domingo, 29 de julho de 2018

Se deus não existe, qual o propósito da nossa vida?




Quando um crente me perguntou: "Então se deus não existe, porque é que existimos e qual é o nosso propósito?", eu respondi:
"Não, não há um propósito pré-definido para a humanidade. Nós estamos aqui porque o planeta em que estamos reuniu as condições para que estivéssemos. Foi uma sucessão de eventos naturais que podem parecer extraordinários mas que, à escala cósmica até podem ser relativamente comuns."

O planeta teve milhares de milhões de anos para acumular uma sucessão de eventos que certas vezes resultaram em coisas positivas para o surgimento da vida outras vezes em coisas negativas para o surgimento ou manutenção da vida. Relembro as extinções do período Ediacarano, do período Cambriano-Ordoviciano, do Devónico, do Permiano, do Jurássico, etc, etc.

Quem não aceita a evolução esquece sempre esta variável importantíssima: o tempo.
São milhares de milhões de anos de "tentativa e erro" perfeitamente naturais, sem intenção consciente.
Somos o resultado desse processo.
E quanto ao propósito da vida...
Cabe a cada um encontrar o seu.

Procuramos sentir-nos bem.
Portanto, devemos fazer o possível para estarmos bem, confortáveis, perpectuando a nossa vida ao máximo, perpectuando os nossos genes.
Sem que isso entre em conflito com os outros que pretendem a mesma coisa.
A coexistência pacífica entre todos deve obedecer aos valores morais e éticos da época, sociedade e leis em que vivemos.

A ética e a moral são valores adquiridos por evolução, com origem em relações de mutualismo ou de simbiose dos nossos antepassados que, quando aplicados ao macro-cosmos da sociedade de indivíduos da mesma espécie resultavam em situações de inter-ajuda ou que simplesmente favoreciam a vida em grupo e, em última instância, potenciavam a proliferação da espécie.

Este tipo de comportamentos pode ser observado noutros animais (em particular nos mamíferos). Leoas que cuidam e alimentam as crias de outras leoas, cães da pradaria que ficam de vigia e avisam os outros quando um perigo é detectado, primatas que organizam caças em grupo para alimentar o bando, etc.

Este tipo de situações básicas, por comportamento repetitivo e por verificação dos resultados positivos que daí adviriam, por puro bom senso, deram origem a um conjunto de regras que podemos classificar de "regras de conduta". Coisas como "aquilo que é bom para todos e acaba por ser bom para mim, deve ser repetido e incentivado" ou "se eu fizer isto, existe uma repercussão que é negativa para mim ou para os outros (e em última instância, para mim, por ser mau para os outros), portanto devo evitar fazê-lo", etc.

Portanto, usando esses valores, o nosso propósito é simples:

Fazer o melhor possível para termos uma boa vida, proporcionar uma boa vida aos demais, e garantir a melhor vida possível a gerações vindouras (não destruindo o planeta), uma vez que estamos, para já, isolados nesta "ilha" esférica que viaja no espaço.


Texto de Rui Batista

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