adaptado de Bill Flavell
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