Respeito os crentes, sim.
Não respeitar os crentes seria estar a fazer algo para impedir de acreditarem no que querem acreditar.
Ou seja, se eu lutasse por leis que impedissem a expressão pessoal ou o direito à crença.
Ou se eu lhes infligisse alguma penalização física para os impedir de acreditar ou para retaliar o facto de acreditarem em algo.
Mas não.
Eu respeito o direito de cada qual acreditar no que quiser, por muito idiota que seja aquilo em que acredita.
Não só respeito esse direito como defendo esse direito.
Mas não tenho de respeitar as coisas estúpidas em que as pessoas acreditam.
Há quem acredite que se devem mutilar genitalmente as crianças (circuncidação ou ablação do clitóris). É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Há quem acredite que há raças ou etnias que são inferiores e outras que são superiores. É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Há quem acredite que quem não acredita nas mesmas coisas que ele, deve ser morto. É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Há quem acredite que durante um período de tempo que considera "sagrado" as outras pessoas têm de alterar os seus hábitos de vida e fazer apenas aquilo que lhes é permitido por aqueles que cumprem esse período de tempo que acreditam ser "sagrado. É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Há quem acredite que as mulheres são inferiores aos homens e deve obedecer-lhes cegamente. É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Há quem acredite que existem seres mágicos e invisíveis com os quais é possível falar em pensamento e que se devem convencer as outras pessoas que isso é verdade, apenas de não se poder demonstrar que é verdade. É uma crença estúpida e eu não a respeito, apesar de compreender e aceitar que há quem acredite piamente nisso.
Eu apenas sei que os crentes acreditam numa mentira e exerço o meu direito de o dizer.
Acreditam em idiotices e estão no seu direito de o fazer.
E eu, que sei que acreditam em idiotices, estou no meu direito de o dizer.
Texto de Rui Batista
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